1ª lição: nada de ciúmes... Ele é um cachorro mesmo.
- Como assim “eu não fiz nada”, ? – gritava eu me descabelando.
- Mas eu realmente não fiz nada – disse ele calmamente, com um tom de injustiçado. – , fica calma e me explica o que aconteceu.
FICAR CALMA? Como ele quer que eu FIQUE CALMA?
- EU VI! Eu vi você olhando pra aquela piranha corvinal.
- Mas... Olhar não tira pedaço, !
Eu não sei o que aconteceu comigo em seguida, mas acho que me descontrolei.
É... Eu comecei a chorar.
- Como assim não tira pedaço, ? – eu disse com a voz mais mansa. – Você não vê?
- Vejo o quê, ?
- Nada, ! N-A-D-A!
Eu saí correndo que nem uma louca, desabalada pelos corredores. Algumas vezes eu ouvi um murmúrio de pessoas dizendo: “Aquela não é a namorada do ?” ou “Ela está chorando por quê?”
Entrei correndo pelo quadro da mulher gorda e me dirigi até uma mesa, onde estava.
Eu não precisei falar nada pra que ela soubesse que eu precisava dela. E nem ela me perguntou nada até que nós estivéssemos seguras no dormitório. Eu amo a minha amiga.
- O que aconteceu, ?
- O é um idiota!
- Isso eu já sabia – eu ri desse comentário – e você também.
Aquilo era uma dica pra eu continuar a falar, se quisesse.
- Ele tava olhando pra Addams, sabe aquela que tem uma fama de mulher de vida fácil? – fez que sim. – E eu fui falar com ele e sabe o que ele disse PRA MIM? – fez que não. – Ele disse que olhar não tira pedaço!
- – começou ela calmamente – faça os meninos olharem pra você.
Eu fiz cara de quem fingia que não entendia, mas o problema é que eu entendia muito bem o que ela dizia. E, antes que meu cérebro pudesse formular alguma resposta decente, uma voz (muito) conhecida me chamou lá debaixo da escada.
- ! !
Eu olhei pra como se pedisse socorro, mas ela sorriu satisfeita e fez sinal pra que eu levantasse. Com um floreio de varinha, lá estava eu. Um vestido preto, cintado, curto demais para os padrões de , e sabia disso. Uma faixa pequena amarrada no pescoço, um sapato que eu não sabia da onde tinha vindo, preto e prata, meus cabelos ondulados pareciam ter ganhado um pouco de brilho e, quando me olhei no espelho, havia lápis no meu olho e uma leve camada de gloss nos meus lábios.
Eu olhei para , assustada, mas ela apenas sorriu, satisfeita, e desceu.
Eu ouvi a , já lá embaixo, falar com o .
- A não quer ver você, . Lamento. – mas após isso deu uma pequena risada, talvez pela cara dele. Não sei, não posso ver nada da minha cama, sabe?
- Dá uma ajudinha vai! – pediu ele. – Deixa de ser má, ! Me ajuda a subir.
Pelo jeito ela havia aceitado, porque logo depois ouvi passos. Então... Atuação!
Corri pra frente do espelho antes que a porta abrisse. Pude ver a cara dele refletida no espelho enquanto eu fingia tirar um borrado do lápis de olho.
Talvez, agora, eu tivesse mais motivo pra rir que a .
Parado, na porta ainda aberta, estava um com cara de idiota abobalhado.
- Eu pensei ter dito que não queria ver você – eu disse com certa dificuldade de me convencer daquilo.
Eu ainda estou tentando entender como eu, , poderia dizer que não quero ver .
- E me privar da visão do paraíso – disse ele sorrindo, mas a feição dele de repente mudou. – Onde você pensa que vai assim?
- Passear! – exclamei eu, feliz
Peguei uma bolsa preta que havia deixado em cima da cama antes de sair. Andei até a porta e me voltei para , sorrindo e dando tchauzinho.
- Tchau, – isso soou irônico.
tentou me seguir, mas, mesmo com aquele maldito salto, eu consegui me adiantar bastante.
Só que ele me alcançou... Na altura do salão principal. E foi bem agradável.
- O que você ta olhando? – perguntou ele, já com a mão na minha cintura, pela milésima vez. Agora a vítima era um corvinal abusado.
- Nada – respondeu o corvinal –, só essa preciosidade que você tem aí.
avançou perigosamente para o garoto, mas eu já tinha engatado um papo com o garoto mais próximo. Severo Snape. É claro que isso deixou o furioso.
Estava eu lá, no meio de um papo suuuuper interessante com o Jordan, batedor da sonserina, quando senti uma mão me puxando pelo pulso.
Bom... Na verdade, estava esmagando o meu pulso.
Subimos várias escadas, e quando me dei conta estávamos no 7°andar. me arrastou de um lado para o outro indo e vindo e indo novamente. Do nada, uma porta abriu e ele me puxou pra dentro.
Okay... Agora eu estou com medo. , dominado pelo que eu chamo de ciúme excessivo, me levando pra um lugar onde ninguém poderia nos ouvir, ou seja, ele vai me matar pra me proteger de olhares e conversas de terceiros (ou, quem sabe, pra se proteger de um chapéu inconveniente que eu poderia por na cabeça dele).
- Mocinha! - como assim mocinha? Ele tá parecendo meu pai! - Por que você se vestiu assim?
Certo... Uma resposta decente é o que eu preciso agora.
- Porque eu queria vestir algo diferente.
Ele pareceu pensar por alguns segundos.
- Vem cá!
Eu cruzei os braços e me apoiei numa penteadeira, bem longe dele.
- Por quê? – perguntei.
- Porque eu sou seu namorado - ele deu três passos -, e se os outros garotos tem direito de olhar e comentar, SEM a minha permissão - eu dei um pulo e ele continuou a andar em minha direção -, eu tenho direito de pegar - ele pôs a mão na minha cintura -, agarrar - me puxou pra perto dele -, e beijar - e me beijou.
- Você está se roendo de ciúmes, não está?
Ele não disse nada. Eu levei como um sim.
- Agora você entende o que eu senti quando você olhou pra Addams? - ele sorriu. Finalmente entendendo aquilo tudo. - Que bom!
Eu o abracei.
- Você que podia se vestir assim mais vezes - disse ele com o sorriso maroto que um dia eu odiei.
- Mesmo? - perguntei
- É - confirmou ele. - Mas só quando você for se encontrar comigo.
Eu ri. Ele me beijou. Sabe que ele não é um namorado tão ruim assim? Só é um pouco ciumento demais, é claro. Mas... Eu gosto dele.
- Ah! - exclamou ele do nada, me dando um susto. - Nada de conversas amigáveis com o Jordan pra você!
- Vai me proibir, é?
- Não, só não acho que a namorada do grande, lindo e maravilhoso tenha que se rebaixar pra falar com o ser que frita ovos no cabelo.
- Besta! Bobo! Cha... - ele me calou com um beijo.
Babaca. Ele nem quer me levar pra dar uma volta na moto dele de novo! Vê se pode? E antes que a consciência volte a me atormentar (ela tá bem quietinha desde que eu comecei a namorar com ele) eu amo esse babaca sim. Sabe como é, né? Os opostos se atraem.