Capítulo Um
O novo milênio começou já ameaçado de morrer na praia. Nos seus primeiros anos, as catástrofes naturais, muitas em resposta à própria degradação causada pelo homem, aconteciam e devastavam o mundo. Em algum momento, já não se sabia dizer o que era inverno ou verão. O tempo mudava drásticamente e já não se tinham mais climas agradáveis.
Então, houveram tratados de emergência. A Europa toda estava em pânico, pois o seu clima parecia ser o mais afetado. Enquanto os cientistas previam que o tempo iria esquentar, na Europa, principalmente Inglaterra e Portugal, o tempo esfriava e aquecia de uma hora pra outra. 40 graus de diferença, de uma noite para outra, era a média. Mas, os EUA não se importavam. O resto do mundo que se exploda, eles estavam faturando. Quanto mais dinheiro, melhor, não lhes importava quantas vidas estavam sendo afetadas.
Eles colocaram a corda no próprio pescoço.
A terra da rainha já jogava indiretas há anos, para ver se eles acordavam. Então vieram as ameaças. Estavam à beira de uma guerra. Uma guerra para sobreviver. O mundo todo contra os EUA.
Mas, somos mortais e não podemos parar por estarmos à beira da guerra...
A medida mais drástica da história estava prestes a ser tomada. Uma medida a favor da vida, contra a ganância. E apenas aqueles que tivessem contato direto com algum dos países da Europa ou da ásia ou os nativos desses continentes sobreviveriam.
E era aí que elas estavam. As mulheres mais bem-sucedidas da década. E apenas uma delas já havia completado 25 anos. Era incrivelmente extraordinário todas se conhecerem desde a adolescência, terem seguido caminhos diferentes, continuarem amigas e igualmente bem-sucedidas.
tinha completado 24 há pouco tempo, mas era a arqueóloga de maior sucesso e, consequentemente, a mais bem paga. Aos 19 anos, coordenou sua primeira expedição ao Egito. Aos 22, encontrou coisas que muitos homens sonharam em encontrar antes: o mapa de atlântida e escritos antigos, em egípcio e em atlantis, que comprovavam científicamente a existência da mesma.
já havia trabalhado para a NASA nos EUA por algum tempo, mas não conseguiu se manter por lá. Voltou para o Brasil xingando-os para quem quisesse ouvir. Dias depois, o governo britânico contratou-a para trabalhar em lançamentos no seu próprio país. Hoje, aos 23 anos, ela chefia a base brasileira.
gostava do que fazia. Talvez, por isso, tenha subido tão rápido. E em seus 22 anos, era produtora musical, organizadora de eventos, empresária e, nas horas vagas, hacker de plantão. Já estivera organizando alguns eventos na terra da rainha. Tinha contatos lá e, sempre que podia, viajava.
, beirando os 25 anos, era uma das jornalistas mais procuradas no mundo todo. Ela e , a única das cinco que havia completado os 25 anos, -que também era escritora e tinha dois de seus livros na lista de best-sellers - escreviam, editavam e chefiavam revistas, noticiários e reportagens no mundo todo. Principalmente no Brasil e na Inglaterra.
já havia sido premiada duas vezes, por reportagens, uma acompanhada por .
Era incrível todas serem amigas e era ainda mais incrível todas reservarem duas tardes por mês para se encontrarem e fazerem o que mais gostavam: tocar.
E como todas tinham sua dupla nacionalidade, Brasil-Inglaterra, bastante aceita, foram convidadas a 'viajarem' urgentemente para lá, sem especificação motivos.
e estavam no quarto da última tentando acertar os acordes de uma música recém-criada. O silêncio era constante na casa e ele só era quebrado pelas notas perfeitas tanto do violão quando as vocais.
- Você não acha que seria melhor eu esperar lá na frente? - perguntou, após uma nota que havia dado errado. Elas estavam na casa que 'dividiam', embora quase nunca as cinco ficassem juntas ali.
- Não, elas tem a chave! - lhe respondeu. Era dia de ensaio e só as duas haviam chegado. Como sempre.
- Mas... Sabe, elas estão trinta minutos atrasadas! Elas nunca atrasaram tanto! - , como sempre, era a primeira a chegar e a mais impaciente.
- ... Relaxa e goza! Puts... Elas sabem o caminho!
- Mas... Ah! quer saber? Fica aí! - Ela passou pelas malas sempre prontas do quarto de . Como eram jornalistas e sempre estavam viajando, as duas mantinham as malas sempre arrumadas - Eu vou esperá-las à porta.
- ! – Ela a chamou, mas não obteve resultado.
, bufando, abriu a porta e se deparou com um dos assistentes do consulado britânico no Brasil.
- Ah, Oi Teddy! – Ela disse, sorrindo. logo apareceu por trás dela, cumprimentando-o também.
- Infelizmente, meninas, hoje a visita não é cordial – Ele disse.
- Ah, o que houve? – perguntou.
- Peguem o necessário. Vocês vão viajar urgentemente para a Inglaterra.
- Teddy? – perguntou – É só isso que você pode dizer?
Ele abaixou a cabeça, visivelmente transtornado.
- Risco nuclear. Desculpe. É capaz de vocês nunca mais voltarem pra cá.
e se entreolharam.
- Mas... e as outras?
- Já estão embarcando. Encontrei-as vindo pra cá. – Ele disse – Por favor, não demorem! Olhem... - ele tirou dois papéis do bolso – Digam seus nomes no portão de embarque três e entreguem isso – sacudiu os papéis – à qualquer taxista britânico. Eles vão levá-las às casas onde vão ficar. – entregou o papel à garota – e – entregou-lhe também. – Vocês tem trinta minutos pra sair de casa.
- Saímos em cinco. – disse – Nos espera?
Capítulo Dois
chegou em Londres, esperando encontrar neve. Encontrou-a, derretendo e sem nenhum sinal de que iria nevar.
- Deveria estar nevando, droga! - Ela disse, ainda em português, saindo do aeroporto e tirando três dos casacos. - Maldito efeito estufa! - disse, ao chutar uma lixeira.
Suspirou. Havia amanhecido há pouco. Assobiou.
- TÁXI! - gritou.
Um táxi parou e ela entrou pelas portas traseiras. Abriu a carta e entregou ao motorista, quando ele voltou a entrar após colocar as malas no porta-malas. Ele disse alguma coisa, mas ela não estava prestando atenção. Estava pensando na catástrofe que aconteceria nos próximos dias.
Então ela se deu conta do que estava fazendo. Estava deixando a sua terra natal, seus familiares e amigos para trás por ter sido classificada como digna de proteção. Não se sabia o que poderia acontecer às Américas Sul e Central. Mas, sem dúvidas, haveriam seqüelas.
E então, ela ligou os fatos. Desde a sua adolescência, ela ouvia falar sobre a Europa estar replantando mudas de plantas que haviam somente na Amazônia. Há algum tempo atrás, ela se recordava, havia feito uma reportagem sobre estarem transferindo animais para as pequenas florestas criadas nas poucas fazendas que ainda existiam por lá.
Suspirou, deixando uma lágrima rolar pela face. É, há muito planejavam isso.
- Senhorita? - chamou-a, algum tempo depois, já que havia desistido de conversar quando a vira chorando - Chegamos, senhorita!
secou o rosto de qualquer jeito, com as costas das mãos. Levantou-se, saindo do carro e foi ao porta-malas pegar as coisas que o motorista. Ele lhe apontou a casa, que lhe parecia grande e confortável.
Ela se dirigiu até a casa, tentando carregar as malas e parar de chorar. Tocou a campainha, de cabeça baixa. Esperava que uma senhora gorducha a atendesse e a fizesse comer de tudo que tivesse na casa, como se fosse esfomeada. Mas não foi exatamente isso que aconteceu.
- Olá? - Um rapaz um pouco mais velho que ela, abriu a porta.
Ainda de cabeça baixa, ela tentou esboçar um sorriso.
- Tá tudo bem? - continuou perguntando.
Ela olhou pra ele, deixando-o ver o rastro de lágrimas e a pouca maquiagem borrada. Ela levou um susto, ao reconhecê-lo, mas manteve-se.
- Se está tudo bem? - perguntou, por demais irônica, com os olhos marejando - Eu, talvez, nunca mais veja o meu país, A América vai ser devastada, destruída e enterrada. Milhões de pessoas irão morrer, inclusive parentes e amigos meus, sem que eu possa fazer nada. - ela havia voltado a chorar desesperadamente - E você ainda me pergunta se está tudo bem?
Espantosamente, ele a abraçou, tirando as malas das mãos dela, ao mesmo tempo que a puxava para dentro da casa. Largou as malas de qualquer jeito e a puxou mais para si. Ela, sentindo-se confortada, deixou-se soluçar enquanto ele, desajeitado, passava as mãos pelo seu cabelo.
Ficaram uns cinco minutos assim, antes dela se recompor e se soltar do abraço. Ele limpou algumas lágrimas dela com o dedão, a fazendo sorrir.
- Tá tudo bem agora? - perguntou.
Ela negou.
- Mas vai ficar. - disse, e foi a vez dele sorrir.
- Eu sou... - ele começou, mas ela o cortou.
- Eu sei - disse e riu da cara que ele fez - eu escuto vocês desde a adolescência, acho. Eu sou...
- Minha vez, né? - ele riu, cortando-a - tenho livros seus. Mas vamos fazer isso direito - Estendeu-lhe a mão - Harry Judd.
Ela riu.
- - riu, fazendo o jogo dele, apertando a sua mão.
Ela fungou.
-Não vai chorar de novo, vai? - ele perguntou, sorrindo.
- Vou tentar não... Ah! Desculpa pela camisa - disse, de repente.
Ela havia encharcado a camisa dele com suas lágrimas.
- Ah, que isso! Não foi nada, linda.
Ambos sorriram.
- Hum... Harry?
- Hum?
- Está passando algo... você sabe... na TV?
- Ah, não. Eles só avisaram pra quem teria que abrigar pessoas.
Ela fez que sim e olhou pela janela. A pouca neve que tinha, já havia derretido, formando grandes poças. Harry acompanhou seu olhar.
- Esperava neve, não é? - perguntou. Ela confirmou com a cabeça - Daqui há alguns dias, neva novamente. Mas, entre uma nevada e outra, o calor é insuportável.
- Quantos graus? - ela perguntou
- Chega a 35º, às vezes. - Harry disse, como se fosse muito quente.
- Você sabe o que é calor? - ela perguntou - No Brasil, estávamos chegando à quase 50º, às vezes. No Rio, pelo menos. 40º é quase normal. E chovia, chovia muito. Não temos neve, só no sul.
Ela havia entrado em transe, de novo. Ele, um pouco espantado por ela não ter ligado para o inferno que estaria à noite, olhou pra ela.
- Não devem atacar o Brasil, - disse, tentando confortá-la - Vocês têm a Amazônia! - ele exclamou, a fazendo sorrir - Só tiraram vocês de lá, por precaução.
- É, eu sei. - e suspirou - Espero poder voltar pra casa, ainda.
- Hum... Quer dar uma volta?
Não é arriscado com toda essa neve derretendo?
- Não! Que nada! - Harry riu - Você está com o melhor motorista de todos os tempos!
Ding - Dong
Tom estava assistindo TV há mais de uma hora. Tinha esperanças de que falassem algo no noticiário. Levantou-se, vagarosamente, e abriu a porta.
"Ah, que ótimo! Uma garota!" - pensou, irritado.
Não havia se aproximado de nenhuma garota desde que havia se separado de Giovanna, há um ano.
- Hum... estou na casa certa? - a garota perguntou, um pouco irônica.
- Ah! - Tom acordou de seus devaneios - Está, acho. Perdão. - e deu espaço para ela entrar - Sou Tom Fletcher!
A menina largou a mala para apertar a mão dele.
- , mas prefiro que me chame de .
- Vou te chamar de . - disse, como se pusesse fim na conversa.
- Er... Eu não gosto muito que me chamem...
- Melhor ainda! - falou, rabugento - O que você quer fazer ?
Ela o ignorou, fingindo prestar atenção nas malas. Ele logo desistiu de esperar por uma resposta e voltou para o sofá. o seguiu.
- Quero assistir ao Scooby Doo! - disse, tirando o controle das mãos de Tom.
- Deixa de ser abusada, garota! - ele arrancou o controle da mão dela.
- NÃO! É O SCOOBY! - ela disse, desesperada, apontando pra TV.
Ela voou pra cima dele, tentando tirar-lhe o controle.
Após 5 minutos de luta árdua, ela estava por cima dele, com os braços esticados acima da cabeça de ambos, o controle pendendo perigosamente além do braço do sofá. Numa investida forte dele, o controle caiu no chão e eles rolaram além sofá.
- Ai! - reclamou ela, de olhos fechados, sentindo o corpo bater no chão e o corpo de Tom em cima dela. Abriu os olhos, pronta para xingá-lo de todos os nomes possíveis.
Encararam-se pela primeira vez. Ele aproximou o rosto do dela, deixando que os narizes roçassem, docemente, e a beijou.
O controle jazia quebrado à alguns metros deles. Mas ele não era mais importante.
Não, ele não importava. Ou será que importava?
Tom encerrou o beijo, enquanto ainda se mantinha de olhos fechados. Quando ela abriu os olhos, encontrou-o no sofá, apertando os botões do controle desesperadamente.
Ela sentou-se, rapidamente, furiosa.
- Você quebrou o controle! - Ele a acusou.
Ela se pôs de pé.
- Bem feito! - e saiu batendo pés até o banheiro, onde escovou os dentes, resmungando algo como "que nojo!"
- Tomara que seja uma garota hot! - Danny ouviu Dougie dizer, ao telefone
- Ahn?
- Mas, diz! Diz que você não quer uma garota hot brasileira na tua casa! - Ele afirmou.
- Dougie... Cala a boca, cara! - Danny estava se cansando. Quarenta minutos ouvindo Dougie falar de uma possível garota hot, de preferência brasileira, na casa dele.
- Pára de glicose anal, cara! Eu sei que você também quer uma garota hot brasileira na tua casa! - Riu Dougie.
Danny fingiu tossir.
- Como se ela fossem querer você, Dougie. - Riu, Danny, agora - Pensa bem...
- Você pensa? - questionou o outro.
- Ela, se for ela, vai estar saindo do país dela, se for mesmo ela, com chances mínimas de voltar.
- Hum... - Dougie fez um barulho estranho com a boca e manteve o silêncio.
- Então, ela, se for realmente ela, vai estar sensível e você vai ter que cuidar dela, se for...
- Ela, já sei!
- Então! - Danny conclui, se sentindo inteligente.
- Aí o Dougie, que não é bobo nem nada, vai se aproveitar da fragilidade dela...
- Se for ela!
- E cuidar MUITO bem dela! - Dougie completou. Danny puxou ar pra falar algo - Tá, tá! Se for ela! Satisfeito?
- Sim!
DING-DING-DONG-DING-DING-DING-DONG!
Danny ouviu, pelo telefone - MAAAAN, ELA CHEGOU!
- Se for... - Ele ouviu o 'tututu' do telefone, indicando que Dougie havia desligado - ela! - completou, pro nada.
DING-DONG
- Mas já? - Perguntou-se. Correu até a porta e abriu-a, dando de cara com uma garota que, com toda a certeza, lhe chamava a atenção.
Os cabelos escuros cacheados moldavam-lhe a face e, por breves momentos, escondiam os olhos azuis esverdeados, ligeiramente vermelhos. Mesmo um bocado vermelha e ligeiramente inchada, conseqüência de ter chorado por, provavelmente, a viagem inteira, ainda era muito bonita.
- Hum...er - ela arriscou um sorriso triste - eu posso entrar? - Perguntou.
- Claro! - Ele deu passagem a ela - Não! Espere! - Gritou, impedindo-a de entrar.
- Que foi?
Ele sorriu, sem graça, e tirou as malas da mão dela, deixando-a, apenas, a carregar algo que ele imaginava ser um violão.
- Eu só queria...
Ela sorriu, entrando. Ele a seguiu, fechando a porta com os pés. Não encontrou mais a garota. Ouviu um leve fungado. Olhou para trás e lá estava ela, apoiada na parede ao lado da porta, sentada ao chão.
Ele ajoelhou ao lado dela, tirando o violão que ela agarrava com delicadeza.
- Hey... - Ele disse baixinho, secando uma lágrima solitária dela com as costas das mãos. Ela apenas fungou em resposta. - Qual seu nome, linda?
- - disse, simplesmente.
- LEGAL! Eu sempre quis conhecer uma ! - Ela riu, baixinho. Ele, talvez, estivesse sendo bem sucedido em animá-la. - Sou Danny Jones! - Ele pegou o violão, levemente, e o levantou como se quisesse mostrar para ela - Você toca?
Ela concordou com a cabeça.
- Eu e minhas amigas temos uma banda. - Disse, simplesmente.
- Sério?
- Uhum.
- Hum... - ele enrolou - não sei se seria muito pedir... Toca pra mim?
Ela sorriu, pegando o violão da mão dele. E quando tocou a última nota e o encarou, viu que ele olhava abobalhado para ela.
- MUITO BOM! - ele disse, batendo palmas e a deixando corada.
- Nada, eu estou fanha por estar chorando - falou, fazendo careta.
- Mentira! Vem, quero que você toque comigo! - E a puxou para os fundos da casa, onde havia um estúdio.
'PUXA! QUE SORTE!'
- Oi! - Dougie disse, animado.
A garota apenas acenou com a mão.
- Hum... Quer entrar?
Ela concordou com a cabeça. Ele deu espaço para ela entrar e, enquanto ela entrava, ficou admirando sua beleza. Se aquela garota não era uma brasileira hot, nenhuma seria. Os cabelos negros contrastavam com a pele pálida de quem não havia dormido direito. Parecia cansada. Talvez ele devesse mimá-la.
- Quer comer? - Perguntou, de supetão.
- Hum... Seria bom. Não gosto de comida de avião.
- Eu vou pedir uma pizza! De que você gosta?
- Calabresa! - Disse, dando uma pequena risada.
Ele correu pra longe dela, fazendo-a seguí-lo. Alcançou-o enquanto ele desligava o telefone.
- Hey! Você já sabe a pizza que eu mais gosto mas eu ainda não sei o seu nome!
- Dougie Poynter! - ele riu. - E você?
- Ná, você já sabe da minha pizza! - Rindo, ela saiu procurando a sala.
- HEY! - Ele a chamou - Eu gosto de quatro queijos!
Ela se aproximou dele, sorrindo. Ele quase derreteu quando ela beijou-lhe a face, dizendo:
- Sou , prazer.
Jimmy estava escovando os dentes quando ouviu a campainha tocar. Cuspiu e lavou a boca rapidamente, correndo pra porta.
- Oi? - Ele disse, pondo a cabeça pra fora. Havia reparado agora, apenas, que estava só de Boxers.
- Oi. - Respondeu a menina, estranhando.
- Rudolph? - Ele perguntou, apontando pro nariz dela.
Ela deu uma risada sem graça e ele andou pra trás, oferecendo passagem a ela.
- Desculpe os trajes - Ele riu, coçando a cabeça - Você me pegou desprevinido. - Ela não disse nada, apenas entrou na casa, observando tudo, inclusive ele. - Você não é aquela jornalista...
- Eu mesma - Ela sorriu - - Apertou-lhe a mão.
- James Bourne. - E saiu em direção a sala, se jogando no sofá.
Ela o seguiu, com um sorriso malicioso nos lábios.
- Sabe o que eu queria ser se eu não fosse jornalista?
- Hum... - Ele fez cara de pensativo - Não.
Ela se aproximou da cabeça dele e pôs a mão em seu cabelo.
- Cabelereira - Sorriu.
- Aonde você está me levando, Harry? - perguntou-o, tentando se manter calma
- Num lugar que eu sei que você vai gostar - ele disse, ao volante - já estamos chegando.
Estavam passando por uma parte arborizada, algo que lembrava, vagamente, uma montanha bem verde.
- No meio dessas árvores, eu vou achar que você quer me estuprar!
Ele riu, fazendo uma curva.
- Não vou fazer nada que você não queira - e piscou-lhe um olho.
- Mas não é esse o problema? - sussurrou para si, vendo o quanto ele ficava bonito dirigindo concentrado.
- O que foi? - perguntou
- Nada! - ela lhe respondeu, rapidamente.
Ela olhava pra ele, nervosa, mordendo o lábio inferior.
- Você está perturbada. - disse, olhando de esguelha pra ela.
- To nada - resmungou.
Ele riu.
- Tá bom! - disse, ainda rindo, parando o carro. Ela continuou, apenas, a olhar pra ele. Ele levantou as sobrancelhas (n/a: E TEVE UM TROÇO) - Hey, olha! - disse, apontando a frente do carro, com a cabeça.
Ela olhou e sua expressão, de acordo com Harry, pertubada, sumiu, em seu lugar, abriu um sorriso.
Rindo, ele voltou-se para o banco de trás e puxou o lanche comprado, rapidamente, em um fast-food.
- Eu... Eu nunca... Nunca estive aqui!
Não estavam mais no centro de Londres. Mas daquela colina, ficavam a altura dos prédios da Londres não tão distante.
- É lindo!
- Não tanto quanto você - ele disse
Ela corou.
- Harry... - ela disse, tentando olhar pra ele.
- Estou sendo inconveniente, desculpe.
- Anda logo, ! - Tom chamou.
Ela estava jogada ao sofá, vendo Scooby Doo enquanto ele estava à porta com as chaves do carro na mão.
- Ahn?
- Nós não vamos dormir aqui, anda!
- Não! - Ela exclamou - Agora que você me deixou ver Scooby Doo, eu vou ver até me cansar.
Ele bufou, ficando entre ela e a televisão.
- Hey! - reclamou ela.
- Anda logo!
- Nããão! - Choramingou ela.
- Tem certeza? - Perguntou, com um sorriso maroto.
- Sai da frente! - Ela quase gritou, sacudindo os braços. Ele saiu - HAHAHA! CORRE SCOOBY! - Ele foi até a tomada e desligou. - HEEEEEEEY!
Ele foi até ela e a puxou pelo braço.
- Vamos!
- Você tá me machucando - Choramingou ela.
Ele a soltou quando chegaram do lado de fora da casa. Andaram até o carro e ele fez que ia abrir a porta pra ela.
- Eu sei abrir a minha porta sozinha, obrigada - Ela disse, afastando a mão dele da maçaneta, explicitamente magoada.
Ele deu de ombros e foi até a porta do motorista.
- HÁ! - Danny exclamou - Eu vou guardar isso pra sempre, cara! Você é demais!
- Que isso! Você é que é! - Ela retrucou, visívelmente sem graça.
- Ah, fala sério! A gente podia fazer uma dupla!
Ela riu. Ele realmente estava a fazendo bem.
- Que foi?
Ela continuou sorrindo.
- Você é fofo - Disse, simplesmente. Aproximou-se dele e lhe deu um beijo na bochecha - Obrigada.
Danny sorriu abobalhado.
- De nada. - E ficou meio sem graça - Hum... Er... vamos?
- Vamos?
- É que... Hum... A gente não vai ficar aqui, sabe? Disseram que a gente tem que ir pro abrigo. Tem problema?
- Se tem problema? - Ela disse, fazendo voz de brava. Ele se encolheu - Mas é claro que não! - Riu - Vamos!
Ele riu.
- Você me deu medo, sabe? - a garota riu mais ainda - A gente pode passar num drive-thru no caminho?
- Claro!
- Então, quando ele achou que ia conseguir... - Dougie ia contando. A garota à sua frente estava às gargalhadas com um pedaço de pizza de calabresa na mão - ...ELE CAIU DE NOVO! HAHAHAHA!
se engasgou, levemente, pegando um pouco do guaraná pra tomar. Dougie abriu a caixa da pizza, ainda rindo, mas parou de rir.
- Acabou? - ele perguntou, visivelmente decepcionado. - Vamos pra casa comer a comida do Tom, então.
- Hein? - se perdeu - Casa?
- Ah, é! - Ele riu - A gente não vai ficar aqui... Eu só vim aqui pra te buscar. Calma aí que eu vou pegar o Zukie.
-Ah, Okay!
Dougie subiu as escadas e desceu cinco minutos depois, com o aquário do zukie nos braços.
- Oi, Zukie! - cumprimentou-o pelo aquário.
Dougie riu.
- Vamos?
- Aham. Me dá o Zukie, você vai dirigir, né? - Ela perguntou.
- Ah, é! - Lembrou o garoto, passando o viveiro pra ela.
- Eu não acredito que você me convenceu a fazer isso - ele disse, rapidamente.
- Ah, vaaai! Seu cabelo é lindo! - dava pulinhos felizes, atrás dele, no sofá.
- O que você vai fazer com o meu cabelo?
- Pentear, Jimmy! - Ela respondeu, jogando o cabelo dele de um lado para o outro.
- Precisa molhar ele pra isso? - James perguntou, rindo da felicidade da garota.
- Não. - Ela respondeu. James ouviu, então, o barulho de uma tesoura cortando algo.
- AAAH! O QUE VOCÊ FEZ? - Ele deu um pulo e virou para ela, que estava sentada nas costas do sofá, fazendo cara de santa e segurando a tesoura.
- Nada! - ela respondeu, fazendo cara de criança.
- Espero que não tenha sido nada mesmo - Ele emburrou. - Vem! - chamou-a, indo em direção à porta.
- Onde vai?
- Invadir uma casa- Ele disse, simplesmente. Ela parou, horrorizada - Ah, anda. Eu tenho a chave! - e a puxou.
Harry estava concentrado, vendo os olhos dela brilharem em direção à cidade e o sorriso infantil brincando e dando vida ao rosto, outrora apagado.
- Te deixei feliz, uhn? - Ele perguntou.
Ela virou-se para ele, sorrindo mais ainda.
- É, conseguiu.
Ele riu, baixinho.
- Quer comer? - perguntou. Ela concordou com a cabeça - Comprei salada pra você - Ele disse entregando a vasilinha a ela e pegando a sua, lasanha.
- Mas... HEY! - Ela reclamou - Por que eu tenho salada e você tem lasanha?
- Você não gosta de salada? - ele perguntou. Ela fez careta.
- Prefiro lasanha!
- Mas... Todas as garotas com quem eu saí preferiam salada!
Ela deu de ombros.
- Okay - ele continuou - Dividiremos! - Ele pegou a lasanha e dividiu ao meio com o garfo. Colocou na vasilinha dela e pegou metade da salada. - Satisfeita? - Perguntou, sorrindo.
- Você pensa! - Ela exclamou, fingindo admiração.
Eles comeram em silêncio. Quando deu a última garfada, ela chamou-o.
- Harry...
- Uhn?
- Isso não é um encontro - Disse, bocejando.
- Definitivamente.
- Não mesmo - ela continuou.
- E você também não está com sono - ele riu.
- Não... - respondeu, de olhos fechados. Ele aconchegou-a e ela acabou adormecendo
- Você avançou o sinal!- ela gritou
- Não avancei, . - ele disse, calmamente
- Avançou! Avançou sim, Thomas!
- Tá, avancei. - "Com doido não se discute", pensou
- ENTÃO VOCÊ MENTIU PRA MIIIIIM! - ela apontou o dedo pra ele
- É, MENTI! - ele gritou - E não aponta esse dedo pra mim!
- Você ainda confirma? - ela perguntou - Canalha, desgraçado...
começou a estapeá-lo.
- A rua, ! - ele gritou.
Ela parou de batê-lo no momento em que ele fez uma curva brusca, parando.
Assustada, ela nem se moveu. Ele desligou o carro, tirou o cinto e saiu. Antes de bater a porta, com força, ele se voltou pra ela e disse:
- Isso é pra você aprender a respeitar o motorista! - e saiu bufando.
- THOMAS! -ela gritou, trancada dentro do carro.
Ainda irritado, mas sem perder as boas maneiras, ele deu a volta e abriu a porta para ela. Ela saiu, batendo nele com a bolsa.
- VOCÊ QUASE ME MATOU!
- VOCÊ QUASE NOS MATOU!
- VOCÊ É UM MOTORISTA IRRESPONSÁVEL!
- E VOCÊ... É VOCÊ! - ele não sabia o que gritar pra ela.
- AH, CALA A BOCA!
- TENTA!
Ele a segurou pelos braços, obrigando-a a parar de batê-lo. Aproximou o seu rosto do dela. Ela prendeu a respiração. Porque estavam brigando mesmo?
Ele virou o rosto para o lado, deixando-a altura da sua orelha e sussurrou.
- Acho que você já calou, não?
- Seu pedido, por favor? - a caixa falante perguntou.
- Uh! - Exclamou .
- Seu pedido, por favor? - Repetiu.
Danny não parava de rir.
- Me dá uns 5 bigmac, 3 quarteirões, 2 macheese e 2 tortas de banana - Ele disse, tentando conter o fôlego - e... Ah! Orelhinhas de shrek!
- Okay, senhor... pague no próximo caixa, por favor!
- Será que é um robozinho de pegar dinheiro? - perguntou.
Rindo, Danny voltou a ligar o carro. Pagaram, pegaram os lanches com um pouco de dificuldade e saíram em direção à casa.
- Quantas pessoas vão estar lá? - perguntou.
- Sei não... Mas isso é o que a gente come sozinho, normalmente.
arregalou os olhos e se calou.
Pararam em frente à um local estranho de se ver, no centro de Londres, mas era muito comum se ver locais iguais àqueles na última década. Abrigos nucleares. Alçapões de ferro abertos em meio à toda a confusão de pessoas entrando. Por sorte, ou por fama, eles haviam conseguido diminuir o número de gente em seu abrigo. Dez pessoas.Estacionou carro na garagem e os dois entraram para ver TV e comer seus lanches.
- O Zukie é tão fofinho! - dizia, alegremente, dando comida pro bichinho. - Quero casar com ele!
- Humpf.
- Que foi, Dougie? - Ela perguntou, inocentemente.
- Não quero ser avô dos seus filhos. - Ele disse - Pretendia ser pai, sabe?
Ela se engasgou com a própria saliva.
- Er... Não que você não seja um bom candidato, sabe? - Ela soltou, assim que conseguiu parar de tossir - Mas não acho que eu vá querer ter filhos nessas condições e nem tão cedo.
Ele parou de olhar a rua, um instante, e olhou pra ela, sorrindo.
- Eu não podia esperar outra coisa de você, não é mesmo? - Ele riu - A gente casa com macarrão, no abrigo e adota o Zukie, o que acha?
Ela riu, alto. Qual era o poder dele, de fazê-la rir com o mundo quase acabando?
- Porqueeee... eu amo o cabelo do Jimmy! E eu vou invadir uma casa com eeeele! E eu não sei pra onde eu to iiiiindo... MAAAAS BELEEEEZA!
James ria, ao volante.
- EEEEEEEEEEEEEE DAAAAAÍÍÍÍÍ? - continuou ela - OOOOO CAAAABELO DELE É DEMAAAAAAIS! E ÉÉÉÉÉ IIIISSO QUE IMPOOORTA!
Ela pegou a escova e tentou pentear o cabelo dele.
- ... Não faz isso - alertou.
- Por quê?
- Porque eu vou bater com o carro, se você fizer isso.
- Mas... - ela choramingou.
- Em casa, okay?
- Snif snif - choramigou ela.
Ele ficou alguns minutos em silêncio, com um sorriso de canto de lábio enquanto ela choramingava e reclamava de uma maneira que ele não conseguia entender.
- Ta vendo? - ele perguntou - Chegamos!
- VIVA!
Entraram no abrigo tentando não notar a confusão na rua, ela montada nas costas dele, tentando pentear o cabelo dele enquanto ele tentava não bater nas coisas, se equilibrando.
Capítulo Três
Um mês havia se passado desde o dia que as garotas haviam chegado à terra da rainha. Estava muito, muito abafado. despertou, percebendo o calor que fazia. Abriu os olhos se deparando com um peitoral completamente definido. Calor não era de todo ruim, se o fazia tirar a blusa. Segurou a respiração. Ainda estava escuro. Quando tomou coragem suficiente para olhar para cima, viu que Harry estava acordado, olhando pro teto, com a cabeça apoiada nas mãos. Estavam em um quarto no abrigo, estavam ali há pouco mais de um mês e não devia passar das três da madrugada, devido a cor do céu, que se via através da teto de vidro. Então porque ela se sentia descansada?
Ela se mexeu, tentando se aconchegar mais e acabou chamando a atenção dele.
- Bom dia! – ele disse.
- Hum... – resmungou ela – Boa noite, não?
- Tecnicamente, não – ele respondeu, fechando a cara. – São dez e meia. Estamos sem luz e o tempo mudou novamente.
Ela se levantou, assustada. Sentou-se na cama, com o olhar fixo no teto.
- Dez e meia? – perguntou – Mas... Como?
- Bom... – Harry sentou-se entre ela e a janela, deixando o olhar ir de encontro ao dela. – De acordo com os filmes fictícios... Deve ser poeira nuclear. – Ela se encolheu, significativamente. Ele a puxou e a apertou contra si. – Estamos num abrigo, não se preocupe.
- Mas... Hum... – ela parou pra pensar – Temos comunicação?
Ele a soltou, engatinhando até a cabeceira. Tirou o telefone do gancho. Nada
- Mudo.
Ela bufou.
- O que a gente faz agora? – Ela perguntou.
- Bom... A gente podia plantar uma árvore.
Quando não tiver nada pra fazer, plante uma árvore.
- Eu acho... – Ela se levantou da cama, olhando pro teto de vidro, onde podiam ver a nuvem escura. Ele a acompanhou com o olhar, antes de se levantar e abraçá-la por trás. A nuvem escura e radioativa pairava acima dos prédios. Mesmo assim, sabiam que muita gente já devia ter morrido – Talvez... – Ela suspirou fundo – Seja tarde demais pra se plantar uma árvore.
Ele passou as mãos de leve pelo cabelo dela, jogando pro lado, levemente, deixando o pescoço descoberto. Depositou, cuidadosamente, três pequenos beijos pela área.
- Eu queria... - ele sussurrou. fechou os olhos, sentindo o contato e a voz ligeiramente rouca em seu ouvido - Ter te conhecido antes. Numa situação melhor.
Ela se virou, encostando sua testa no pescoço dele e o abraçando. Ele tremeu levemente ao sentir o contato inocente dos lábios dela contra sua pele. Não demorou muito para que ele sentisse as lágrimas dela molhando-o.
- Eu queria nunca ter te conhecido - Disse, sinceramente.
Ele balançou a cabeça, compreendendo.
*-*-*
Tom saiu do banheiro dando de cara com acordada e olhando para cima, pelo teto de vidro reforçado. com uma tolha na cintura e secando os cabelos, ele não se atreveu a seguir o olhar dela. Sabia o que veria.
- Tom... - Ela o chamou.
- Hum? - Responder, procurando uma roupa entre as malas espalhadas pelo chão.
- Você... O que 'tá acontecendo?
- Já atacaram os arrogantes do outro lado do continente, . E essa é a nossa conseqüência.
- Chegou até aqui? Você sabia? - Ele concordou com a cabeça - E eu querendo ver Scooby Doo. Não sabia que chegaria aqui, desculpe.
Ele fez um gesto com as mãos, como se não precisasse. Ela sorriu, sem graça. Desceu da cama e foi até ele, depositando-lhe um beijo em sua bochecha.
- Obrigada. -disse, antes de sair do quarto.
Atordoado, ele levou a mão a bochecha, sem deixar de sorrir. Depois balançou a cabeça. Aquela garota estava acabando com as suas defesas. Não, isso não era bom.
*-*-*
Ela sentiu um beijo ser depositado em sua testa. Abriu os olhos fracamente, vendo o negro através da janela. Olhou para o lado, dando de cara com Danny e um café da manhã.
- Bom dia, flor do dia! - Ele disse.
- Bom dia! - Ela sorriu-lhe, pegando um waffles - A gente só come, já percebeu?
- Comer é bom - Ele disse.
- A gente não devia racionar comida? - Ela perguntou.
- Mas eu tava com fome! - Ele reclamou.
- Se comer muito agora, não vai sobrar pra comer depois, Danny! - Ela choramingou, se jogando de volta na cama - A gente nem sabe quanto tempo vamos ficar aqui. E essa coisa aí fora? - Ela perguntou
- Já passa! - ele deu de ombros.
- Achei que fossem anos...
- Anos?
- Anos, não?
- Eu não posso ficar anos aqui! - Ele se desesperou. se encolheu. - Que foi?
- Minha companhia não lhe agrada?
Danny pareceu desconcertado por algum momento.
- Eu gosto da sua companhia, mas eu queria poder aproveitá-la em outros lugares, sabe? Não só aqui.
pareceu satisfeita com a resposta dele. Sorriu e o abraçou, pegando algo para comer na vasta bandeja.
*-*-*
- DOUUUUGIEEEE! - acordou gritando.
Dougie estava no banheiro, acabou tropeçando nos sapatos que deixara jogados por ali e apareceu cambaleando no quarto, apenas de boxers. Olhou para a garota encolhida na cama e correu até ela.
- Hey? - Ele a abraçou - O que houve?
- Eu não sabia que... que... ia chegar aqui. Porque chegou aqui? achei que tudo era só precaução. Eu não sabia que a gente corria risco e...
- Shiii. Não deve ser nada, só reflexo.
- OLHA PRA CIMA, DOUGIE! TÁ TUDO PRETO, DROGA! - Ela gritou.
Ele apertou contra si, ouvindo-a soluçar.
- Não chora...
- Minha vida acabou. Eu nunca mais vou sair daqui. Eu quero voltar pra casa. Eu quero ir a Marte, ainda.
- Podemos ir a Marte juntos quando tudo acabar.
- Não vai acabar.
- Vai sim, eu prometo.
- Promete? - Ela se afastou um pouco dele, para poder olhá-lo
- Siiim! E nós vamos fazer filhos e povoar Marte.
- Eu vou fazer filhos com o Orlando Bloom!
Dougie a empurrou.
- Tá, tá! - emburrou - Nada de Orlando Bloom pra mim.
*-*-*
James abriu os olhos, bocejou e olhou para o lado.
- Ahn? Eu comi alguém ontem? - Olhou para a garota mais uma vez, deu de ombros e foi ao banheiro. Lavou o rosto, escovou os dentes. Foi aí que as lembranças do mês anterior começaram a serpentear por sua mente. Após pentear o cabelo, já tinha se recordado de tudo. Fez que ia para o quarto, mas parou à porta - PERAÊ! Eu dormi com uma garota gostosa e não comi?
A garota, por sua vez, resmungou:
- O que você está comendo que ainda não trouxe pra mim, James?
- Nada! - Ele se assustou. Ainda bem que ela não tinha entendido a frase inteira.
- Você me acorda e não tem nada pra me dar? - Ela se sentou e olhou pra ele, como se o re
preendesse.
Ele resolveu arriscar.
- Bom, tem...Eu! - Ela riu.
- Você tem gosto de quê?
- Pasta de dente de menta! - Ele sorriu, mostrando os dentes.
- Não gosto de menta. - Ela voltou a se deitar, virando as costas pra ele.
- HEY! EU VOU COMER MORANGOS E JÁ VOLTO, OKAY? - ele gritou, correndo pra fora do quarto. Nem pôde ouvir a gargalhada que a garota soltou.
*-*-*
O silêncio dominava o quarto. encarava a parede e Harry a admirava.
- Isso é tortura! - Ele bufou.
Ela desviou o olhar da parede e o encarou.
- O que houve? - Lhe perguntou.
Ele levantou-se rapidamente da poltrona onde estava e sentou-se ao lado dela na cama.
- Olha só, eu estou trancado aqui com você, o mundo pode estar acabando lá fora, mas a gente tá aqui, entende? Eu... Eu... quero aproveitar, não quero me importar se a gente pode não sobreviver e coisa assim. Eu QUERO te beijar, eu sei que você quer me beijar e... euvoufazerissoagora.
Antes que ela pudesse dar uma resposta, ou até mesmo digerir a informação, ele a puxou pelo pescoço e a beijou.
E no começo ela ficou sem reação, mas acabou por corresponder. Ele findou o beijo e levou a testa de encontro a dela.
- 'Tá tudo acontecendo muito rápido, Harry - Ela suspirou, ainda de olhos fechados - E ao mesmo tempo. Eu estou perdida. Não é melhor... dar um tempo?
- Nós não sabemos se temos tempo, princesa. - Ele direcionou-se ao pescoço dela e o beijou levemente - Não quero esperar o mundo acabar sem ter aproveitado ele.
Ela sorriu.
- Não era essa vida que eu queria pra mim. - Encostou a cabeça no ombro dele - Eu sabia que eu não ia resistir a você no momento em que te vi. - Completou, fazendo-o sorrir abertamente.
- Eu sempre te achei gostosa - Ele disse, sorrindo, fazendo-a gargalhar - E aí você aparece na minha casa aos prantos e... Bom, você toda fofa. Smepre posou de mulher forte e poderosa e do nada eu te vejo chorando por uma causa nobre. Caí de quatro por você, garota.
Ela riu.
- A gente ainda tem alguns anos pra ficar aqui, não? - Ela perguntou. Ele confirmou com a cabeça e ela fez uma careta de desagrado, indo brincar com os dedos da mão dele.
*-*-*
- A gente podia fazer uma tregüa! - Tom entrou na cozinha atrás de , com a sua sugestão.
- Uma tregüa? - Ela perguntou.
- É, bom... A gente não vai sair daqui tão cedo, né? - Ele deu de ombros - Não quero passar não-sei-quantos-anos-da-minha-vida discutindo com uma garota - só porque eu não assumo que gosto dela ele quase disse, ficou preso na garganta.
Ela deu de ombros, meio que sorridente.
- Nem sei porque a gente briga mesmo.
- São assuntos diversos, okay? - Ele riu - Somos pessoas cultas!
Ela riu verdadeiramente e continuou a beber o seu Toddynho. Tom respirou fundo e disse, sem pensar:
- Quersaircomigo?
Ela levantou a sobrancelha.
- Espero que eu tenha entendido errado - Ela sorriu, meio maldosa - Eu não aceito tregüas com suicidas.
Ele bateu na própria testa.
- Desculpe, eu esqueci efazmuitotempoqueeunãofaçoissoe...
- Respira, homem! - Ela riu.
- Não sei como lidar com você!
- Então vai catar coquinho, suicida!
- Hey, e a tregua?
- Foi se suicidar!
Tom olhou pra ela e depois começou a rir. , não se aguentando, acabou por rir também.
Ele pegou um prato com morangos.
- Vamos comer morangos lá no quarto, huh? - E piscou pra ela.
- Uiui! - Ela se levantou e aceitou o braço que ele oferecia. Nesse momento, James apareceu na porta da cozinha e lhes roubou um punhado de morangos, voltando correndo de onde veio. - Ih, tão aprontando lá, hein?
- Quer aprontar também? - Ele sorriu safado.
- Você não estava SEM JEITO, seu calhorda? - E deu um tapa nele.
- Brincadeira, , Brincadeira!
Ela sorriu. Era a primeira vez que ele a chamava de . Normalmente, era aqui, ali. E arriscava um '' as vezes.
*-*-*
Eles findaram o beijo com um sorriso.
- Merda de vida num abrigo nuclear - Danny disse.
- Daniel! - o estapeou.
- Ah, desculpe, , a companhia é ótima, mas é meio dificil não poder sair e se divertir.
- E você acha que é só dificil pra você? - Ela emburrou - Deixa de ser egoísta, Danny, pessoas morreram! Dê graças a Deus por estar aqui!
Ele abaixou a cabeça e começou a enrolar o dedo no lençol da cama, como se fosse uma criança culpada.
- É chato ver os mesmos lugares todo dia, as mesmas pessoas...
- Eu sei, mas você tem que entender que nós somos previlegiados, Danny! - ralhou. Danny bufou, baixinho. - Você vai ter que aprender a conviver com isso, Danny.
Ele concordou com a cabeça.
*-*-*
- Ah, não, vai agarrar o Orlando Bloom, vai! - Dougie Havia ficado irritado.
- Nããão, Dougie, por favor! - Ela pediu - Pára.
- Humphft.
Fez-se um minuto de silêncio constrangedor.
- Dougie? - Ela chamou.
- Quê? - Ele foi grosseiro.
- Quer povoar o universo comigo? - Ela perguntou, corando.
Dougie riu de lado e se aproximou dela, sentada na cama, vagarosamente.
- Só se começarmos agora, pois... - Ele sentou-se ao lado dela e beijou-lhe a bochecha, levemente - Sabe, o universo é bem grande.
Ela riu. Ele esfregou o nariz com o dela e a beijou. Ficaram apenas sentindo o gosto um do outro por um tempo, até que ela o empurrou, levemente, e se afastou.
- A gente pode ir irritar o Judd agora, né? - E sorriu, sem jeito, ainda com a mão segurando a gola da a dele.
Ele sorriu, malicioso.
- Um ménage!
deu um tapa no braço dele, rindo.
- Safado, 'bora lá!
*-*-*
James entrou no quarto correndo.
- COMI! -ele gritou, invadindo o banheiro. Agarrou e a beijou.
Ela o empurrou.
- SEU LOUCO!
- POR VOCÊ! - Ele gritou de volta.
CAPITULO QUATRO
'... E foi assim que bilhões de pessoas deixaram seus abrigos nucleares hoje, em segurança. Finalmente podemos viver em paz outra vez.'
'As espécies que foram salvas em estufas protegidas ou em mini abrigos nucleares para animais serão especialmente transferidas para as Américas Sul e Central'
'Aproveitem agora os vinte anos que tiraram de vocês'
As duas mulheres sumiram e a televisão foi desligada.
- Vocês estavam ótimas! - Harry exclamou, antes de dar um beijo na mulher ao seu lado. Ela sorriu, envergonhada. Os dois estavam sentados no maior sofá com Tom e .
- Eu achei que a gente não ia conseguir - soltou. James abraçou-a pela cintura. Eles estavam em pé atrás do sofá. Danny estava na poltrona com no colo. Dougie estava deitado, ocupando todo o outro sofá, Abraçado com .
- Blergh, eu não sei vocês - Danny começou - Mas eu vou à uma churrascaria. Eu preciso de uma boa carne de boi. Não aguento mais comer coelhos.
- Agradeça à pelos coelhos, bocó - Harry riu - Se ela não tivesse tido vontade, nem coelho ia ter.
Todos riram.
- Vocês dois surtaram aquele dia - Riu - Eu nunca tinha visto o Harry tão zangado.
- Eu só não queria nenhum filho com cara de coelho. - Harry riu.
- Bom... - atraiu a atenção pra ela - Foi ótimo me aposentar assim.
- APOSENTAR? - quase gritou - Você está doida? Eu ainda tenho os 14 livros e meio que eu escrevi naquela porcaria de abrigo pra publicar!
- Mas...
- Sem mais! - Ela sorriu - Nem tem tantos jornalistas novos ainda... E vocês, meninos?
- Huh... Eu sou um homem! - Dougie reclamou.
- Certo, homem, cala a boca e me leva pra cama - disse, sonolenta.
- Claro, amor!
- CACHORRINHO NA COLHEIRA! - Danny zoou. bateu nele.
- Quando a ficar grávida, bocó, você vai ficar um cachorrinho na coleira também. - Dougie bufou e pegou no colo - a pequena barriga dela quase não aparecendo - e subiu às escadas.
Danny deu lingua às costas dele, fazendo os outros rirem.
- Nós vamos voltar? - Tom perguntou, brincando com os cabelos de .
- Temos muitas músicas, a gente pode voltar - Harry deu de ombros.
- Eu não quero ficar velho reclamando de não poder tocar - Danny concordou - Semana que vem, a gente vê um estúdio.
Os três concordaram com a cabeça.
- E eu? - James choramingou, encaminhando junto a ela pro sofá que havia ficado vago.
- Se vira, mané! - Harry riu.
- Põe no jornal: 'procura-se antigo Son Of Dork' - Danny sugeriu.
- Liga pros antigos telefones. - Tom disse.
James deu de ombros e saiu da sala à procura da lista telefônica.
- Eu estava reparando... - se pronunciou - Não temos muitas crianças.
- É - concordou - Bom que você foi tão maluca quanto eu. Ao menos eles tem primos com quem brincar.
- E professores? - inquiriu.
- A gente ensina. Você pode ensinar história, ensina física, eu ensino linguas. A gente dá um jeito.
- Eu ensino, sei lá, matemática? - tentou ajudar.
- É, a gente se vira - deu de ombros.
deu de ombros.
- Ao menos Liza, nicolle e os gêmeos vão entrar na faculdade mais fácil - Tom riu.
- Besta. - emburrou.
- Eu vou pra minha churrascaria antes que vocês comecem - Danny levantou, quase derrubando . - Descuuuuulpa! Vamos, amor?
- Tá, mas eu quero chocolate - disse. Os dois riram e sumiram pela porta.
- Só pra deixar claro. - disse, encarando Tom - Meus filhos tem nome e não são 'os gêmeos'.
- Sabe de uma coisa? - Harry riu - Não vou em gravadora semana que vem coisa nenhuma.
- Mas, hein? - Tom reclamou.
- Ah, qual é? A gente ficou trancado em uma porcaria de bolha por vinte anos. Vou levar a num cartório, casar com ela e aí nós, Sirius e Adhara vamos passar uns bons seis meses viajando e conhecendo os lugares que eu sempre quis que eles vissem.
Fez-se alguns segundos de silêncio, que quebrou.
- Faz sentido.
- Ah, seria legal - brilhou os olhos, cutucando Tom.
- Okay, okay. - Tom concordou.
Harry e continuavam se olhando, sem falar nada. reparou e parou de cutucar Tom, para assistir.
- Cartório? - perguntou.
- É, eu achei que... Bom... A gente tem dois filhos, então... Huh... Talvez você quisesse...
- Casar com você? - perguntou. Harry engoliu a seco, concordando com a cabeça.
- Ou a gente pode ficar do jeito que está, se você preferir.
- Eu achei que você que preferia - Ela sussurrou.
- ADHARA, SIRIUS! VENHAM AQUI AGOOORA! - Harry gritou. Os quatro presentes na sala pularam de susto. James apareceu na sala inquirindo e Dougie mandou todo mundo calar a boca do andar de cima.
- TÔ INDO! - a menina gritou lá de cima e então ouviu-se um barulho.
- HEY, EU IA CHEGAR PRIMEIRO, ISSO NÃO VALE - O irmão dela berrou de volta.
A pequena menina de uns sete anos apareceu à sala primeiro, logo seguida do irmão doze minutos mais velho. Ambos tinham olhos azuis brilhantes e cabelos negros.
- Vamos sair. - Harry disse, se levantando e pegando a chave do carro.
- Já? - perguntou.
- Onde a gente vai? - Sirius perguntou.
- Vamos na deixa? - Tom perguntou à .
- Onde? - Adhara perguntou.
- Onde o quê? - Uma menina de aparentes seis anos, cabelos loiros e olhos cor-de-mel apareceu, vinda da sala do video-game.
- Meu pai e minha mãe vão sair comigo e com o Sirius - Adhara disse. - E você não vai - Ela deu língua pra garota.
- Não seja má com a Liza, Ady - ralhou.
- Chama a Nickie, Elizabeth, nós vamos também. - disse.
- Vamos? - Tom perguntou.
- Vamos, claro.
- Eles vão casar mesmo? - James perguntou à , vendo os oito saindo pela porta.
- Acho que sim - Ela deu de ombros.
- Vamos também? - Os olhos dele brilharam. Ela riu.
- Claro!
Só pra deixar bem claro, Danny e , quando voltaram de barrigas cheias, e Dougie e ficaram muito revoltados com o casamento em série sem convites quando descobriram. E no dia seguinte, os quatro fugiram pra casar, escondidos. Tudo acabou bem.
Oi gente! Essa história é meio esquisita. Ela foi a primeira "long" que eu escrevi e, com muitos personagens, acabei com preguiça e correndo com ela para o final. Eu não gostei do resultado, nem quando conclui. Mas se alguém gostou, deixa aí um recadinho, eu vou amar ^^