Prefácio
Eu mal me lembro de qual foi à última vez que os vi juntos. Mas como eu não poderia lembrar do quão maravilhosos eles eram?
Devo confessar: Eu era uma das adolescentes gritadoras que corria atrás daqueles quatro quando eles estavam no topo. E mesmo depois, quando eles começaram a decair, eu continuei correndo atrás. Muitas meninas continuaram.
Achei que adultos não devessem entender essa paixão que os adolescentes sentiam por seus ídolos, mas eu estava completando trinta e eu ainda sentia tudo com a mesma intensidade. Era amor, amizade, adoração e orgulho, tudo isso em um mesmo pacote.
Eles sempre me acalentaram, suas músicas sempre me apoiaram e eles estavam sempre dispostos a me atender, a me adorar da mesma forma que eu os adorava. Eles simplesmente nos amavam de volta, nos devolviam cada segundo que fosse gasto com eles, na procura de fotos, notícias ou qualquer outra coisa. Nunca entendi como eles faziam valer a pena.
Nunca me decepcionaram. Nunca, é claro, exceto aquela vez.
Três anos se passaram desde o acidente. Mudou completamente a vida de milhares de pessoas, em sua maioria meninas, no mundo todo. E, é claro, mudou a vida daqueles quatro caras por quem nós éramos tão apaixonadas.
Capítulo Um
Reencontrando o passado
"Se você quer esse emprego, é bom que me traga uma matéria realmente formidável quando voltar"
É, foi assim que a minha chefe se despediu de mim, antes de me dar uma semana de folga. De acordo com a psicóloga da empresa, eu estava tendo um colapso nervoso e precisava respirar um ar puro. Eu ri psicoticamente na frente delas e saí com um atestado com os dizeres “Funcionária inapta a trabalhar pelos próximos quinze dias”. Na verdade, eu acreditava que estava inapta ao trabalho nos últimos três anos.
Quinze dias de folga... Eu não saberia nem o que se fazer com uma semana, quiçá quinze dias. Por causa disso, aluguei uma casinha em frente à praia de Brighton, em um lugar bem tranquilo, para poder me inspirar e escrever, já que minha chefe queria que eu fizesse uma matéria realmente formidável e a entregasse no meu retorno.
Pelo que eu me lembro, eu sou boa. Mas, de uns tempos pra cá, meus textos foram ficando sem personalidade, sem vontade. Minha chefe, é claro, percebeu. A psicóloga também. De acordo com elas, estava faltando o meu escape.
Eu sabia exatamente o que me faltava: Uma boa dose de McFly.
Desde os meus dezesseis, eu segui e amei esses garotos - hoje homens! Só que eles simplesmente... Bom, eles jogaram tudo para o alto há alguns anos. Chutaram o balde. Desistiram. Caíram fora.
Abandonaram os fãs.
De todas as coisas que eu achei que eles eram capazes de fazer - e eram muitas-, aí está uma que realmente nunca achei que eles pudessem. Eles simplesmente abandonaram os fãs. Quando ainda encontramos com eles e eles percebem o que somos, eles viram as costas e simplesmente vão embora.
Ninguém faz ideia como isso dói.
Foi o caos no mundo todo quando eles anunciaram o fim da banda. Houve alguns casos de suicídio no Brasil, aqui na Inglaterra e no Japão. Eu não as culpava, de verdade. Todas ficamos perdidas na hora, e muitas de nós ainda sentiam como se algum pedaço de nós tivesse sido arrancado com força.
Eu devo dizer, as oito meninas que se suicidaram quando eles anunciaram o fim da banda, não estavam erradas, na verdade. Quantas de nós se deixaram morrer por outros motivos que não teriam tanta intensidade se eles ainda estivessem por aí? Dezenas se foram, se entregaram às drogas, às bebidas ou simplesmente tomaram remédios ou cortaram os pulsos. Eu conhecia pessoalmente algumas delas, e não foi nenhum pouco fácil de lidar, principalmente sabendo qual havia sido o estopim de ter tantas amigas sucumbindo. Todas nós éramos meio malucas e muito apaixonadas e apenas éramos assim porque eles nos permitiam, nos adorando de volta. Era quase como um relacionamento entre eles quatro e nós, aos milhões, onde cada uma conseguia um espacinho, um pedacinho, um pouquinho de atenção. E, do nada, nem notícias tínhamos.
Eu devia ter ficado com raiva deles. Superado tudo, levantado o nariz no ar e não me importado, mas mesmo com todos os problemas que eles trouxeram pra gente, eu ainda acabava citando-os em meus textos, como acabei de fazer. É sem querer. E é isso que importa. Eu fui incapaz de culpá-los por qualquer bagunça que tenha acontecido em minha vida ou nas vidas das outras milhares de fãs. Eles eram tão vítimas quanto nós, fugindo de tudo sem saber como lidar.
Todos nós sofremos, tanto os meninos quanto as fãs e, embora eu não goste de dizer muito isso, mas eu acho que doeu muito mais em mim. Porque, além de fã, eu era amiga deles. E todas as pessoas envolvidas no acidente de carro tinham espaço na minha agenda.
E eu estava envolvida emocionalmente com um deles.
Quando me beijou pela primeira vez, eu disse que ele havia acabado de arruinar toda minha vida amorosa. Devo dizer, não é a melhor coisa a se dizer depois de um primeiro beijo fascinante, mas eu disse exatamente: “você acaba de arruinar minha vida amorosa, eu simplesmente nunca vou conseguir superar você”. Ele achou engraçado e me beijou de novo, o que já era um bom prêmio. E então veio outro beijo. E outro. Até que uma de minhas amigas ligou me perguntando onde eu estava. Então ele pegou meu telefone e eu lhe disse “Me liga quando sentir minha falta”. E consegui alcançar minhas amigas dez minutos depois e, quando olhei meu celular, havia uma chamada não atendida dele e uma mensagem “Qnd nos vemos dnv?”
Nós nos vimos muitas vezes depois disso. Nunca namoramos, oficialmente falando, mas era quase isso. Minhas amigas e eu íamos aos shows, backstages e nós sempre estávamos juntos. Os outros meninos nos zoavam, mas eu os via se aproximar das minhas amigas e, em pouco tempo, cada uma delas começou a sair com um deles. Era tudo completamente perfeito.
Até que em um determinado dia, eu mandei uma mensagem de texto ao , pedindo desculpas por não ir ao show daquela noite. Eu estava enjoada e envergonhada de ter que encará-lo com os pensamentos que eu estava tendo, então preferi ficar em casa e colocar minha cabeça em ordem. Eu sabia que assim que o show acabasse, ele levaria todos em casa e voaria até a minha casa pra saber o que estava acontecendo comigo. E eu esperava que ele o fizesse, ter aquela conversa a sós seria bem melhor.
Então, algumas horas depois, ele me respondeu a mensagem. E eu nunca esqueci nenhuma palavra.
”Vou fazer uma viagem longa. Sinto muito. É urgente.”
Eu tentei ligar pra ele, pedir uma explicação melhor, me oferecer pra ir junto - Qualquer coisa! -, mas ele nunca mais me atendeu. Assim que eu me cansei de tentar ligar pra ele, em choque até mesmo pra entender o que estava acontecendo e chorar, meu celular tocou. Naquela ligação, descobri que uma das minhas amigas tinha morrido em um acidente de carro, enquanto voltava pra casa. As outras duas estavam em caso grave.
Eu não tive pernas pra esperar o elevador, então corri para a escada de emergência e, com o coração disparado, desci dois andares antes de tropeçar em meus próprios pés e rolar os outros três.
Naquela noite, eu perdi muitas coisas preciosas. Perdi meu pseudo-namorado, minha banda favorita, a vida de uma grande amiga, uma amiga que nunca acordou do coma, uma amiga que ficou paraplégica e sumiu do mapa e, por último, o bebê de que eu apenas suspeitava que estava esperando.
Como fingir que estava tudo bem comigo depois disso? Eu estava sozinha.
Encontrei os meninos algumas vezes depois disso, em Londres. Eles, normalmente, voltavam em datas específicas: aniversários, feriados e etc. Devo confessar que eu ficava espreitando.
fora o que eu mais vira desde então. Eu tentava chegar perto dele, mas ele nunca permitiu. Uma vez, eu estava do outro lado da rua e, quando eu ia atravessar, ele acenou que eu não fizesse... Ficamos só nos olhando e eu me acabei em lágrimas. Ele me mandou um beijo e foi embora.
Vi e duas vezes cada. , depois da segunda vez, deixou uma carta debaixo da porta do meu apartamento. A carta só continha cinco palavras: “Sinto sua falta. Me desculpe”. E a assinatura dele, que eu conhecia bem o suficiente pra saber que era de verdade. me mandava presentes de aniversário. Sempre quando eu recebia coisas estranhas sem remetente, eu sabia que vinha dele.
O , eu apenas vi uma vez. Perto do natal, enquanto eu fazia compras. Eu o vi olhando pra mim, eu só podia ver seus olhos, mas eu sabia que era ele. Eu congelei por um momento e, quando comecei a correr na direção dele, ele havia sumido.
Então, no meu segundo dia de estadia em Brighton, quando eu fazia minha caminhada tomando um café, vi um banner discreto escrito “ autografa seus sucessos - apenas hoje!” na única loja de CDs que eu conhecia naquela cidade, eu quase deixei meu coração bater pra fora de mim.
Pela vitrine da loja de CDs, eu conseguia ver pouca coisa. Tinha uma pequena fila, duas meninas que pareciam nem saber o porquê estavam pedindo autógrafos, daquelas que só vê um artista e corre pra se exibir pros colegas depois. Havia uma outra menina, atrás delas, um pouco mais nova que eu e que parecia tão perdida quanto eu , sem nem saber como agir.
Eu fiquei apenas olhando. As duas pseudo-groupies saíram rapidamente, comentando o quanto era lindo e o quão máximo era ter o autografo dele. Revirando os olhos com a falta de sensibilidade delas com a situação, eu voltei a olhar para dentro da loja. Agora eu conseguia vê-lo.
A menina, eu me recordava de conhecê-la vagamente em alguma fila de show, agarrava o braço de com força e tentava fazê-lo olhar para ela. Não tinha sucesso algum com isso. Ele autografou o CD e passou pra ela sem encará-la, sem levantar os olhos. Ele sabia que ela não era uma abutre de autógrafos, sabia que ela era fã.
A garota murchou, soltou o braço dele, pegou o CD e marchou até a saída. Quando ela passou pela porta, seu olhar cruzou o meu e eu vi um brilho de reconhecimento neles.
- Eu sinto muito - Sussurrei pra ela.
Ela concordou com a cabeça, dei de ombros e soltou um sorriso triste.
- Eu também. - Disse - Você vai tentar, certo? Se tem alguém que pode quebrar isso com eles, principalmente com o , é você.
Ela olhava pra mim tão esperançosamente que meu coração doeu ao perceber que ela me via como a última esperança. Ela e talvez centenas de outras meninas esperavam isso de mim, enquanto eu estava na inércia, incapaz de tomar uma atitude.
E olhando nos olhos chorosos daquela garota, eu finalmente fiquei com raiva.
- Vou precisar de ajuda.
O sorriso dela foi maravilhoso. Rapidamente, ela me deu seu número e disse que ainda mantinha contato com um monte de meninas, e que qualquer coisa que eu precisasse, seria de fácil realização. Agradeci e entrei na loja de CDs, sentindo que ela tomara meu lugar na observação.
Ainda tomada pela raiva, peguei o primeiro CD do McFLY que eu vi, um Radio:Active, e me dirigi à .
- Por favor, gostaria que você escrevesse o seguinte: “Para a minha favorita, desculpe por ter sumido sem dar uma explicação decente e nem atender às suas ligações. Sou um imbecil. Com amor, ”.
Foi como se tudo estivesse se passando em câmera lenta. Eu sabia que havia sido o suficiente para quebrá-lo. Ele chegou a encostar a caneta no encarte, mas na quarta palavra, ele congelou, porque era assim que ele me chamava, favorita, porque eu dizia que ele era meu favorito.
Eu admirava cada simples detalhe que ele pudesse demonstrar como reação a mim. abriu a boca e fechou os olhos com força, quase como se implorasse que eu fosse uma miragem. Eu não era.
- ... -Ele sussurrou, ainda de olhos fechados, sem realmente necessitar me ver para ter certeza que era eu.
Eu sorri, quase sadicamente. Eu tinha esperado tanto tempo pra vê-lo, esperando-o retornar da tal viagem que eu sabia que não era exatamente uma viagem, e sim uma fuga. E, agora, ali estava ele, parecendo tão em pânico quanto eu, como se esperasse tanto esse reencontro quanto eu, mas não soubesse qual seria a minha reação a isso.
Eu tinha muito medo de qual seria a reação dele.
- “” o quê, ? - Eu perguntei, soando muito irritante - O que você acha que pode dizer pra mim? Ou será que você pretende me contar como sua viagem longa foi maravilhosa?
Eu estava magoando-o e eu sabia disso. Eu não queria agir assim, mas eu precisava colocar algumas coisas pra fora. Coisas que estavam presas em mim nesses últimos três anos.
- Eu... Eu sinto muito - Ele sussurrou. – Eu... Eu...
E, então, ele abriu os olhos e os levantou para me olhar. Nós nos encaramos pelo que pareceu um bom tempo, não sei dizer sem que ninguém falasse nada, ele apenas ficou me olhando com os olhos magoados pelo tempo e pelas minhas palavras e eu o encarava de volta, tão magoada quanto. Eu já estava quase chorando quando senti alguém me cutucar. Desviei o olhar e haviam duas abutres de autografo atrás de mim.
- Ótimo - Eu disse, com a voz embargada, fingindo que estava tudo bem. Puxei o encarte e o CD da mão dele - Você não precisa fazer isso, se não quiser. Não é como se eu não tivesse um desses em casa.
Com as mãos tremulas, encaixei o encarte no CD e virei-me pra ir embora, colocando o CD em uma prateleira qualquer.
- Espera! - Ele chamou. Eu não dei ouvidos, eu queria sair dali, onde a garota ainda me esperava. Eu tinha certeza que se eu precisasse chorar e gritar com alguém, ela me aceitaria. - , ESPERA! - E, então, eu senti a mão dele fechar sobre meu pulso e o solavanco que foi o puxão que ele me deu, fazendo com que meu corpo encostasse ao dele e eu estremecesse. - Eu... Não sei o que te dizer. Eu... Tenho sido um idiota, mas... Por favor, me deixe falar com você. Eu... Saio daqui à uma hora. - Ele parecia muito incerto sobre o que falar, mas as reações do meu corpo ao dele, e as do dele ao meu, parecia que havia lhe dado certa força - Então a gente pode sair pra tomar... - Seu olhar bateu no copo de café que eu ainda mantinha em minhas mãos. Eu admirei suas sobrancelhas arquearem, meio boquiaberta - Café? Desde quando você toma café?
A resposta verdadeira e automática seria: “Desde quando você foi embora, eu cai da escada e perdi o bebê seu que eu estava esperando. Aí, toda noite, eu tinha pesadelos comigo sangrando meu bebê pra fora e você apontando pra mim e rindo, então eu tomava café pra não dormir”, mas achei que podia ser traumatizante para ele, então apenas engoli o que eu queria dizer, sacudi a cabeça, afastando as lembranças daquele pesadelo, suspirei e formulei uma resposta menos dolorosa.
- Você não vai querer saber - Eu lhe disse.
Eu o vi engolir em seco, meio abobalhado com a minha resposta dura, que eu pouco me importava se havia soado seca demais. Três anos se passaram desde a última resposta seca que havia me dado e tinha muita coisa que não me descia muito bem daquilo tudo. No fundo, o que eu mais desejava eram respostas, entender o porquê eu fora abandonada sozinha. Eu não era boa o suficiente?
Desculpas seriam suficientes para que eu esquecesse o que eu havia passado?
- Ahm... Okay. Mas a gente pode ir comer pizza. Você ainda gosta de pizza, não gosta?
Sorri de lado. Era um convite para um encontro ou ele apenas queria conversar? E, se fosse um encontro, se ele tentasse me seduzir com suas palavras doces ao pé do ouvido, suas carícias sempre nos lugares tão corretos... Será que eu iria ceder?
Quando eu não cedia?
- Gosto. - Sussurrei.
Ele sorriu e, por três segundos, quando senti a mão dele soltar o meu braço e perpassar sobre minha cintura, eu achei que ele ia me beijar. Eu me retrai e virei o rosto pra outro lugar, deixando-o ligeiramente desconcertado. Eu havia aceitado ouvir o que ele tinha pra dizer. Só isso.
É claro que eu apenas estava me fazendo de difícil enquanto eu ainda conseguia resistir. Há drogas, nessa vida, que são quase impossíveis de se recuperar. Heroína era uma dessas; com certeza era outra.
- Legal. Então... Você quer me esperar ou, sei lá, dar uma volta e eu te pego em casa ou a gente se encontra...?
Pela quantidade de opções, ele estava obviamente nervoso que eu pulasse para trás a qualquer momento, já que essa não era seu feitio. tinha a mania extremamente charmosa e confiante de escolher qualquer lugar e fazer você aceitar. Se ele falasse “Vamos ali, naquele motel à beira da estrada, onde as camas rangem e quebram e está tudo sujo de outros homens que passaram por ali”, você provavelmente diria sim. Como? Eu não sabia dizer, mas ele tinha o dom de te convencer a fazer qualquer coisa na companhia dele.
- A gente pode se encontrar lá. - Eu disse.
Eu queria ficar e assistir ele dando autógrafos - uma das coisas que eu mais adorava! -, mas eu precisava dar uma respirada. O clima ficaria estranho, de qualquer maneira, se eu ficasse, já que não haviam muitas pessoas indo até ele e nossa conversa seria um pouco sentimental demais, se dependesse de mim, o que não deixava ser possível que ela acontecesse ali.
Ele podia, também, me pegar em casa. Mas isso daria uma abertura a ele, e eu não queria me sentir mais vulnerável do que eu já estava.
Ele concordou com a cabeça, parecendo desapontado com essa resposta.
- Tudo bem. - Ele olhou no relógio. – Tem uma Domino’s aqui na esquina...
A maneira como o lugar foi sugerido me assustou. Eu levantei meu olhar para e ele quase evitava que seus olhos encontrassem com os meus, mas deixou-os sorrir para mim por um momento, como se aquele fosse o ponto crucial que faltava para que eu o ajudasse. Eu soube, naquele momento, que, o que havia de errado, era muito pior do que eu pensava. Havia algo de errado com , entranhado nele, de forma que mudou completamente seu comportamento comigo.
Ainda esperei, pensando que deveria ser apenas uma insegurança momentânea devido ao tempo que ele se mantivera afastado – e à forma em que isso se fez -, mas nada aconteceu. Franzi minha testa e concordei com a cabeça, estranhando em ter, com ele, a opção de não ser totalmente dominada e convencida por seu charme irreparável.
Tinha algo muito errado e eu precisava entender.
- Tá. - Sussurrei. – Na Domino’s está ótimo pra mim.
Ele sorriu de forma doce, um dos sorrisos mais raros do e isso quase, eu disse quase, me derreteu toda. Ele arriscou colocar uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e eu abaixei os olhos, quase incomodada com aquele carinho tão comum entre nós dois, tão cheio de memórias e tão íntimo. Senti meu corpo estremecer, desejando-o quase que de uma forma irreal, mas eu não podia. Não enquanto não compreendesse.
- Seis e meia está bom pra você? – Perguntou-me, sussurrando.
Perguntei-me se era proposital. Se ele ainda sabia o que ele conseguia fazer comigo ou se ele não tinha intenção e eu só estava tendo que respirar fundo pela situação em que me encontrava. Perguntei-me se ele estava sussurrando por estar desejando-me tanto quanto eu desejava-o. Levantei meu olhar e ele sustentou-o, um brilho quase melancólico iluminando seu olhar. Suspirei.
- Está ótimo. – Murmurei, o som quase não saindo da minha boca. Percebi seu olhar em meus lábios e balancei a cabeça. – Eu preciso ir. – Completei, antes que aquilo virasse um desastre maior do que já estava.
Tentei me desvencilhar de para encontrar meu caminho até a saída, mas, seu braço que me impedira de sair antes, continuava a me segurar com força. Olhei para mão em meu braço e ele soltou-a, mas antes que eu pudesse escorregar até a porta, ele passou seu braço pela minha cintura e puxou-me de encontro ao seu corpo, de uma maneira tão confiante que quase parecera meu de volta. Eu sorri, por dois segundos, de encontrou ao seu peito e ele encostou sua bochecha na minha, passando o nariz de leve em meu rosto de uma maneira tão carinhosa e rara que quase me fez chorar. Minha respiração estava rápida, desejosa por ele, e não pude evitar que minhas mãos se posicionassem em seu ombro, abraçando-o de volta.
Ele podia me beijar, se ele quisesse. Talvez, depois de cinco minutos afastada dele, eu me arrependeria por tê-lo deixado se aproveitar da minha carência, mas eu não me importaria se ele o fizesse agora.
Por sorte, sempre fora cavalheiro e sempre respeitara limites imaginários que eu nunca impunha. Ele simplesmente sabia o que eu queria, na hora que eu queria e, naquele momento, acho que ele pensou que fosse melhor não correr com as coisas, dando-me um beijo no canto dos lábios.
Soltei um montante de ar, dividida entre o alivio e o pesar. Ele encostou o nariz no meu, parecendo não disposto a me soltar ou me deixar ir, nem que fossemos nos ver em uma hora e meia. Levei minhas mãos ao seu rosto e acariciei-o, reconhecendo todos os traços que eu tanto dedilhara e já decorara.
- Eu mal posso esperar – Ele sussurrou, a voz tão deliciosamente cheia de promessas para aquela noite.
Ele soltou-me e eu, trêmula, apoiei-me em uma prateleira enquanto ele me encarava, ainda sorrindo docemente. Em seus olhos, eu podia ver que ele desejava me abraçar de novo e nunca mais me soltar. Se meu orgulho não me segurasse, eu poderia dizer: Sim, , nunca mais me solte!, mas eu não podia. Ele me magoara e ainda não me dera motivos para confiar nele outra vez.
- Não brinque com meus sentimentos, . – Eu sussurrei, os olhos fechados, quase que como um desejo de aniversário.
Ele estava sorrindo quando eu abri os olhos. Desde a minha entrada, aquele era o primeiro sorriso que lhe tocara os olhos e isso fez meu coração parar de bater por alguns segundos.
- Eu nunca brinquei. – Disse-me.
Só então recordou-se de que tinha “fãs” para atender e voltou para mesa, andando de costas e sem tirar os olhos de mim, onde as duas abutres me encaravam quase que com raiva. Eu não as culpava, ele tinha todo o seu charme e ficava completamente maravilhoso de blusa social azul.
Ele esbarrou na mesa, quase caindo, e eu ri baixinho. Ele voltou a me encarar, o sorriso brilhando em seus olhos. Eu sacudi a cabeça, encenei um levo aceno de despedida e me virei pra saída.
A garota me esperava quase dando pulinhos. Eu acenei pra ela me seguir e nós paramos assim que eu senti que saíra do campo visual de .
- MEU DEUS O QUE FOI AQUILO? - Ela berrou.
Com as mãos, eu fiz sinal para ela falar mais baixo.
- A gente vai se encontrar mais tarde pra comer pizza. - Eu disse. Ela quase mordeu as próprias mãos de excitação - Vou tentar entender o que aconteceu com eles pra descobrir como consertar. Eu te ligo mais tarde... Ou amanhã - Ela sorriu de lado e entendeu completamente o que eu quis dizer com “amanhã”.
- Provavelmente amanhã - Ela disse, rindo e acenando, descendo a rua.
Chutei uma pedrinha, vendo-a se afastar.
- Provavelmente amanhã - Repeti.
Capítulo Dois
Acertando as contas
Eu lancei uma última olhada para , pela vitrine da loja de CDS e peguei-o me olhando descaradamente, enquanto tentava assinar os CDs que as abutres de autógrafos esfregavam na cara dele. Ele sorriu, meio desajeitado, e eu balancei a cabeça, tomando todo o restante do meu café em uma só golada, antes de arremessar meu copo na lixeira que estava alguns passos à minha frente.
Com um suspiro, olhei para de rabo de olho e ele me acenou. Não pude evitar sorrir, antes de esfregar meu rosto e sair andando. Que diabos eu estava fazendo?
Encostei minhas costas na parede da loja ao lado, tentando colocar meus pensamentos, em pânico, na ordem em que eles deveriam estar. . Eu havia acabado de ver , quase beijar ... Depois de três anos.
Minhas pernas ainda estavam bambas e meu coração estava quase acelerado demais. E sabe aquele sorriso bobo? Pois é.
- Moça, você está bem? – Uma senhora me perguntou, saindo da loja onde eu parara para me escorar.
Concordei com a cabeça e o meu sorriso a fez sorrir espertamente de volta. Oh, ela sabia o porquê eu estava parada por ali.
Mas eu deveria estar sentindo todas aquelas coisas estúpidas de novo? ... simplesmente tinha me ignorado e desaparecido no momento que eu mais precisei dele. Olhei para a porta da loja de CDs, vendo as abutres saindo tagarelando. Elas me viram e lançaram olhares maldosos pra mim. Certo, acho que eu deveria estar indo pra casa.
Continuei o caminho, abraçando-me. Eu deveria estar indo mesmo a esse encontro? Quero dizer... Durante todo esse tempo, eu ansiei por ter de volta, mas ele merecia que eu me rendesse?
Apesar de tudo, eu precisava entender. Por mais que magoasse, doesse, eu precisava saber o que havia acontecido ou o que eu tinha feito de errado para todos desaparecerem e se afastarem daquele jeito. E por que também?
Antes de virar a esquina, na praia, eu deixei-me encarar a placa da loja mais uma vez. Eu poderia ser capaz de perdoá-lo por ter me deixado?
Eu queria poder.
Cheguei em casa ainda sem entender muito bem o que estava acontecendo. Estava tentando organizar meus pensamentos, mas a única coisa que brincava na minha cabeça era um dourado e chamativo: “!”. estava de volta e eu tinha um encontro com ele.
Lá estava o sorriso idiota no meu rosto mais uma vez.
Então, eu precisava me arrumar. Não foi muito difícil escolher uma roupa, já que eu tinha poucas opções para sair e “sair pra um encontro” diminuía ainda mais. Escolhi um dos meus vestidos favoritos, um branco, e calcei uma sandália prata que só Deus sabe o porquê a trouxe, mas agradeci que ela estivesse comigo.
Quando eu finalmente sai para a Domino’s, já passara da hora marcada. Com meu magnifico salto, e meu senso de direção totalmente despirocado, cheguei ao local com vinte minutos de atraso e com o coração na boca.
- Ahn... - Eu murmurei para a recepcionista, assim que entrei. - Sr. ?
Eu não fazia ideia se ele havia sequer feito uma reserva ou se havia comunicado que estava me esperando, eu só sabia que eu não poderia sair por aí procurando-o... E se ele não estivesse lá e eu fizesse papel de boba? Respirei fundo e recolhi toda a minha dignidade à minha postura. Tentei fingir que eu pouco me importava com esse encontro, mas, no fundo, eu sabia que era mentira. Eu estava vestindo o meu melhor vestido, meu melhor par de sapatos e ainda acrescentara ao look o meu sobretudo, a peça de roupa mais cara de todo o meu guarda-roupa. A quem eu estava enganando? Eu saíra de casa para impressionar.
- Ah, sim, claro - Ela sorriu. Chamou um maître delicadamente - A acompanhante do Sr. chegou.
O maître reverenciou-me, fazendo com que eu corasse. Nem um pouco acostumada com aquilo, afinal, a Domino’s normalmente era entrar, comer e sair, mas... Bom, aquilo tinha dedo do .
- Pode me acompanhar, senhorita, por favor? - Ele perguntou-me, educadamente.
- Claro. - Sussurrei.
Entrei na Domino’s e na parte inferior, só conseguia ver famílias se divertindo com pizzas e tudo mais que se podia comer de gostoso naquele lugar. Ele guiou-me até o segundo andar e esperou até que eu o alcançasse com meus saltos já machucando meus pés. Naquela parte especial da pizzaria, tudo era mais sério e romântico, o clima perfeito para um encontro. Havia poucos casais e, do outro lado da sala, olhando o relógio, estava .
- Gostaria de tirar o agasalho, senhorita? - Perguntou-me, o maître.
levantou o olhar para mim, naquele momento, e sobressaltou-se.
- Sim, por favor. - Eu disse, desabotoando o sobretudo ao mesmo tempo que o maître o puxava delicadamente pelos meus ombros. levantou-se em um pulo.
Respirei fundo e olhei novamente para ele. Ele me encarava avidamente, parecendo realmente tentado em não esperar que eu andasse até ele.
- Seu acompanhante parece um pouco ansioso pela sua presença - O maître disse, fazendo-me rir. - Se puder ir até ele, estarei lá em poucos minutos para anotar seus pedidos.
Concordei com a cabeça e caminhei até , achando que o vestido branco, apertado no quadril e quase curto demais não fora uma boa ideia. Eu não costumava usar roupas curtas, aquele vestido era realmente o que eu tinha de mais curto no armário e ele disfarçava um pouco a falta de pano com babados. Mas a forma com que parecia indeciso entre olhar para o meu rosto ou as minhas coxas me fez repensar se havia sido uma boa escolha.
Ok, branco era a minha cor. A maior parte das roupas brancas vestiam maravilhosamente bem em mim e me deixavam bem mais bonita que o normal. Mas eu tinha outros vestidos maiores. E eu ainda podia ter optado por uma calça jeans.
Não, nada de calças jeans.
Respirando fundo, eu alcancei a mesa de , ele ainda me encarando avidamente (agora disfarçando melhor as olhadas para minha coxa) e eu precisei dizer algo.
- Desculpe pelo atraso - Foi a única coisa que passou pela minha cabeça, com ele me olhando daquela forma.
Ele olhou-me, de cima a baixo, fazendo com que eu me arrepiasse. Havia algo em seu sorriso que prendeu meu olhar e me fez segurar a respiração por alguns momentos, antes de soltar todo o ar que eu havia retido com força.
- Bom, se foi pra ficar linda assim... Eu desculpo qualquer coisa.
Eu sou idiota por deixar meu coração bater mais forte e corar?
Ele apontou para que eu me sentasse no canto. O sofá era em V, então, eu me sentando no canto, ele podia tanto conseguir olhar pra mim quanto... Abraçar-me ou qualquer coisa que quisesse.
Eu sabia que ele mal conseguia esperar pra fazer qualquer uma das coisas depois de abraçar. E eu não podia dizer que não estava ansiosa também.
Sentei-me no canto e ele só se sentou depois disso, seu joelho encostando-se ao meu. Ele sorriu pra mim, só por um segundo, então pegou o cardápio da Domino’s.
- ... - Eu sussurrei. Ela não voltou o olhar pra mim, mas eu sabia que ele estava me ouvindo. - , nós precisamos conversar.
E a resposta dele foi:
- Qual sabor de pizza você quer? Eu sei que você prefere calabresa, mas eu queria algo um pouco diferente. Chocolate? Você não come pizzas doces, não é? Que tal essa de...
- ? - Eu chamei-o, de novo.
Ele respirou fundo e abaixou o cardápio.
- Eu sei, ok? - Ele murmurou, batendo com o cotovelo na mesa, bufando e encostando a testa no punho fechado. - Eu só... Será que a gente não pode escolher a pizza primeiro? Do que você quer?
Automaticamente, como todas as vezes que me perguntaram isso antes, eu respondi:
- Calabresa.
riu gostosamente, voltando a deixar a mão cair sobre o colo, esbarrando levemente na minha perna e arrepiando os pelos da região.
- Como você é chata!
Ele fez um sinal pro maître e pediu a pizza. E vinho.
Ele sabia que eu tinha baixa resistência ao vinho.
O maître se afastou e continuou olhando pra lugar algum, evitando-me.
- - Chamei-o, novamente.
Ele olhou pra mim, quase saindo de um transe e suspirou pesadamente. Sua mão direita procurou minhas mãos, pousadas em cima da minha coxa e apertou uma delas com força.
- Eu não sei nem por onde começar. - Ele sussurrou.
Trêmula com o simples cansaço e com o nível de fragilidade que ele demonstrava no olhar. Eu não podia não notar o quanto ele estava diferente. A segurança que ele estava tentando demonstrar não estava ali, não era natural. Ele estava quase aos pedaços e, ao soltar aquela frase, quase que como um sussurro, ele deixou transparecer coisas que prenderam a batida do meu coração por alguns momentos.
- Pelo começo. - Eu sussurrei.
Ele acenou afirmativamente com a cabeça e abaixou-a, mordendo os lábios por um segundo, aparentando estar muito nervoso. O aperto em minha mão intensificou-se um pouco mais.
- Por favor - Ele sussurrou, a voz cheia de emoção. Um tom implorativo que arrepiou os cabelos da minha nuca - Por favor, não me odeie.
O pedido me corroeu e me assustou. Se ele havia me deixado e eu estava aqui, o que poderia ser tão terrível para que ele implorasse que eu não o odiasse?
- Eu... Não sei - Sussurrei - Não sei o que você vai me dizer, , mas eu não... Posso prometer isso. Eu posso prometer tentar entender e não te odiar, mas... Eu vou tentar, muito. Eu juro.
Ele concordou com a cabeça e voltou a me olhar. Seus olhos, olhos de um tom tão puro que sempre me fizeram estremecer, estavam marejados, lágrimas de medo e por remexer no passado queriam escapar, mas ele estava lutando bravamente com cada uma delas. Naquela distância, não que fosse muita, eu sentia seu coração batendo mais apressadamente e com muito mais força.
- Do começo... Certo. - Ele respirou fundo, fechando os olhos. Seus cílios molharam-se, mas nenhuma lágrima escorreu - Bom...O começo foi... Por que você não foi ao show daquela noite?
Aquela noite não precisava de especificação e, embora eu soubesse que o assunto viria mais cedo ou mais tarde, eu não esperava que fosse tão cedo.
- Eu... estava enjoada - Sussurrei, fechando os olhos.
Senti o suspiro de .
- Certo, então...
- - Eu chamei, interrompendo-o. Eu precisava falar. Se eu não falasse ali, talvez eu nunca mais conseguisse. Abri meus olhos, sentindo minha respiração acelerar. Ele apertou minhas mãos com força, sentindo meu nervosismo. Seus olhos me perguntavam o porquê. - Eu... Eu estava enjoada porque... eu estava grávida.
Ele piscou algumas vezes, absorvendo a informação.
- Meu? - Perguntou inocentemente. A pergunta não fora ofensiva, parecera mais uma confirmação do óbvio, então eu concordei com a cabeça prontamente. Um sorriso leve surgiu em seus lábios. - Onde está? Eu quero... Conhecer.
Eu fechei os olhos com força e duas lágrimas escorreram por eles. Neguei veementemente com a cabeça.
- Não? - Ele perguntou, confuso. - ... , por que você está chorando? Você... Você está me dizendo que... Tirou? Eu...
Eu gemi com o desespero dele. Neguei com a cabeça de novo e deixei-me escorregar, encostando minha testa em seu ombro. Nervoso e sem saber o que estava acontecendo, seus braços me abraçaram, indecisos se era a coisa certa a se fazer.
- Eu... perdi. - Sussurrei.
Seus braços ficaram mais firmes ao meu redor e ele acariciou-me, passando os dedos pelo meu cabelo, pacientemente esperando me acalmar.
- Por favor, me diz que não foi culpa minha. - Ele sussurrou, a voz rouca de emoção.
- Não foi - Eu sussurrei. Encostei minha cabeça no pescoço dele, percebendo o quanto eu sentia falta dos dedos dele mexendo em meu cabelo. Suspirei - Depois que eu desisti de ligar pra você, eu recebi uma ligação... Falando que as meninas tinham sofrido um acidente de carro, onde a Briella tinha morrido e a Annie e a Verna estavam em estado grave. Eu... Eu entrei em pânico e sai correndo escadas abaixo e caí.
Engana-se quem pensou que eu disse isso serenamente. Cada palavra fora um soluço e torrentes de lágrimas. Eu nunca superaria aquilo, de forma alguma. parara de acariciar meus cabelos e eu me afastei, para encará-lo. Ele estava em choque e, quando eu desviei o olhar dele para tentar me acalmar, percebi que o vinho e duas taças haviam sido colocadas na mesa, junto com uma caixa de lenços de papel.
Puxei um bolo de lenço e tentei enxugar minhas lágrimas e assoar, levemente para não parecer mal educado, o nariz. Só então eu voltei a olhar pra .
- Foi minha culpa - Ele sussurrou. - Eu acabei com tudo, eu destruí tudo. , eu sinto muito. Eu... Não deveria ter marcado isso. Eu não mereço você, o seu amor ou o de qualquer outra pessoa.
Ele tentou levantar-se, mas segurei seu braço.
- Por favor - Eu sussurrei - Não.
Com o meu pedido, ele se jogou contra o sofá. Apoiou os cotovelos no joelho e enterrou o rosto nas mãos, respirando muito pesadamente. Eu peguei uma taça de vinho e encostei minha mão em seu ombro, fazendo-o levantar o olhar pra mim.
- Tome. - Eu ofereci-lhe a taça. - Por favor, eu preciso entender. Me conte.
Ele olhou pra mim, mas pegou a taça. Totalmente incerto do que estava fazendo, ele sentou-se ereto, tomando uma boa golada do vinho, antes de voltar a me encarar.
- Eu tenho tanto medo de você me odiar... - Ele sussurrou.
Eu sorri de lado.
- Eu já tentei te odiar, - Sussurrei, pegando a mão dele e apertando-a junto a minha. - E olha onde eu estou agora.
Ele riu e apertou minha mão de volta. Mas, olhando em seus olhos, eu sabia que ele havia rido de nervosismo. Com um suspiro, ele começou:
- Nós dispensamos o motorista naquela noite. A gente costumava fazer isso por causa de vocês, se você não lembra. - Ele respirou fundo e eu apertei mais sua mão, dando-lhe forças. Não conseguia tirar os olhos dele. - e haviam bebido muito e o também estava um pouco alto, sem falar das meninas. Então eu fui dirigindo. Sabe, eu não tinha bebido, porque eu ia na sua casa depois e eu sei o quanto você odeia quando eu fico bêbado... - Ele fechou os olhos e suspirou. Apertou minha mão com mais força, como se não quisesse me deixar fugir. - Nós paramos pra comprar café pro porque ele ficava reclamando que queria isso o tempo todo, então eu ia deixar as meninas na casa da Annie primeiro. Só que e tiveram alguma discussão de bêbado e começaram a se empurrar. Em determinado momento... caiu em cima do , que estava sentado ao meu lado. E aí o café dele caiu todo em cima de mim. Eu freei com tudo por reflexo... Tinha um caminhão atrás da gente. Ele não me viu freando ou tentando sair da pista. Quando eu virei, ele acertou a parte de trás da van com tudo, pegando as meninas. Eu liguei pra ambulância e depois liguei pro nosso empresário pra contar o que aconteceu. Ele tirou a gente de lá e abafou que nós estávamos na van. Os meninos começaram a brigar comigo e entre eles e todos resolveram que eu era o culpado. A única coisa decente que eu consegui falar foi: “Estou fora da banda”. E, então saí correndo de lá.
Ele grunhiu e, em choque pela narrativa dele, só então eu percebi que ele estava chorando. Puxei-o e deixei que ele encostasse a cabeça em meu colo, enquanto eu acariciava seus cabelos. , que eu nunca havia visto derramar uma lágrima sequer, chorava feito criança. E, enquanto eu esperava ele se acalmar, eu vi o maître, discretamente, deixar a pizza sobre a mesa.
- Você devia... Ter... Falado comigo - Eu sussurrei, quase debulhando-me em lágrimas por finalmente ter entendido tudo que havia acontecido.
Ele grunhiu e se afastou, olhando-me nos olhos, seu rosto totalmente molhado pelas lágrimas, mas aparentemente sem derramar novas.
- Eu não conseguiria nem olhar pra você. - Ele sussurrou - O que eu te diria quando você chorasse por ela? “Desculpe, eu estava dirigindo o carro e olhe para mim, estou inteiro!”. Foi tudo minha culpa. Eu não sei nem como eu consigo falar com você agora.
Eu balancei a cabeça, negando veementemente.
- Você não tem culpa de nada, . Você fez o mais sensato na hora... Você... Podia... Eu... Café... Hm – Eu não consegui formar uma frase decente. Eu estava tentando perdoá-lo, com tudo que eu tinha, mas talvez ainda demorasse até que eu pudesse confiar em sua presença outra vez. - Você devia ter ido até mim. Eu ajudaria você. Eu precisava de você. Eu... Preciso de você.
Com essa declaração, ele abriu os olhos, e lá estava o brilho diferente deles, aquele que me fazia estremecer até mesmo á distância. E, sem mais nem menos, ele simplesmente cruzou a distância que nos separava e grudou os lábios nos meus.
Confesso que gemi ao sentir todas as sensações que só ele me causava, com aquele simples toque, depois de tantos anos. Ele mordeu meu lábio inferior levemente e eu me retesei, minha mão já em seu peito, mordendo meu próprio lábio, sentindo seu gosto nele.
Assustado por eu ter separado nossos rostos, ele se afastou, tirando seus braços de volta de mim. Confusa, abri os olhos e ele me encarava avidamente, o brilho ainda em seus olhos.
- Me desculpe - Ele sussurrou, com a voz rouca - Eu... Não consegui resistir. Você... Você disse. E eu não tinha esse direito, quero dizer... Eu fui embora e eu nem sei se você tem outra pessoa, ou...
Então era esse o problema? Eu me perguntei, enquanto encostava meu indicador em seus lábios, calando-o.
- Você lembra o que eu te disse quando você me beijou pela primeira vez? - Eu disse. O sorriso formado embaixo do meu dedo me deu certeza que ele lembrava, então afastei minha mão e enlacei-a a dele. - Eu nunca superei você, . Eu não consigo nem pensar em tentar colocar outra pessoa nesse lugar. Ele é seu.
Ele sorriu ainda mais e se aproximou. Em reflexo, apertei meus olhos, mas seus lábios não chegaram aos meus. Eu sentia sua respiração próxima, mas não atrevi-me a abrir os olhos. Ele apertou minha mão com mais força e eu entendi que ele procurava um certo autocontrole para não me beijar. Quando eu apertei sua mão de volta, na verdade, eu queria dizer algo como “Vamos, desista, beije-me logo!”.
Eu abri os olhos e vi-o me encarando de tão perto que tive que ficar ligeiramente vesga para identificar a cor de seus olhos. Seus lábios estavam a milímetros do meu e, totalmente rendida, eu deslizei minha mão livre para a sua nuca.
- Eu acho... - Ele sussurrou e o movimento de seus lábios fez os fez roçarem nos meus. Suspirei pesadamente e ele envolveu meu lábio superior nos seus lábios e sugou-o levemente, incapaz de se conter. Fechei meus olhos para que ele não pudesse ver que eu os havia revirado - Eu acho... - Ele voltou a sussurrar, agora à uma margem mais segura dos meus lábios, mas sua respiração acelerada me fez estremecer - Acho melhor... Comermos agora. Não acha?
E, com isso, ele se afastou. Abobalhada, eu abri os olhos e o vi lambendo os lábios, se controlando enquanto olhava avidamente pra mim. Entendendo o que havia acontecido, arregalei meus olhos e agarrei minha taça de vinho, bebendo todo o conteúdo dela com o máximo de rapidez que consegui.
Quando terminei, me olhava segurando o riso. Coloquei a taça em cima da mesa com toda a delicadeza que eu podia ter no momento. Fechando os olhos e balançando a cabeça com um sorriso, eu sussurrei:
- Olha o que você faz comigo, .
Ele riu mais abertamente e pegou seus talheres, olhando para pizza.
- Eu não tenho pressa - Sussurrou, sem olhar pra mim. Mas seu tom de voz arrepiou todos os pelos em meu corpo. - Ainda não são nem oito horas, . Eu não vou à lugar algum e a noite só está começando...
Com a ameaça explícita dele, eu perdi todo e qualquer apetite que eu pudesse ter. Mas, mesmo assim, peguei garfo e faca e comecei a comer pequenos pedaços de pizza, enquanto reorganizava meus pensamentos.
Em silêncio, encheu nossas taças novamente. Um pouco depois disso, as primeiras perguntas começaram a surgir, um pouco mais claras, na minha mente. Eu sabia, que se eu estivesse totalmente sóbria, eu não teria muita coragem de fazê-las, não tão depressa, sabendo o quanto isso o afetaria, mas eu não estava. E eu estava muito curiosa.
- Eles não tentaram nem continuar a banda sem você? - Perguntei.
Ele levantou o olhar da pizza, confuso. Eu sabia que ele estava indeciso entre gratidão por eu ter cortado o silêncio e magoado pela minha pergunta dura. Vi-o respirar fundo antes de me responder.
- Pensaram em tentar, de acordo com o Fletch. Ele me contou quando foi entregar minha parte do dinheiro... - Ele piscou, demorando um pouco mais que o normal com os olhos fechados - Mas, depois que eu sai, eles continuaram se culpando entre si e não ficou clima algum. A única coisa que eles concordaram foi que não existia McFLY sem os quatro lá. Ao menos isso.
Ele enfiou um grande pedaço de pizza na boca, fingindo não se importar com aquilo.
- Você... Não sente falta? - Eu sussurrei - Quero dizer, eu senti muita falta e eu não fazia, exatamente, parte disso.
Ele concordou.
- Você não faz ideia do quanto eu sinto falta disso - Ele sussurrou, a voz embargada. - Eu queria muito ter tudo de volta, mas... Eu não quero nunca mais ouvir as coisas horríveis que eles falaram pra mim.
Eu concordei com a cabeça e comi mais um pedaço de pizza. Peguei minha taça de vinho para tomar um gole, mas ele segurou na base da taça.
- Não exagere - Ele sussurrou - Não quero você bêbada hoje.
Engoli a seco e, quando ele soltou a taça, eu somente beberiquei o vinho, sem tirar os olhos dele. , também, mal conseguia tirar os olhos de mim, sorriso incapaz de desaparecer de seus lábios.
Eu devia estar parecendo uma estúpida com aquela feição idiota, mas ele só conseguia ficar mais lindo ainda.
- Eu posso continuar com as perguntas? - Sussurrei. - Tem tanta coisa que eu quero saber...!
Ele riu.
- Não posso te negar isso, posso? - Sorrindo lindamente, ele continuou - Você nunca consegue conter suas perguntas, jornalista.
Corei, fazendo-o rir mais. Comi mais um pouco de pizza, enquanto colocava minhas perguntas em ordem. Ele me olhava, aguardando.
- Pra onde você foi? - Soltei.
Ele sorriu de lado e deu de ombros, como se não se importasse.
- Passei um tempo no Sul da França. Voltei pra Londres no natal do ano retrasado - Quando ele disse isso, eu levantei o olhar, lembrando-me de quando havia o visto. Ele sorriu, concordando - Eu voltei decidido a falar com você, te segui um dia inteiro e não consegui... Se eu soubesse...
Eu revirei os olhos, sorrindo.
- Eles te convenceram que você era culpado. - Eu disse - Você só estava com medo que eu tivesse a mesma opinião, certo?
Ele concordou com a cabeça e bebericou um pouco de vinho.
- E você está me assustando com o quão bem você aceitou isso tudo.
Eu respirei fundo. Eu não estava lá aceitando tão bem quanto eu aparentava. Quero dizer, eu ainda achava que não tinha culpa, mas ter entendido tudo e saber que ele estava envolvido no acidente me deixava nervosa. Certamente, não com ele.
Porém, eu havia entendido uma coisa muito básica nisso tudo: Assim como eu havia ficado sozinha por causa das consequências do acidente, o mesmo havia acontecido com .
- Eu acho que você é o que tem menos culpa nisso tudo, . Você só reagiu à situação, qualquer um teria feito a mesma coisa - Eu disse. Ele fez uma careta, como se não tivesse certeza do que eu estava falando. - Mas... E sobre os meninos? Quero dizer, todos sumiram. Você sabe o que houve com eles?
Ele concordou com a cabeça, se distraindo em cortar a pizza. Eu sabia que ele só não queria olhar pra mim naquela hora.
- Eu... Tenho umas pessoas que me contam o que acontece com eles - Ele disse - se mudou pra Itália. Ele tem vivido lá esse tempo todo. esteve nos Estados Unidos por um tempo, depois se mudou para a Alemanha. foi pro Brasil, ficou quase dois anos lá, mas algumas fãs descobriram... Bom, as fãs de lá são um pouco loucas. Uma fã o reconheceu um dia e no dia seguinte, tinha uma centena na porta da casa dele. Aí ele tentou a Austrália, mas aconteceu algo parecido. Agora ele está no Canadá.
Minha vontade era de perguntar como ele sabia tudo isso, mas me controlei, sabendo que eu estava invadindo o espaço dele um pouco rápido demais e remexendo em muitas coisas dolorosas. Então, engrenei outra pergunta:
- E sobre... Fãs? Vocês combinaram, alguma coisa assim? - Perguntei - Porque nenhum de vocês deixa nenhuma de nós sequer chegar perto...
Ele franziu a testa.
- Eles fazem isso? - Perguntou. Eu concordei - Bom, não sei porque eles fazem isso, mas eu... Evito o contato. Tenho medo de... Bom, machucar elas também.
Eu neguei com a cabeça, transtornada. Como ele estava errado!
- Você sabe qual a probabilidade dos mesmos eventos da van acontecerem de novo? É quase inexistente, . - Eu disse, quase ralhando com ele. Ele se encolheu, levemente - Você não tem ideia do quão ruim é o que vocês estão fazendo com a gente.
- Eu nunca fiz isso com você - Ele murmurou.
Eu quase ri da infantilidade da voz dele.
- Mas eu vi você fazendo hoje, com uma menina. - Eu disse. - A gente só quer um pouco de atenção, , e você nem olhou pra cara dela. Você está magoando todas nós assim.
Ele suspirou e concordou com a cabeça, mas eu não tinha certeza se ele realmente tinha entendido o que ele queria dizer.
- Eles... Eles fizeram isso com você? - Ele perguntou.
Concordei com a cabeça.
- Eu os vi algumas vezes. , mais que os outros. Ele nunca me deixou chegar perto, mas... Não posso dizer que ele não... me deu atenção. Eu corri atrás do , uma vez, mas não consegui chegar perto. No dia seguinte, eu estava em um café e ele entrou atrás de mim, sentou na mesa da minha frente, fez uma casinha de waffles e pediu pra garçonete me entregar. - Eu ri, com a lembrança. - Eu vi duas vezes, também, mas ele sempre parece sumir. Mas ele me manda presentes estranhos no natal. Quero dizer, não vem escrito “Do ”, mas eu sei que é dele porque...
- Ele tem o dom de dar os presentes mais estranhos. - completou.
- É. - Eu murmurei.
O assunto morreu por alguns segundos, enquanto nós comíamos alguns pedaços de pizza em silêncio. pareceu muito incomodado, tentando se ajeitar no sofá e, em dado momento, sua perna voltou a encostar na minha.
- A gente pode conversar sobre coisas mais leves agora? - Me perguntou.
Mordi o lábio, e antes que pudesse me conter, eu soltei:
- Última pergunta?
riu gostosamente e, fazendo quase com que eu me sobressaltasse com o inesperado, sua mão posicionou-se em minha coxa, quase no limite do vestido, fazendo com que eu estremecesse e perdesse ligeiramente o foco.
- Vai, manda ver. - Ele disse. O sorriso, esperto, esperava que eu perdesse a pergunta na cabeça por causa daquele contato. Mas eu era esperta.
- Hm... - Murmurei, sacudindo a cabeça - Você... Você disse que estava em Londres, certo? - Ele concordou com a cabeça. - Bom, então o que você está fazendo aqui? Não está me segundo de novo, está? Porque você parecia que não sabia que eu estava aqui quando eu...
Ele riu e concordou com a cabeça.
- Na verdade, eu quero saber o que você está fazendo aqui também. - Disse - Mas, tudo bem, eu primeiro. - Ele limpou a garganta e, sem que eu percebesse, senti seu corpo cada vez mais perto. - Havia uma reunião marcada. Pra amanhã, na verdade. Uma banda queria direito a gravar uma de nossas músicas. Eu iria na reunião, estava achando que eles mandariam os advogados, mas parece que... Não sei, talvez eles não estejam dispostos a ceder a música como eu estava. Eles resolveram, todos resolveram, viajar pra Londres pra reunião. Eu realmente não queria encará-los, então mandei meu advogado e vim pra cá. - Ele deu de ombros e, de onde ele estava, eu já conseguia sentir sua respiração. Sua mão em minha coxa começou a se movimentar, fazendo carinho. - E quanto a você? - Ele murmurou. O tom de voz dele fez meus pelos da nuca se eriçarem.
Demorei alguns segundos pra realmente entender que ele estava me fazendo uma pergunta. E um pouco mais pra entender que pergunta era.
- Bom... - Eu murmurei, tentando botar as ideias em ordem. Ele sorriu, percebendo que eu estava nervosa por causa da proximidade - Minhas matérias não tem estado muito boas... A psicóloga disse que eu estava tendo um colapso nervoso - Eu ri, nervosa - Então, eu ganhei uma semana de licença para eu respirar ar puro e sei lá mais o quê. Aí eu aluguei uma casinha na praia e vim pra cá.
levou a mão que estava livre ao meu ombro. Encostou a dobra do dedo indicador e escorregou-o pelo meu braço. Acompanhei o caminho feito por ele com os olhos, a respiração me faltando e os pelos de meu braço se arrepiando. Ele parou, deixando a mão em minha cintura. Olhei pra ele, quase implorando por mais e ele encarava-me, sedento por cada reação minha.
- Essa foi... - Ele aproximou ainda mais seu rosto - Definitivamente - Ele apertou minha cintura com força, levando a mão que estava na coxa até ela e puxando meu corpo em direção ao dele, fazendo com que eu escorregasse um pouco pelo sofá. Quase deitada, levei minhas mãos ao seu pescoço, olhando-o realmente implorativa - Uma ótima ideia.
Com isso, ele encostou seus lábios nos meus. Dessa vez, ele não se afastou de maneira alguma. Ao invés disso, ele lambeu meus lábios e eu, tão ensandecida quanto alguém poderia ficar, os abri, implorando que ele aprofundasse o beijo.
Sem pestanejar, ele o fez. Meus dedos entrelaçaram-se em seus cabelos, enquanto uma das mãos dele descia de volta pra minha coxa, tentando encaixar-se embaixo do meu vestido, sem sucesso. Ele grunhiu, reclamando e eu ri, encerrando o beijo.
me encarou por alguns segundos, mas seu olhar estava perdido, com um sorriso no rosto. Espelhei seu sorriso e, não resistindo, dei-lhe um pequeno selinho, que o fez rir e voltar a me beijar.
Não demorou muito e eu já estava quase deitada no sofá. Algumas tentativas de de se entranhar entre minhas pernas, totalmente malsucedidas pela posição, fizeram com que eu acabasse com as mesmas sobre as pernas dele, suas mãos tendo muito mais liberdade na extensão agora. Embora não exatamente satisfeito, ele pareceu feliz com aquilo.
Quando senti meus lábios começarem a ficar doloridos pelas insistentes mordidas dele, pareceu perceber que estava exagerando naquela parte e desceu os beijos para meu pescoço. Encolhi os ombros e arqueei meu corpo, sentindo sua língua e seus lábios brincarem com aquela área tão sensível minha. Joguei minha cabeça para trás, fechando os olhos, deixando-a apoiada no encosto do sofá.
beijou toda a extensão do meu pescoço enquanto eu acariciava sua nuca e, parecendo não satisfeito com as minhas reações, subiu uma de suas mãos até meu seio e o apertou. Tive que morder meus lábios para não gemer alto, mas, mesmo assim, o gemido escapou, mais fraco do que realmente seria.
Enlouquecida, curvei-me sobre ele e mordisquei seu nódulo, fazendo-o parar de sugar meu pescoço para gemer. Desci minha mão por seu peito e inseri-a por debaixo da sua camisa, contente em encontrar os mesmos músculos de sempre para arranhar. correspondeu, gemendo entre os beijos e chupões no meu pescoço.
Por debaixo das minhas coxas, sentia a excitação dele crescendo e mal conseguia me lembrar que estava em um local público.
tentou puxar-me ainda mais pra perto de seu corpo, mas nossa posição não nos permitia muito mais. Seus lábios começaram a subir até minha mandíbula e eu apertei minhas unhas contra a sua pele.
Alguém limpou a garganta e eu me sobressaltei, parando de mordiscar a orelha de . Ele, por outro lado, continuou dando beijinhos, seguindo um lento caminho ao meu queixo.
Foi difícil me concentrar no maître corado à minha frente com aquela tortura.
- Desculpem, senhores, mas alguns clientes estão reclamando da sua conduta - Ele sussurrou - Gostaria de pedir, sem ofensas, que se retirassem para um local privado.
Eu concordei com a cabeça, sentindo os lábios de subindo até minha orelha. Ele realmente não se abalou nem um pouco, talvez nem tivesse ouvido o pedido do rapaz.
Minhas mãos se tornaram restritivas, tentando afastar , mas ele continuou não se importando. Deu um beijo embaixo da minha orelha, soprando-a levemente e quase me fazendo perder o foco.
- Eu vou aonde você quiser - Ele sussurrou, mordendo o nódulo da minha orelha. Inconscientemente, minhas unhas cravaram-se nele mais uma vez - Meu quarto, seu quarto... Qualquer lugar.
Ele afastou e encarou-me. Eu estava respirando pateticamente falhado e, quando olhei pra ele, provavelmente pareci uma maníaca.
- Meu. - Foi o que eu consegui sussurrar.
Ele beijou meus lábios de leve e, arrastando-me pela mão, puxou-me para fora do sofá, deixando algumas libras na mesa.
Capítulo Três
Revivendo o passado
- Seu autocontrole me espanta - Eu murmurei, agarrada ao sobretudo que, por pouco, eu não esquecera na Domino’s. riu, colocando seu cinto de segurança e apontando pro meu, para que eu utilizasse. - Ah, nem vem, é só virar a esquina! - Ele tirou a chave da ignição e suspirou, olhando pra mim. - Tá! - Resmunguei, colocando o cinto.
Parecendo cronometrado, o carro foi ligado no mesmo momento que eu encaixei o pino do cinto.
- Só virar a esquina, você disse? Na praia? - Perguntou. Concordei com a cabeça. - E sobre o autocontrole... Alguém precisa ter, ou iríamos acabar transando no carro.
Corei um pouco e olhei para o banco de trás do carro. Era o mesmo de três anos atrás e aquele banco, com toda certeza do mundo, tinha muita história boa pra contar.
- Eu nunca tive nada contra carros, você sabe - Eu disse, ainda meio avermelhada. - Não é como se nunca tivesse acontecido.
Ele gargalhou, fazendo a curva. Apontei para a casa, ainda algumas quadras a frente.
- Depois de três anos, querida. - Ele começou, estacionando o carro em frente à minha casa - Só com uma boa e resistente cama. Só espero que não seja outra de solteiro.
Com os pelos da nuca arrepiados, eu revirei os olhos. Só nós mesmos para conversar tranquilamente sobre sexo antes de... Tirar o atraso de três anos.
- Você vai gostar dela, eu juro. - Eu murmurei.
- Ah, não! - Ele murmurou, tirando o cinto. - É de solteiro, não? Você sabe que eu detesto, vamos pro meu hotel!
Rindo, eu abri a porta do carro e, antes que eu percebesse, lá estava ele, tentando fechá-la.
- Cala a boca! - Eu ralhei - Se você continuar com isso, não vai ter nada!
Eu empurrei a porta do carro e caminhei até a casa, sentindo ele me seguindo apenas pela sua risada.
- Para de doce - Ele murmurou, me abraçando por atrás assim que eu alcancei a porta. Seus lábios encontraram-se em meu pescoço. - Eu sei que você quer tanto quanto eu. Mas se for cama de solteiro, eu prefiro o carro.
Rindo, enquanto tentava me concentrar pra abrir a fechadura com os lábios dele me torturando em meu pescoço, eu estapeei a mão que ele colocou em minha cintura, puxando meu corpo mais junto pro dele, fazendo com que eu sentisse toda a sua excitação e demorasse ainda mais no processo de abrir a porta.
- Eu já disse que você vai acabar ficando sem nada - Eu disse com o pouco de dignidade que eu ainda tinha.
Nesse momento, a porta fez o barulho de que havia sido destrancada e eu girei a maçaneta. Três segundos depois, a porta estava fechada novamente, mas eu estava do lado de dentro, com as costas encostadas na parede e imprensando e insinuando seu corpo contra o meu, enquanto seus braços se posicionaram em um de cada lado do meu corpo, prendendo-me, e seus lábios, extremamente provocantes, mantiveram-se distantes, mas apenas por alguns milímetros.
- Mesmo? - Ele sussurrou. Sua voz estava rouca apenas com a nossa proximidade e isso arrepiou todos os meus pelos. Minhas mãos, inúteis em serem duronas, foram aos seus ombros sem nem pestanejar - Não acho que você esteja muito disposta à resistência hoje à noite.
Ele tinha totalmente razão. Mas eu virei o rosto pra ele, resistindo com o que restava do meu orgulho. Isso só o fez rir, apertar mais meu corpo entre ele e a parede e morder levemente meu pescoço.
Maldito. Me fez gemer.
- Idiota - Eu murmurei após o gemido.
Ele riu baixinho e pegou meu queixo com os dedos, forçando-me a encará-lo.
- Me desculpe por isso - Ele sussurrou. Ele fechou os olhos e eu acabei fechando-os, esperando seus lábios. Não percebi que não era sua intenção. Ele apenas encostou sua testa na minha, o nariz no meu e eu senti-o respirar profundamente - Por ter deixado você quando eu sabia que você precisava de mim. Eu fiquei tão assustado com tudo e me convenci que era o melhor pra nós dois. Que você ia perceber que era tudo culpa minha e ficar com raiva e o tempo ia te deixar com menos raiva e eu voltaria e nós ficaríamos juntos de novo. Ou não. O que fosse melhor pra você.
Meu corpo gritava pelo dele e eu sabia que ele também não devia estar em uma situação muito melhor, principalmente depois que minhas mãos deslizaram sozinhas para sua nuca e começaram a acariciar e se entranhar em seu cabelo. Mas, mesmo assim, ele tinha toda a paciência do mundo comigo. Perguntei-me, quantas vezes, daqui pra frente, teria que ouvir seu pedido de desculpas.
- Não foi o melhor pra mim - Eu sussurrei. Devo dizer que corei com o estado de calamidade da minha voz.
- Nem pra mim - Ele murmurou. Seus lábios encostaram-se nos meus por um milésimo de segundo, me fazendo apertar meus dedos em seus cabelos - Mas agora eu estou aqui. E você não está com muita raiva.
Seus lábios encostaram-se, rapidamente, novamente nos meus. Suas mãos deslizaram pra minha cintura, puxando-me mais pra perto. O que foi bom porque eu estava achando que não conseguiria ficar em pé sozinha por muito mais tempo. Acho que também sabia disso.
- Só um pouquinho - Eu disse.
E era isso. Ele sempre conseguia tirar a verdade de mim daquela forma. Ou com técnicas de persuasão muito boas, um pouco diferentes daquela que ele estava aplicando.
- Só um pouquinho, huh? - Ele murmurou. A mordida no meu lábio inferior me dizia que ele não estava zangado com a minha declaração. Ao menos isso - Então acho que a gente pode resolver isso lá naquela cama que você disse que eu ia gostar, não é?
Ele não esperou minha resposta. Em menos de um segundo, seus lábios grudaram nos meus, iniciando um beijo completamente enlouquecedor, enquanto suas mãos estavam na árdua tentativa de fundir nossos corpos. Porque eu tinha certeza que só fundindo pra conseguir mais proximidade que aquilo.
Deslizei minhas mãos pelo seu peito, por cima da camisa, e as deixei no cós de sua calça, tentando ajudá-lo com a proximidade. Isso, de alguma forma, pareceu tê-lo deixado ainda mais ansioso.
Senti as mãos de descerem pela minha bunda e pararem em minhas coxas, tentando me erguer para que eu passasse as pernas pela cintura dele, mas ele havia esquecido o detalhe do vestido apertado, então eu quase cai. Com isso, ele deu dois passos pra trás e meneou a cabeça, tentando entender o que estava acontecendo.
Homens. Ficavam tão desprovidos de inteligência com um pouco de estimulo.
Eu coloquei as mãos no babado do vestido e balancei levemente, fazendo-o olhar pra lá. E, então, por três segundos, eu achei que ele ira rasgar meu vestido lindo.
ajoelhou-se à minha frente, as duas mãos na minha coxa, subindo para a barra do meu vestido com uma delicadeza repreensível, eu achei que ele puxaria e estragaria tudo pra sempre, mas, ao invés disso, sua língua encostou-se à minha coxa, lambendo e, com a ajuda dos dentes e dos lábios, me fez arfar e gemer mais alto do que seria recomendado para a minha sanidade.
Quando ele voltou a me beijar, segurando minhas coxas como fizera antes, foi que eu percebi que meu vestido havia sido levantado até a cintura. Então, ele me ergueu e eu finalmente consegui por as pernas ao redor dele, fazendo-o gemer quando voltou a me imprensar na parede.
Ótimo, seria isso. Ele realmente não ia conseguir chegar à cama ou a qualquer outro lugar mais adequado, mas eu realmente não me importava. Quero dizer, haviam passado muitos hotéis com muitos andares e muitas escadas de incêndio não utilizadas durante a madrugada nas nossas vidas para que eu realmente me importasse. E, pra falar a verdade, aquela posição era realmente muito boa.
Com esse pensamento, desisti de tentar me segurar e guardar certas coisas para o lugar certo, justamente pra ajudá-lo a chegar até lá. E foi aí que eu movimentei-me contra ele, soltando meus lábios dos de e levando-os ao seu pescoço, enquanto minhas mãos subiam por dentro da sua camisa.
grunhiu mais alto do que eu esperava. Ele deixou que eu me movimentasse um pouco sobre ele, gemendo, antes de me imprensar, impedindo meu movimento e fazendo-os por si próprio. Minhas mãos desistiram de subir por seu peito e começaram a descer para dentro de sua calça, ao mesmo tempo em que resolveu praticamente engolir minha orelha, mordendo-a e beijando-a.
Ele gemeu quando minhas mãos chegaram à sua ereção. Retesou o corpo e soltou uma das mãos de minha coxa, levando-a a minha nuca e entranhando-a em meu cabelo, puxando-o da maneira que ele sabia que eu gostava e que me fazia delirar. Com essa distração, ele soltou meus cabelos para tirar minhas mãos de dentro da sua calça. Eu resmunguei quando ele segurou minhas mãos, impedindo que eu fizesse qualquer outra coisa, mas, com uma mordida dele em meu lóbulo, eu gemi, amolecendo.
- Onde? - Ele me perguntou, a voz quase bruta. Quase no limite.
Eu suspirei, eu não esperava que ele ainda estivesse disposto a se locomover. Como eu tinha quase certeza que havia perdido a capacidade de fala, virei meu rosto para a escada e apontei pra ela com o nariz. E fingi não perceber que ele arregalara os olhos.
Não nos leve à mal, mas... Nos dois anos que estivemos juntos, aquele era um desafio que nunca tínhamos enfrentado. Normalmente existiam elevadores de serviço e nós dois morávamos em apartamentos. Ou seja, subir escadas com aquela vontade e naquela posição... Bom, nunca tinha sido preciso.
Mesmo assim, muito corajosamente, engoliu a seco e me fez dar um pulinho em seu colo, como se me ajeitasse para que pudesse me segurar melhor. E, com isso, começou a subir os degraus da escada com todo o cuidado, indeciso entre olhar em meus olhos ou para seus pés. Com todo o respeito do mundo, evitamos encostar nossos lábios em qualquer área do corpo alheio durante aquela subida.
Mas, quando finalmente alcançamos o segundo andar, eu escorreguei para o chão, puxando-o para me beijar pela gola da camisa. Aos tropeços e às cegas, consegui tatear a maçaneta da porta sem desgrudar os lábios de .
Ele passou a beijar meu pescoço ao mesmo tempo em que eu abri o quarto. Nós tropeçamos pra dentro, eu já tentando arrancar sua blusa, mas ele apenas me abraçou e apoiou o queixo eu meu ombro, deliciado.
- Bem que você falou que eu ia gostar dela. - Ele disse.
Eu ri, ainda não me achando capaz de falar e deixei que ele voltasse a beijar meu pescoço, abraçando-o pela cintura, enfiando minhas mãos por debaixo da sua blusa. Finalmente consegui tirá-la, um segundo antes de me empurrar para a cama.
Quando ele deitou-se sobre mim, todo o meu ser explodiu de prazer misturado com felicidade. Não saberia explicar a sensação de estar prestes a tê-lo, depois de tanto tempo. Distraída com meus sentimentos e sentidos, eu demorei pra perceber que o carinho esquisito que ele estava me fazendo era, na verdade, uma tentativa totalmente frustrada de tentar descobrir como se abria meu vestido.
Rindo, empurrei-o e sentei-me a frente dele. Ele não estava entendendo muita coisa e eu não conseguia falar pra me explicar, mas acho que meus gestos foram devidamente bem sugestivos.
Enrolei meu cabelo e coloquei-o, em uma mecha só, por cima do ombro e, fazendo um tipo de contorcionismo que só mulheres conseguem fazer com seus vestidos favoritos enquanto seus homens não entendem como abri-lo, abri o fecho do topo do vestido, finalmente fazendo com que achasse o zíper. Eu não o culpava, o fecho o deixava muito bem escondido.
Pelo espelho da cabeceira, muito bem posicionado de frente pra cama, eu consegui ver seu sorriso, totalmente adorável, antes de sentir suas mãos acariciando minhas costas enquanto ele deslizava o zíper até meus quadris. Ele levantou o olhar, encarando-me pelo espelho, antes de olhar descaradamente para meus seios e, grunhindo, ele me abraçou por trás, puxando-me para seu colo.
Seus lábios procuraram os meus ao mesmo tempo em que suas mãos se desfaziam do meu vestido. Eu o ajudei bastante, chutando-o para sei lá onde. Então, uma de suas mãos acariciou um de meus seios, distraidamente, ao mesmo tempo em que ele parava de beijar-me para apenas me olhar, deliciando-se com as minhas reações.
tinha disso. Às vezes, ele preferia ficar me provocando com as mãos enquanto me olhava. Isso o excitava terrivelmente, como eu mesma podia sentir, sentada em cima de sua ereção. E, como esperado, sua mão livre desceu para a minha calcinha, afastando-a de seu destino principal para, então, logo em seguida, eu sentir seu polegar me penetrando sem dó algum.
Joguei minha cabeça pra trás, os olhos fechados, gemendo mais alto que o recomendado para os vizinhos não ouvirem, mas nenhum de nós quis saber disso. A mão de , que estava em meu seio, voltou aos meus cabelos, apertando-os e puxando-os, obrigando-me a me concentrar o suficiente para beijá-lo.
Ensandecida como eu estava, só percebi o que estava fazendo quando ele começou a gemer em meu ouvido. Meu rebolado, enquanto ele me penetrava, fazia com que eu me esfregasse em sua ereção e, ao me dar conta desse fato, excitei-me mais ainda.
Quando conclui que eu não aguentaria muito mais, pegou-me, quase bruto, e jogou-me sobre a cama, vindo por cima de mim para encaixar-se entre minhas pernas. Eu me pus a arrancar o botão de sua calça enquanto ele beijava meus seios tão deliciosamente que acabava com qualquer resquício de sanidade ou concentração que eu pudera ter mantido até o momento.
Quando finalmente consegui me livrar de toda roupa que ainda não permitia que nós dois nos fundíssemos, parou de me beijar ou me tocar. Sua respiração, batendo em minha pele, fazia com que eu delirasse. A expectativa fazia com que eu delirasse. Ele sabia exatamente o que estava fazendo comigo, nenhum outro homem no mundo me conhecia como ele. Ou conseguia fazer as coisas que ele conseguia fazer comigo. Só . E ele sabia muito bem disso.
Ele colocou um braço de cada lado do meu corpo, sustentando seu peso. olhava tão intensamente pra mim que eu achava que ele poderia projetar meu rosto em qualquer lugar que quisesse e esse pensamento me fez corar. Então, inesperadamente, ele sorriu. E eu não conseguia sorrir de volta, não tinha controle sobre meu corpo de forma alguma. Eu só conseguia olhá-lo meio abobalhada e acariciar sua nuca com minhas unhas.
Eu senti quando a cabeça de seu pênis encontrou a minha entrada e soltei um gemido rouco, ansiosa. não emitiu nenhum som ou expressou prazer em seu rosto. Não piscou, nem nada. Mas eu senti que ele me penetrava, lentamente, curtindo cada segundo e cada expressão de prazer que eu pudesse ter. Até que eu desisti de tentar imitá-lo, fechei meus olhos e joguei a cabeça pra trás, gemendo mais alto que o planejado. Então, e só então, ele se jogou sobre mim, apertando-me e penetrando-me sem dó algum.
O prazer absurdo prejudicou os meus sentidos, as minhas atitudes e vontades. Tudo que eu fazia, naquele momento, era ter , amar , sentir . Ele era meu e eu era dele, então, quando nós dois alcançamos nossos momentos e ele se jogou para o meu lado da cama, nós dois respirando pesadamente, suas mãos fazendo carinho na minha nuca, eu resmunguei algo inteligível e me remexi até conseguir me encaixar nos braços dele, apertando-o contra o meu corpo e quase implorando por carinho.
riu, beijando minha cabeça. Ele acabou levando as mãos às minhas costas, acariciando-as e me fazendo ter arrepios,
- Eu adoro como você fica dengosinha depois da gente fazer amor - Ele sussurrou, beijando minha testa.
Eu ri, esticando-me para beijar seu pescoço, suspirando.
- E eu adoro como você fica todo carinhoso depois da gente fazer amor.
apertou minha cintura e eu senti que ele havia ficado tenso.
- Eu sou carinhoso sempre! - Resmungou.
Eu ri, apoiando-me na cama para poder me curvar e beijar seus lábios, como um pedido de desculpas.
- Você não é carinhoso, favorito, você é possessivo. Só fica carinhoso depois de fazer amor.
Ele fez bico.
- Desculpa.
Minha vontade foi mordê-lo, mas, olhando para aquele homem, eu tive certeza da coisa que eu mais tive medo em toda a minha vida. Antes, quando nós estávamos juntos, eu tinha medo de estar confundindo tudo. Nós chegamos a conversar sobre isso quando ele se empolgou e disse que me amava. Era muito cedo, na época, e nós dois sabíamos que não era a hora, embora sentíssemos isso como ídolo e fã. Mas, agora, depois de ter ficado grávida, perdido o bebê e passado tanto tempo privada de sua presença, eu entendia que o sentimento que eu nutria por ele era demais pra ser só isso. Ele era o homem da minha vida e eu tinha mais que a plena certeza.
Então, com o coração batendo a mil, eu olhei em seus olhos e acariciei seu rosto. Tomei todo o ar que eu podia e, em uma só lufada, soltei:
- Eu amo você.
Ao mesmo tempo em que eu franzi a testa e mordi o lábio, nervosa, ele sorriu. Ele só sorriu. Meu coração doeu. Ele não me amava. Ele só gostava de mim, só estava comigo. Então, ele levantou o corpo e encostou nossos lábios e eu entendi que esse seria seu pedido de desculpas por não poder dizer. Nós havíamos combinado de dizer só quando tivéssemos certeza. Eu tinha que entender, eu precisava entender. Mas meu coração havia murchado, decepcionado por não ser recíproco.
- E eu amo você demais - Ele sussurrou, ainda de olhos fechados, assim que encerramos o beijo, me surpreendendo.
Meu coração foi a mil e, quase chorando, eu beijei-o. Podia sentir seu sorriso e eu tinha certeza que ele sentia o meu.
- Por favor - Eu sussurrei, deitando-me sobre seu peito, novamente - Me prometa que não vai me deixar de novo. Nunca mais.
Ele voltou a acariciar minhas costas, puxando levemente a ponta de meus cabeços, provocando arrepios gostosos que me fizeram fechar os olhos, deliciada.
- Não vou a lugar algum, se você não quiser que eu vá.
Suspirei, satisfeita. Ele continuou me fazendo carinho, me dando beijinhos deliciosos em lugares que só poderiam ser considerados fofos, mas, conforme os minutos foram passando, comecei a sentir sua impaciência, como se ele estivesse realmente incomodado. Depois de pensar um pouco sobre o que poderia ser aquilo, eu ri.
- O que foi? - Ele murmurou.
- O banheiro - Eu disse, olhando pra ele e vendo-o arregalar os olhos - É a porta ao lado.
Era óbvio. sempre, sempre, sempre precisava ir ao banheiro depois de... Bom, vocês sabem. Ele às vezes enrolava, como fazia agora, mas sempre precisava.
- Como você...? - Ele não terminou, mas começou a rir. - Que droga, garota, você me conhece! Deus! Quanto tempo nós ficamos juntos? Pra você saber isso, só Pode ter sido uma vida.
- Dois anos - Eu murmurei sem pestanejar. – três meses e catorze dias.
Ele sorriu longamente e beijou-me os lábios, enquanto me soltava delicadamente.
- Eu já volto. - Murmurou.
- Abaixa a tampa - Eu murmurei, - E lava as mãos. - De olhos fechados, ouvi seu riso, antes da porta ser fechada.
Suspirei. Era real? Ele havia mesmo voltado, eu realmente havia acabado de transar com ele de novo? Não, só podia ser um sonho. Mas, então, o que era aquela camisa cheirosa no chão do meu quarto?
Engatinhei pela cama e desci dela, pegando a camisa. Cheirei-a. Era dele. Era o cheiro dele. Sem pensar, passei ela pela minha cabeça e a vesti. Que saudade eu tinha de !
- Ei! - Eu olhei em direção à voz e lá estava ele, nu, na minha porta. Era real. - Quem deixou você se vestir? - Rindo, andei em direção à ele e pendurei-me em seu pescoço, beijando-o. - Wow. - Ele murmurou, quando encerrou o beijo - Se é assim, pode ficar vestida um pouco.
Gargalhei, abraçando-o e afundando minha cabeça em seu peito. Fingi não perceber que ele subia a camisa levemente, tentando disfarçar. Rindo baixinho, eu finalmente vi as marcas em seu peito. Me afastei, assustada, percebendo que eram das minhas unhas.
- Ai meu deus - Eu murmurei, passando a mão por alguma das marcas - Me desculpe!
Ele riu, puxando-me pela cintura, de volta pra perto dele.
- Eu disse que a gente ia resolver aquele probleminha na cama, não disse? - Murmurou, perto da minha orelha. Eu estremeci e corei. - Não foi nada, está tudo bem.
Ele apertou mais o abraço e seus lábios desceram para o meu pescoço. Achei que era só carinho, mas os beijos na região se intensificaram e eu logo senti meu corpo pedindo por um pouco mais.
- Mas já? - Murmurei, a voz rouca.
Ele riu, deixando os meus lábios para beijar minha boca de leve. Deu uns passos pra trás e sentou-se à cama, fazendo com que eu me sentasse em seu colo, uma perna de cada lado do corpo. Eu sabia no que aquilo ia dar, mas ele apenas encostou a testa em meu pescoço, apertando minha cintura carinhosamente.
- Me desculpe por... Bom, ter sido rápido demais. Eu queria ter aguentado um pouco mais, mas eu... Bom, não faço isso há algum tempo e... Bom... Era com você, então eu...
Sorrindo, levei um dedo aos lábios dele, impedindo-o de continuar.
- Tempo? - Perguntei - Você... Não, espere, não foi rápido, foi muito bom. - Murmurei, antes que isso afetasse o ego dele. E eu não estava mentindo. De onde ele havia tirado que havia sido rápido? - Mas como é essa história de tempo sem prática? Quanto tempo?
Mais confiante, ele se jogou de volta na cama, de qualquer jeito, me puxando com ele. Antes de responder, enrolando para tal, ele se arrumou, deitando de volta no travesseiro e me chamando. Deitei-me sobre seus braços, mas não desviei o olhar. E o vi revirar os olhos antes de me responder:
- Desde que voltei à Londres. Desisti de ficar com outras garotas na França. Eu sempre bebia demais e elas sempre saiam me perguntando quem era .
Corei terrivelmente e afundei meu rosto em seu pescoço, fazendo-o rir. Ele beijou minha testa e ficou fazendo carinho em mim. Ficamos bastante tempo assim, tempo o suficiente para que as minhas pálpebras começassem a querer ficar fechadas por mais tempo, mas sem que meus lábios desfizessem o sorriso.
Eu não queria dormir, de forma alguma, Então, percebendo que também lutava contra isso, incapaz de atrapalhar a mim, eu murmurei a primeira coisa que passou pela minha cabeça. O que, certamente, era uma pergunta:
- Por que você estava dando autógrafos se está evitando as fãs?
não esperava por esse pergunta, muito menos no estado sonolento que estávamos. Ele ficou desconfortável, parou de fazer o carinho gostoso na minha nuca.
- Ahn... - Murmurou. Eu sabia que ele estava cogitando mentir, então espreguicei-me e apoiei meu braço na cama para olhá-lo - Eu... Eu tava precisando da grana, .
Então ele olhou pro outro lado. Era a verdade e ele estava muito chateado de me contar isso.
- Ei. - Chamei. - Qual o problema? A divisão não foi... Boa?
Senti seu peito subir demais e descer demais antes que ele voltasse a olhar pra mim.
- Foi ótima. Mas tiveram muitas indenizações, cancelamento de contratos... E as despesas que eu tive na França não foram poucas. Eu... Ainda tenho dinheiro, sabe? Na poupança. Mas é dinheiro de emergência, eu não mexo. Eu tento... Viver com o que eu ganho no mês, mas está... Complicado.
Abracei-o. Eu sabia o que estava passando na cabeça dele, por mais absurdo que fosse. Ele precisava entender que eu não iria a lugar nenhum, por mais duro que ele estivesse. Não era isso. Deitei-me, encostando a cabeça em seu ombro e fazendo dengo pra que ele voltasse a me abraçar. Eu vi seu sorriso, quando ele o fez.
- Você não tentou um emprego ou algo assim?
Ele concordou com a cabeça.
- Bom, é difícil arrumar um emprego que não tenha contato com o público sem ter faculdade. Não sou um gênio como você - Ele murmurou, me fazendo rir e beijando minha testa. - Então eu fico com essa de autografar, consultoria musical e tudo mais. Mas não é fácil arrumar alguma coisa.
Então eu dei de ombros e resolvi soltar algo que aliviasse a tensão que eu sabia que ele estava sentindo.
- Ah, bom. Então eu divido a próxima pizza com você.
Ele riu, finalmente, como eu esperava. Então, girou comigo, deitando sobre mim, o sorriso no rosto.
- Não seja boba. Ainda tenho dinheiro suficiente pra pagar uma pizza pra minha favorita.
Eu levei minha mão ao seu rosto e o sorriso com lágrimas nos olhos foi inevitável, Ah, céus, como eu estava boba. Deixei que ele me beijasse um pouquinho, um beijo apaixonado que me deu mais vontade ainda de chorar. Então ele afundou o rosto no meu pescoço.
- Por que você não abre uma escola de música? - Murmurei. Eu sabia que eu só conseguiria pensar em maneiras de ajudar até conseguir, efetivamente, ajudá-lo.
Ele se encolheu e, quando falou, seus lábios roçaram em meu pescoço e eu tive que tomar muito cuidado pra me concentrar em suas palavras:
- Eu pensei nisso, mas achei que teria aquele probleminha...
- Fãs? - Perguntei. Senti-o concordar com a cabeça - Mas aí não seriam fãs, seriam alunas pagantes!
Ele riu, imitando minha posição de antes, braço apoiado na cama para me olhar, mão displicentemente apertando minha cintura.
- Então, dona senhorita, quer dizer que não é mais minha fã só porque é minha namorada? - Eu congelei e ele reparou. - O que foi? Eu disse algo errado?
Eu sabia que meus olhos estavam arregalados e sabia que eu estava muito próxima de ferir seus sentimentos, mas a dupla “minha namorada” gelou minha alma. Quero dizer, eu e nunca havíamos tido um relacionamento rotulado, tínhamos? Estávamos juntos e só isso.
- Namorada? - Eu perguntei. - Desde quando... Eu sou sua namorada? Não me lembro de ter sido informada disso.
Ele gargalhou. Foi isso. Ele simplesmente ficou gargalhando da minha cara.
- Oras, , você realmente achou que a gente ficou... Por dois anos e três meses? - Ele me perguntou. Eu corei. - Eu te considero minha namorada desde... Aquele probleminha. - Aquele probleminha era referencia clara de quando ficou com uma garota em um show que ele achou que eu não ia. E eu vi e fiquei puta. Nós estávamos juntos há seis meses e ele vinha fazendo isso quando eu não aparecia. Bom, ele me convenceu a perdoá-lo e não ficou com mais nenhuma garota. - Mas... Acho que você é daquelas que precisa... Huh... Perguntar. Eu devia ter percebido isso antes, mas... Bom, quer namorar comigo, favorita?
Corada e sob as risadas dele, eu concordei com a cabeça. Ele beijou-me os lábios, me chamando de boba e linda. Eu queria ficar com ele, assim, para o resto da minha vida.
- ... - Murmurei, depois de um tempo, Ele estava dando beijinhos provocantes no meu pescoço e eu sabia que não ia demorar pra começar tudo de novo.
- Huh? - Ele murmurou, distraído.
- Você... Está em hotel ou algo assim? - Ele concordou com a cabeça, subindo os beijos para o meu queixo. Sanidade, eu precisava pra terminar de formular a frase, mas onde ela havia se metido? - Você... Hum... Não quer ficar aqui e economizar?
Ele deu um pulo, só não sentando na cama porque não queria se afastar muito de mim. Sou irresistível.
- Sério isso? - Perguntou. Eu sorri, concordando. Ele voltou a deitar sobre mim, me dando beijinhos nos lábios - Claro que quero! Preciso do máximo de segundos pra compensar esses três anos...
Com isso, ele começou a acariciar minha cintura e o beijo se intensificou o suficiente para me deixar sem ar. Então, ele voltou ao meu pescoço, muito mais empenhado em me fazer delirar que antes. Eu já conseguia sentir sua excitação roçando em minhas coxas.
- Hum, amor... - Eu murmurei. Não era pra sair tanto como um gemido - Você tá muito empolgado.
Concentrado no que estava fazendo, ele só conseguiu murmurar um:
- Compensar três anos...
- Não vou dormir essa noite? - Perguntei.
- Não. Com certeza, não.
Capítulo Quatro
Planejando...
Eu não conseguia parar de sorrir. Claro, eu não estava total e completamente feliz, mas aquele era o momento mais sublime dos últimos anos. Eu sentia os braços dele me envolvendo pela cintura, sua respiração tranquila batendo no topo da minha cabeça... Eu simplesmente não conseguia parar de sorrir.
Prendendo uma risada sobre o quão idiota eu estava sendo, abri os olhos, totalmente sem coragem de levantar. Meu rosto estava enfiado em seu peito e eu passara a noite respirando seu perfume. Pensei que talvez eu pudesse por a culpa do meu excesso de idiotice nisso.
Bocejei, o sono me vencendo, já que mal me deixara dormir mais que três horas, e isso fora demais, de acordo com ele e a sua disposição de recuperar todo o tempo perdido. Com a lembrança, estremeci levemente, voltando-me a apertá-lo contra o meu corpo, extremamente lerdo por causa da noite agitada. Em resposta, sua mão apertou minha cintura com mais força. Eu movimentei meu rosto levemente, levantando-o e apoiando meu queixo em seu peito para olhar para o seu rosto, conferindo que fora apenas reflexo, continuava dormindo tranquilamente, provavelmente muito cansado para perceber que eu estava acordada e me movimentando.
Grunhi, baixinho. Eu não queria levantar, queria ficar ali. Estava tudo tão perfeito... Mas eu sabia que podia melhorar. E eu tinha muito trabalho a fazer.
Com cuidado, levantei-me, desvencilhando-me dele. Ele bufou, sentindo eu me afastar e eu tive que colocar um travesseiro no lugar para que ele não notasse minha movimentação. Olhei-o abraçar e afundar o rosto em meu travesseiro, totalmente alheio ao fato de que eu havia me levantado. Sorri à visão.
Então, em passos totalmente calculados e silenciosos, eu sai do quarto em direção ao banheiro, sem roupa alguma, para tomar um banho que colocasse todos os meus pensamentos confusos e prejudicados em ordem. Acabei pouco me demorando para traçar uma linha de plano, embora ainda não soubesse exatamente como fazer, mas só de saber que eles todos estavam em Londres... Bom, isso já era o suficiente para que as Galaxy Defenders os encontrassem. Ia dar certo, eu tinha essa convicção. Com um sorriso, desliguei o chuveiro, vesti meu roupão e caminhei para fora do banheiro.
À porta do quarto, admirei dormir, com a cabeça encostada no batente e surpresa sobre o quão deliciosamente bem ele me fazia sentir. Era tentador, a idéia de voltar ao quarto, acordar e ficar lá por quanto tempo eu precisasse para me satisfazer, mas eu sabia que minha ideia, por mais louca que fosse, poderia nos render muito mais felicidade.
E eu ainda tinha que descobrir algumas coisas.
Desci as escadas, mentalmente visualizando cada parte do plano e os buracos que eu ainda havia que consertar. O primeiro... Era o horário. E o lugar. Mas, pra isso, talvez eu tivesse que amolecer para que ele não ficasse sentido ou estranhasse suas perguntas.
Como amolecer ? Isso era fácil: Comida.
Rindo, acendi duas das chapas do forno, esquentando água. Poderia fazer ovos, bacon, salsicha... Tinha tudo ali. Joguei as salsichas em uma panela de água e o bacon em outra, separando os ovos. Deixei-os na panela apenas por alguns minutos, o suficiente para descontaminar de seja-lá-o-quê tinha neles.
Cortei o bacon enquanto as salsichas fritavam no oleo que eu havia deixado esquentando. Piquei bem, mas em pedaços um pouco maiores porque eu me lembrava lembrava que ele gostava assim. Ainda precisava fazer o suco, mas podia fazer isso enquanto o bacon fritava.
Deixei as salsichas dorarem, com a crosta crocante. Cheguei a aguar, olhando-as daquela forma. Sacudi a cabeça e, quando estava prestes a jogar o bacon no oleo, me senti sendo abraçada por trás.
- Bom dia - Ele murmurou, rouco, em meu ouvido.
Estremeci quando os lábios dele encostaram-se ao meu pescoço, mas eu precisava me concentrar.
Eu nem ao menos conseguia jogar o bacon na frigideira com ele ali. Quão patética eu conseguia ser?
- Dia - Murmurei.
Ele não fez menção de me soltar, então eu tentei acertar o bacon dentro da frigideira de qualquer forma. Com um pouco de sorte, todos cairam dentro dela.
- Nem me chamou pra tomar banho com você - Ele disse, dessa vez mordendo o lóbulo da minha orelha.
Maldito. Eu tinha um plano e ele ficava tentando me seduzir? Isso não se faz!
- Você estava dormindo tão bonitinho... Parecia cansado - Eu disse.
- E eu estava - Ele riu - Mas nunca pra você.
Eu ri, tentando virar os bacons na frigideira. Em algum momento, eu sabia, eles iriam queimar se eu não tomasse o devido cuidado com a minha concentração. Ele começou a tentar me fazer virar pra ele e eu, rindo, ficava acertando-o com o pano de prato e a escumadeira.
- Pára com isso, - Reclamei, tentando parecer zangada, mas sem nenhum sucesso - Eu estou fazendo o café.
- Só um beijinho, vai... Não seja má comigo.
Revirando os olhos, eu desliguei o fogo para não queimar os bacons e virei-me para ele. Não era nenhum sacrifício e a ideia era amolecer , até porque ele estava exibindo aquele maravilhoso corpo, vestindo apenas suas cuecas. Beijos não eram tão bons quanto comida, mas com certeza ajudavam. E eu não negaria um.
Ele me abraçou pela cintura e nos beijamos. É, até que ele, muito espertamente, me distraindo, abriu meu roupão e abraçou-me, passando os braços ao redor do meu corpo, por dentro dele.
Eu encerrei o beijo, estapeando-o, enquanto ele ria. Empurrei ele, soquei, até que finalmente consegui me desvencilhar dele, amarrando meu roupão de volta e voltando a ligar o fogão.
- Espertinho. - Resmunguei.
riu e saiu da cozinha enquanto eu terminava de retirar os bacons e fritar ovos pra mim e para ele. Quando eu colocava os pratos à mesa e a jarra com suco já pronta, ele retornou, vestindo a camisa. Oh, ele entendeu o recado.
Sentou-se ao meu lado, agradecendo a comida com um selinho.
- Senti falta disso também - Ele disse, a boca cheia de comida.
Apontei meu garfo pra ele e franzi as sobrancelhas, o que fez rir e se engasgar. Acabou bebendo um copo de suco enquanto eu ria.
- Você não faz ideia do quanto eu estou... - Eu murmurei, vendo ele se acalmar - Nem sei que palavra define isso. “Feliz” não parece ser o suficiente.
Ele sorriu docemente, aproximou seu rosto do meu e depositou um beijo no canto do meu lábio, apertando minha coxa por debaixo da mesa.
- Eu entendo. - Disse, se afastando. - Por Deus, como entendo.
Sorri, tristemente. Eu queria voltar para aquele quarto com ele, ficar lá até... Pra sempre. Só isso ia me deixar satisfeita.
- Tenho algumas coisas pra fazer hoje. - Eu murmurei, olhando pro meu prato, com medo que visse o que eu pretendia fazer nos meus olhos.
- Eu também. - Ele sussurrou.
Levantei o olhar e ele me encarava, tentando entender o que eu estava pensando. Sorri, tranquilizadoramente.
- Mas quero que você venha, mais tarde. - Eu disse - Depois dos autografos... Feche sua conta no hotel e venha.
Ele levantou a mão e acariciou meu rosto, com um sorriso bobo em seus lábios. Meu coração batia tão agraciado que chegava a doer pensar que passaria algumas horas sem ele. Bobagem, eu disse a mim mesma, você passou três anos. O que são algumas horas?
- Eu... - Ele começou, mas foi interrompido por uma musiquinha irritante.
pegou o celular de dentro do bolso da calça e olhou-o, meio que sem saber o que fazer. Acenei, como se estivesse dizendo “atenda”, mas ele continuou olhando o celular, confuso.
- ? - Eu perguntei, já rindo e retirando o celular da mão dele. - Você tem que parar de comprar coisas que não sabe mexer.
Atendi o celular, não sem antes olhar quem estava ligando. Meu coração acelerou, espalhando adrenalina pelo meu corpo, ao ler “Fletch”. Espertamente, coloquei no viva-voz.
“?” Nós ouvimos, através do aparelho. Eu sorri, reconhecendo a voz que há tanto tempo não ouvia.
- Hey, Fletch - respondeu.
“Onde você está?” Fletch perguntou. ”Seu advogado chegou, mas estamos aguardando você. Todos estão aqui já.”
olhou pra mim, totalmente assustado. Ele poderia ir, era só 40 minutos de brighton à Londres. Daria tempo.
Obviamente, ele não estava disposto.
- Eu não vou. Estou em Brighton... Tenho uns compromissos aqui.
”Compromissos? Que tipo de...?”
Achei que dizer “estou dando autografos porque estou totalmente duro” seria um pouco constrangedor, então respirei fundo e soltei um:
- Oi, Fletch.
Silêncio. me encarou e moveu os lábios em um “obrigado” mudo, enquanto aguardávamos a reação do outro lado da linha.
”Olá, , como você está?”
- Estou bem, obrigada! Espero não estar causando muitos problemas por ter roubado o hoje...
Fletch suspirou e eu sabia que se fosse em outras circunstancias ou se eu não estivesse “presente”, ele estaria gritando alopradamente com .
”Claro que não. Mas você poderia vir também, não há problemas. , se mudar de ideia, estaremos todos aqui na Island até 14 horas, tudo bem?”
Eu quase arfei. Fora fácil demais. A informação tinha caido na minha mão e tinha caido nas mãos certas. Sorri levemente para , encorajando-o.
- Ahn, Obrigado, Fletch. Mas eu ficarei por aqui mesmo. - disse.
Eu conheci Fletch o suficiente para saber que ele queria trucidar por ter destruido a primeira oportunidade em anos de juntar o McFLY e tentar alguma coisa. Agora eu sabia que ele seria um aliado, se eu precisasse. Tudo seria tão fácil...
“Certo. Preciso desligar.”
Os dois se despediram e eu gritei um ?até mais? antes de desligar. me encarava, como se esperasse alguma coisa de minha parte. Como eu não esbocei nenhuma reação, ele murmurou:
- Estou te devendo uma.
Dei de ombros.
- Tudo bem. - Eu disse - O que você vai fazer hoje?
Ele pegou o celular da minha mão e eu arregalei os olhos. Precisava anotar o número do Fletch, precisava ficar sozinha com ele.
- Mais autografos. Estou quase atrasado. - Disse. Ele olhou a hora com um gemido de quem não queria que ela passasse e abandonou o celular em cima da mesa. - E você?
Eu não podia dizer “Estou arquitetando um plano complicado e preciso ficar longe de você por um tempo pra te fazer uma surpresa... Não agradável?” Então, eu soltei a primeira coisa que eu pensei.
- Depilação.
Droga. Agora ia ter que arrumar um tempo pra me depilar também! Mas, pelo sorriso de , valeu a pena dizer aquela palavra.
- Hm... - Ele murmurou - Me trocando por cera quente?
Eu ri, revirando os olhos. Eu sabia muito bem no que ele estava pensando e só de saber já arrepiava os pelos da minha nuca. Levantei-me, olhando de rabo-de-olho para o celular.
- , você pode pegar minha bolsa, por favor? Eu acho que deixei no seu carro.
Ele soltou um “Claro!” extremamente animado e foi-se, balançando as chaves do carro nos dedos. Esperei a porta da frente bater e corri pro celular dele. Peguei lapis e papel em cima do microondas, anotei o telefone do Fletch e tampei o papel com o pano de prato, deixando-o despreocupadamente ao lado da fruteira.
voltou com a minha bolsa e, ao me entregar, aproveitou a oportunidade pra me abraçar, já que eu estava de pé ao lado da pia, e me beijar.
- Hm... Você não estava atrasado? - Eu perguntei a ele, quando ele se afastou pra tomar um ar, mordiscando meu lábio inferior.
Ele se afastou, sem tirar os braços do entorno da minha cintura, e fez uma cara chocada.
- Você está me mandando ir embora? - Perguntou.
Eu ri, puxando-o para perto de mim.
- Claro que não, só não quero que você se atrase... - Sussurrei. Fiquei na ponta dos pés, beijando atrás de sua orelha, em um cantinho que eu sabia que o fazia segurar a respiração - E quero que você trate suas fãs melhor, tá?
- Tá - Ele murmurou, rendido.
- Promete?
- Prometo.
Eu me afastei, apenas o suficiente para poder alcançar-lhe os lábios. Beijei-o, sentindo palpitações doloridas porque eu sabia que não o veria até a noite. Totalmente bobagem.
- Até a noite? - Ele perguntou-me, encerrando o beijo, mostrando que seus pensamentos estavam em sincronia com os meus.
Suspirei, dando um passo pra trás, confirmando com a cabeça.
- Acho que sim.
Ele escorregou sua mão e entrelaçou com a minha, me fazendo sorrir bobamente. Estávamos enrolando, era ridículo, mas nenhum dos dois parecia querer se afastar do outro. Não tínhamos culpa, tínhamos?
- Me leva até a porta? - Perguntou-me.
Eu sorri pelo pedido infantil, mas concordei com a cabeça. Ainda de mãos dadas, ele pegou o celular em cima da mesa e eu o acompanhei até a porta. Chegando lá, com ela devidamente aberta, ele voltou a me abraçar e beijou-me lentamente. Apaixonadamente. O problema foi que pouco durou.
Com um suspiro, encostei minha testa em seu ombro, enquanto ele me apertava contra si.
- Volta, tá? - Eu murmurei, incapaz de me conter.
Ele me apertou ainda mais, antes de me soltar.
- Vou tentar vir o mais cedo que eu puder. Umas 16 horas, tá? Qualquer coisa, estou lá na loja de CDs...
Concordei com a cabeça e ele me deu mais um selinho, indo em direção ao carro. Aguardei-i dar a partida e sumir na esquina enquanto eu acenava.
Como era bom sentir aquelas coisas estranhas na barriga outra vez!
Assim que fechei a porta, corri para a fruteira e depois para a minha bolsa, tirando o celular de lá. Disquei o número da amiguinha da loja de CDs.
“Eu sabia que você só ia me ligar hoje?” Foi assim que ela atendeu.
- Escuta. Preciso de toda a atenção. Você precisa fazer o seguinte...
Eu só ouvi sua risada do outro lado da linha e alguns “é ela?” parecendo ecoar.
”Esperem, calem a boca!” Eu ouvi mais risadas ao fundo, antes que ela voltasse a me dar atenção. ”Tem uma reunião acontecendo aqui... A gente deixou tudo preparado pra você. O que nós vamos fazer?”
Meu ar quase faltou e minha garganta embargou de emoção. Eu tinha que me lembrar o quão intensas, prestativas e obcecadas nos éramos. Com a voz falhada, eu soltei:
- Quantas, Clara? - Perguntei, recordando-me do nome dela.
Houve uma pequena movimentação na qual eu percebi que ela estava tentando contar. Respirei fundo quando o número passou de cinquenta. CINQUENTA.
”Sessenta e sete. Eu acho. ALGUEM NÃO FOI CONTADO?” Ela perguntou e foi acompanhada por alguns “eu”. Acho melhor deixarmos para lá. Somos mais que sessenta e sete. Tá bom?
Ela estava, claramente, ansiosa pela minha aprovação e, com isso, eu apenas sorri.
- Mais que bom, Clara. E em Londres? - Perguntei.
”Um bom bocado. Mais que aqui.” Ela disse.
- Quem está responsável lá? Preciso de alguém em algum lugar próximo à gravadora o mais rápido possível.
Ouvi Clara arfar com a minha urgência. Um berro e vinte segundos depois, eu tinha um nome e um endereço.
" Ah, e elas pediram pra você postar no blog quando a gente decidir o que fazer”
Congelei por cinco segundos. Peguei-me abrindo o computador e digitando o endereço do blog no meu navegador, reparando que ele ainda estava ativo e com cerca de duzentas e oitenta pessoas online. Alguém podia me salvar?
- Meu blog... - Eu murmurei, enquanto encarava o mesmo aberto na tela do meu notebook. - Sim, podemos fazer isso. Vou postar algo agora para avisar que estamos nos reunindo. Onde vocês estão? Vou agora mesmo.
Clara me passou o endereço em poucos segundos. Desligamos com um até logo e eu resolvi fazer a primeira postagem no blog, já que estavam me aguardando. Só então eu caminhei até a fruteira e deixei-me pegar e admirar o número do Fletch.
Eu podia fazer isso.
Fletch e eu combinamos alguns detalhes do plano que ele, obviamente, adorou e apoiou. “Eles nunca vão abrir ocorrência de sequestro pra você”, tranquilizou-me quanto ao meu medo. “Não pra você”. Nós combinamos horários e acertamos que ele ligaria para avisar quando eles estivessem saindo da reunião. “Deixe as garotas em seus postos. E avise-nas que elas podem ter dificuldades, principalmente com ”.
Passei o telefone da Sarah, de Londres e desligamos com saudosidade e esperança no momento em que eu consegui uma vaga no St. Ann’s, já visualizando claramente onde as garotas estavam. Elas olhavam fixamente para o meu carro, esperando que eu fosse eu mesma. Assim que eu sai do carro e acenei para elas, algumas saíram em disparada em minha direção e eu me senti perdida com tantas perguntas.
“O sabe?”
“Como o está?”
“Vocês estão juntos?”
- Ai, gente, calma. - Eu pedi, rindo um bocado. Vi Clara correndo em nossa direção e eu gritei - Clara, acode aqui! - Ainda rindo.
- TODO MUNDO METENDO O PÉ DE VOLTA PRA LÁ! - Clara berrou e, aparentemente, as garotas tinham medo dela, porque todas voltaram sem nem pestanejar. - Ufa. - Ela riu, eu acompanhando-a - Vem, a gente tem um monte de ideias legais e tudo mais.
Nós caminhamos até onde elas estavam reunidas - mais de cem garotas, além de um ou outro rapaz e chegava gente a cada momento. Clara e eu sentamos em um banco, ao lado de um quadro branco improvisado e à frente ao mundaréu de gente sentada pelo gramado e Clara aguardou-me. Sorri, apenas, vendo uma reunião acontecendo após tanto tempo.
- É bom estar com vocês outra vez. Vou responder rapidamente o que vocês me perguntaram: está bem, na medida do possível; Ele não sabe o que está acontecendo e acredita piamente que eu estou na depilação. - Todos riram nesse momento e eu os acompanhei. - E, sim, estamos juntos.
Eles comemoraram e eu suspirei, agraciada. Eu ficava feliz quando era aceita porque eu me lembrava que algumas pessoas me odiavam apenas pelo fato de estar com . Era terrível, eu sempre tentava ser legal com todo mundo, mas... As vezes, tinha alguém que se recusava a me aceitar e via tudo de errado em mim.
- Bom, eu falei com o Fletch agora. - Ouvi algumas puxadas de ar, meio chocadas. - E os outros três estão em reunião com ele. O plano é simplesmente trazê-los de lá para cá e trancá-los na minha casa. O que eu preciso é que vocês se organizem em turnos pra vigiar a casa, caso algum deles tente fugir. E que me ajudem no abastecimento de pizza, já que eu não vou poder deixá-los sozinhos. - Eles riram. - E isso é tudo, por enquanto.
Todos se encararam e balançaram a cabeça em concordância e Clara levantou-se em um pulo.
- Então, vamos tentar nos organizar em sete grupos. - E foi ao quadro.
E, em pouco tempo, nosso quadro branco estava assim:

E Clara tinha uma lista de grupos intitulados “Star Girl”,“Little Jo”, “Pa-Party Girl”, “SuperCityBoys”, “Pioneers”, “Sufer Babe” e “Guests”.Tudo estava pronto para o nosso plano e o pessoal começou a se dissipar em direção à Disco’s Berry e eu peguei-me seguindo todos, conversando animadamente com alguém quando Clara cutucou-me no ombro e apontou para o quadro branco, que estava sendo retirado do parque por três garotas enroladas.
A minha bonequinha estava proibida de ir à Disco’s Berry. Ela precisava se depilar.
Capítulo Cinco
Plano em ação!
Eles quase haviam se esquecido como era estar naquela cidade. O Clima, as histórias, a sensação de estar em casa e, é claro, as lembranças de uma vida que parecia não lhes pertencer mais. Mas, mesmo assim, lá estavam eles, desejosos em ter mais um pedacinho desconfortável de um passado saudoso.
Não, eles não pareciam felizes com isso. Eles não estavam ali curtindo. Não, estavam ali simplesmente para... Bom, eles não sabiam exatamente para quê. Tinham sido notificados sobre aquela reunião e decidiram ir. Não esperavam ver mais ninguém porque... Bom, porque os outros iriam? Era estupidez. E, ao contrário do que se esperava, lá estavam todos ali, menos o . A maior parte deles juntos em três anos. Era impossível não lembrar de outras coisas, boas ou ruins.
Eles se sentaram à mesa, olhando para a porta descoordenadamente, quase como se esperassem e desejassem que cruzasse-a como um furacão, pedindo desculpas pelo seu imperdoável atraso, como ele costumava fazer. E esperavam que alguém os pusessem a par de alguma coisa. e se encaravam como se quisessem falar algo e não disfarçava que estava encarando avidamente a porta, dizendo a si mesmo que só estava olhando para sair na primeira oportunidade, mas ele sabia que esperava que entrasse por ela.
Só de ver, uns aos outros, já mexera com o interior deles. Pegaram-se desejosos por estarem juntos mais uma vez, mas logo mudaram de idéia. Não. Não podiam. Cada um apontava o outro por ter sido culpado daquele acidente e se misturar seria... Ser complacente e quase cúmplice.
Estavam sendo idiotas, é claro. Motivo pelo qual estavam separados, também.
Fletch entrou na sala ao telefone e, atrás dele, viram entrar um cara muito bem vestido.
- Onde você está? Seu advogado chegou, mas estamos aguardando você. Todos estão aqui já. - Fletch falava ao telefone.
Eles tentaram evitar se encarar, mas acabaram fazendo porque todos tinham certeza mais que absoluda de que era do outro lado da linha. Cada um, do seu jeito, tentou não prestar atenção na conversa, olhando paras próprias mãos ou algo do gênero. tentou rabiscar algo em seu bloco de anotações, mas, quando viu, estava desenhando seu logo da antiga e desativada Super City. recostou-se na cadeira, batendo com os dedos ritmadamente na mesa. apenas encarava os dois, revirando os olhos de tempos em tempos. É claro que nenhuma dessas medidas resultou em algum sucesso. Eles estavam ansiosos em saber e prestando total atenção em qualquer palavra que saísse da boca de Fletch.
Não. Nenhum deles havia mudado uma vírgula sequer.
Não, eles não conseguiram ignorar a ligação nem por míseros segundos. A curiosidade de saber como estava o último membro, o único que eles não podiam ver porque não estava presente, era muito maior que qualquer vergonha, mágoa... Eles ainda sentiam a ligação uns com os outros, mas cada um era orgulhoso demais, à sua maneira, pra ser o primeiro a se render.
- Compromissos? Que tipo de...? – Fletch disse.
Eles não disfarçaram o olhar que levantaram para Fletch. Ele estava dizendo que não viria? Logo , que continuava morando em Londres, não viria? chegou a suspirar de frustração, antes de dar dois grandes riscos de raiva em sua tentativa frustrada de conseguir desenhar seu logo.
- Olá, , como você está? - Fletch continuou, quase em seguida. Todos congelaram em seus lugares. - Claro que não. Mas você poderia vir também, não há problemas. , se mudar de idéia, estaremos todos aqui na Island até 14 horas, tudo bem?
Ela podia vir. Todos pensaram. Sentiam falta dela. Sentiam falta de também e a presença de , obviamente, acarretava a de , mas podiam desejar a presença dela (desejando secretamente a presença de ), sem se dar o braço a torcer.
- Bom, garotos. O não vem, então podemos começar. - Fletch disse, desligando o telefone - Esse aqui é o Sr. Sparks, advogado do .
Todos concordaram com a cabeça, disfarçando a decepção. Encararam Fletch e as suas explicações sobre o porquê da reunião porque acharam que essa seria a melhor opção para evitar olharem uns pros outros.
Mas, mesmo assim, de tempos em tempos, seus olhares se encontravam e desviavam rapidamente, envergonhados. A situação era mais que incômoda, embora sentissem-se felizes ao ver, com os próprios olhos, que os outros estavam bem e inteiros. Bom, não exatamente inteiros.
era o que melhor estava, daqueles que estavam trancados na sala de reuniões. Sua carteira estava cheia de fotos da mulher que ele amava e da pequena menina que eles tiveram. e o invejavam, mesmo com todos os problemas. estava com olheiras, ele pouco dormia. Passava quase todo o seu tempo livre no hospital, vigiando, cuidando, esperando... A espera o matava, o destruía, mas não podia deixar de ter esperanças. Nenhuma. , por outro lado, dormia demais, bebia demais e não encontrava um rumo na vida. Tudo que ele mais prezava havia sumido de suas mãos, então ele apenas gastava dinheiro com bebidas. Gastaria com mulheres, mas ele tinha facilidade em conseguir umas de graça com aqueles olhos e aquele sorriso. E, acima de tudo, eles invejavam . Não sabiam quanto tempo passara sem , mas só de saberem que estavam juntos de novo, sabe-se-lá-desde-quando, era o suficiente para fazer a inveja arder dentro deles. Ele tinha a garota dele. Inteira. Perfeita. Com saúde.
Ele só podia ser o culpado de tudo. Sem dúvidas, fizera aquilo para magoá-los, para feri-los através delas. E só fizera aquilo porque a garota dele estava segura em casa.
Sabiam que era estúpido. Mas precisavam culpar alguém para a dor diminuir. Se não culpassem , culpariam a si mesmo e como lidariam com isso?
Fletch falava desmedidamente e nenhum dos meninos prestava atenção. Concordavam com a cabeça de tempos em tempos, assinavam papéis quando ele pedia e evitavam falar qualquer coisa para não falar bobagem. Bom, não muito difícil, eles sempre faziam isso com Fletch.
- E, então, há um pedido para que vocês toquem juntos com eles em uma música - Fletch disse, finalmente fazendo com que eles prestassem atenção e olhassem para ele, fuzilando-o - Talvez só e e... - Seu telefone começou a tocar e ele franziu a testa para o aparelho - Com licença. - Disse, saindo da sala.
Eles ficaram sem saber pra onde olhar. voltou ao seu caderninho, mas, segundos depois, pegou o celular e digitou alguma coisa. e viram-no apertar o ?send? e, depois disso, ele não tirou o olhar do celular até que ele apitasse, indicando que havia
chegado uma mensagem. E, depois, afundou-se na cadeira, quase como se estivesse querendo se unir a ela.
Foi , com um pouco de coragem, que quebrou o silêncio.
- Como ela está? - Perguntou.
levantou o olhar, quase sem acreditar que estava realmente dirigindo a palavra a ele. Congelou por alguns segundos, sem saber como lidar com aquela situação, mas puxou o ar com força, tentando parecer que aquele tipo de abordagem ainda era normal.
- Não mudou muita coisa - Sussurrou. - Nunca muda.
concordou com a cabeça, olhando pro bloco de anotações à sua frente, fingindo ler o que nem havia escrito.
- Sinto muito - Disse, quase inaudivelmente.
estava recostado na cadeira, as mãos apoiadas no pescoço, olhando pra cima, fingindo não ouvir a conversa. Desistiu. Soltou o ar com força e murmurou:
- Você tem que agradecer, .
olhou pra ele e os dois se encararam por alguns segundos, antes de desviar o olhar.
- Eu sei. - Sussurrou.
O silêncio são não reinou mais naquele aposento porque Fletch retornou para a fatídica falação dele, com um sorriso imenso no rosto. Os três continuaram fingindo prestar atenção.
A reunião se estendeu por horas sem fim quando finalmente foi dado seu término com um convite para um almoço em um determinado restaurante, que foi educadamente recusado pelos garotos que queriam se separar o mais rápido possível.
Fletch fingiu decepção, vendo-os sair da sala. pegou o primeiro elevador, começou a descer as escadas de incêndio com raiva.
ficou no corredor, aguardando um novo elevador, mexendo freneticamente no celular.
Com um sorriso, Fletch fechou a porta. Apertou o Send do celular.
- Sairam. - Disse. - está nos elevadores. está descendo as escadas de incêndio, deve sair pela lateral do prédio. ainda não desceu, mas irá em breve. Discrição.

’s POV.
Pra quê eu viajei pra vir a essa reunião? Por que eu a deixei sozinha com a Joan?
Urg.
Certo. Eu sinto falta de Londres, mas não é a cidade. Eram os caras. Mas isso não existe mais, é passado, eu já devia ter superado e nem me preocupado em mandar alguém pra representar. Não vê o ? Ele é o único que ainda mora em Londres e nem apareceu porque resolveu ficar cuidando de problemas de foda sabe-se-lá-onde. O que realmente me surpreende porque eu sempre achei que ele fosse viado.
E por que diabos esse elevador não chega logo? Resolvi socar o botão escrito “térreo” pra ver se ele ia mais rápido.
Isso, é claro, não resolveu. Então cruzei os braços numa tentativa frustrada de tentar conter minha impaciência e comecei a cantarolar qualquer coisa.
- Mas que po...! - Gritei, sentindo o elevador sacolejar e parar. Eu estava entre o segundo e o terceiro andar, então o elevador resolveu descer um pouquinho e abriu as portas. Eu arregalei os olhos para as cinco garotas que estavam ali. Elas entraram rindo e brincando, e elas gritavam os nomes uma das outras, como se estivessem repreendendo-se por alguma piada não dita.
- Olá . – A que chamava Lah disse. – Pronto para viajar?
Eu franzi as sobrancelhas para ela e logo percebi que a amiga dela, Aline, estava tirando uma espécie de saco da bolsa, enquanto as outras três pareciam avançar contra mim.
Andei para trás, encostando as costas na parede do elevador enquanto Lah socava o botão do elevador, para ele parar. E ele parou.
Pânico.
- Liz, Bib... Segurem ele – Aline disse.
As duas garotas seguraram-me, uma em cada braço – E, dude, elas eram fortes. Tentei me soltar, mas eles me prenderam de uma forma absurda.
- Sua vez, Isis – Liz disse para ela.
E, quando Isis se aproximava com um potinho de alguma coisa líquida, eu olhei para ela e a reconheci. E, então, reconheci todas as outras. Eram as minhas garotas, minhas Galaxy Defenders... Quase me mijei de medo com o que elas estavam pretendendo fazer. Porque elas podiam ser adoráveis, mas eu sabia, por experiência própria... Minhas garotas sempre tiveram parafusos a menos.
- Abre a boca, . – Bib pediu pra mim.
Fechei a boca com força e balancei a cabeça em negação. Elas riram. Aline e Lah se aproximaram e, com as mãos em minha testa e meu queixo, elas me obrigaram a abrir a boca.
- Bons sonhos, . – Isis me falou.
E, com isso, elas me soltaram e eu escorreguei pelo elevador, tão sonolento que não conseguia me manter em pé. Ouvi suas risadas e o elevador voltou a se mexer. Ainda senti-me sendo arrastado pelo chão antes de finalmente apagar.

’s POV.
- É, Jones . É. - Murmurei pra mim mesmo. - Essa foi uma péssima idéia.
Mas não sabia se estava me referindo a vir à Londres ou descer as escadas. Não importava. Nada disso ia mudar o tamanho da minha barriga ou o fato que aqueles imbecis eram os culpados por ele estar bebendo e comendo tanto.
Não exatamente, quero dizer. Eles eram culpados pela morte da Briella. E isso significava que eu não queria mais se preocupar com a barriga porque eu não tinha mais com quem fugir dentre os shows pra dar uma rapidinha. Alias, eu nem ao menos fazia mais shows!
Ok, eu ainda dava umas rapidinhas por aí, mas não era a mesma coisa. Eu só precisava exibir meu carro e umas notas que apareciam garotas suficientes pra mim. Mas nunca seria a mesma coisa.
Que seja. Eu podia continuar gordo. Não importava.
Revirei os olhos, caminhando até a rua. Estupidez era comigo, mas essa realmente havia sido um problema. Não viria nunca mais em reunião alguma, nunca mais olharia pra cara de nenhum deles. Por sorte, não teve que olhar na cara do ou não sabia o que aconteceria com o nariz dele.
Entrei no táxi que estava estacionado, sem me preocupar em olhar para os lados. Podia ter algum deles ali já.
- O aeroporto, por favor.
Não ia passar em casa. Não. Podia pegar aquelas roupas depois. No natal, talvez. Não ia precisar delas.
- Na verdade - O motorista... (Ou devia dizer A motorista? Seu crachá dizia Giuliana) Bom, ela falou - Acho que não vamos ao aeroporto, não.
Franzi as sobrancelhas para ela, tentando entender. Ela sorriu e o táxi parou. Com isso, as portas se abriram magicamente e entraram mais quatro garotas.
- Apresento-lhe Taís, Lee, Eloísa e Gabriella – Giuliana disse.
Taís, Lee e Gabriella se expremeram comigo no banco de trás, enquanto Eloísa ia no banco do passageiro, na frente.
Achei aquilo muito estranho. Era presente de aniversário?
- É uma festa? – Perguntei.
Elas riram da minha pergunta.
- Pode ser uma festa – Taís disse.
Olhei para ela, que estava com Gabriella no colo. Logo imaginei as duas se beijando na minha festa e achei aquilo muito legal.
- Posso me sentar no seu colo, se você quiser – Gabriella disse, parecendo perceber meu olhar para duas.
Lee, Eloísa e Giuliana estavam as gargalhadas quando Gabriella se moveu para o meu colo e eu me recostei no banco, parecendo feliz.
- É melhor você aproveitar bastante – Lee disse. – A festa vai acabar quando a gente chegar na casa da .
Casa da ?
Casa da .
- O QUÊ? – Eu berrei, finalmente percebendo na merda onde eu estava me enfiando.
Empurrei Gabriella, que caiu em cima de Lee com uma reclamação sonora das duas. Nem reparei que ela caiu com o rosto nos seios da amiga... Ok, eu reparei sim, mas eu estava com raiva demais para me importar.
- Ih, gente, segura ele. – Eloísa disse.
Taís tentou me puxar de volta para sentar no banco, já que eu estava tentando abrir a porta com o carro em movimento.
- Gente, ajuda aqui. – Taís pediu.
Mordi a mão dela no momento em que Lee e Gabriella pareceram se recuperar do “encontrão” para me puxar de volta ao lugar. Taís me deu um soco na cabeça com a mão boa, me olhando com raiva.
- Pera, gente, toma isso aqui! – Eloísa disse, passando um mini-taco de beisebol para Taís, enquanto Lee e Gabriella me seguravam.
Ainda arregalei os olhos para a garota antes que ela, com raiva pela mordida, acertasse minha cabeça com força. Desmaiei.

’s POV.
Entrei no elevador, mandando uma sms para a enfermeira. É, eu tinha os celulares de todas as enfermeiras do hospital e dos médicos também. E da recepcionista. Eu era meio obcecado, admito.
O elevador parou no térreo e eu sai tranquilamente pelo Hall, sentindo duas garotas atrás de mim, me seguindo de perto. Fãs, obviamente.
Apertei o passo.
Não foi o suficiente.
Uma garota parou à minha frente, com as mãos na cintura e o sorriso no rosto.
- Peguei ele – Ela disse.
As duas, que me seguiam, pararam ao meu lado, cada uma pegando em um braço meu, sorrindo para a amiga.
- Bom trabalho, Mari! – Uma delas disse.
Mari fez uma reverência, virando-se para andar para rua. Tentei puxar meus braços, mas as garotas me arrastaram até um beco, onde tinha uma mini-van estacionada.
- Giulia, abre a porta! – Uma das garotas que me segurava disse.
Olhei com raiva para ela, o que a fez rir da minha cara.
- Douguinho está com raiva de você, Thalyi – A outra garota disse, rindo.
Aproveitei que elas estavam rindo da minha cara, soltei meus braços dela e sai correndo para a rua.
-EI. GENTE, PEGA ELE. – Alguém gritou.
- VAI LUMA, PEGA ELE! – Continuaram gritando.
No momento em que eu achei que ia sair do beco, quase berrando “liberdade!”, eu fui jogado de cara no chão, com as mãos presas atrás das coisas.
- Você tem o direito de permanecer calado – A garota que parecia ser Luma disse. – Eu sempre quis dizer isso!
Ela me obrigou a levantar e me arrastou de volta para a mini-van, me jogando dentro dela, no banco dos fundos.
- Veja se não perde mais ele, Keila – Luma disse, para a garota que estava do meu lado no banco, que estava me segurando antes.
- Foi mal. – Keila disse. – Ele fez uma cara muito engraçada, não me aguentei.
- Vamos vendar ele – Thalyi disse. – Cadê a venda, Keila?
Pera, me vendar?
Tentei fugir de novo, mas Luma estava na porta, com os braços na cintura e isso me fez voltar como um cachorrinho arrependido para o meu lugar, arrancando risadas de todas.
- Coloquem bem amarrado. – Keila, que estava no volante, passou um saco de pano para a Mari, que estava no banco do meio e se virou para colocar na minha cabeça.
A porta da minivan fechou, com Luma se sentando ao lado de Mari. Foi a última coisa que eu vi, antes de ser vendado.
- Fica quietinho aí - Ela disse.
Suspirei, concordando. Ainda podia ouvir suas risadas, mas eu estava rendido. Elas eram melhores que eu.
E, apesar disso, eu estava mais preocupado com o pequeno apito que eu acabara de ouvir, vindo do meu bolso.
- Tá. - Eu disse. - Vocês ao menos podem ler a sms que acabou de chegar?
O que mais eu podia fazer?

’s POV.
Ok, também não fazia idéia de onde tantas garotas haviam surgido. Na verdade, eu fazia. Só podia ser idéia dela. Revirei os olhos, assinando outro encarte de CD. Eu estava sendo legal com todas elas por causa da e eu quase havia esquecido o quão bom era isso e o
quão natural era. E melhor. Não tinha dor e todas elas ficavam felizes com o pouco que eu podia dar, embora todas estivessem bastante cautelosas comigo, sem tocar muito, chorar ou entrar em pânico. Eu realmente tinha esquecido o quão maravilhosa elas eram.
Eu estava resistindo bravamente à dor e ao sono e, logo após o almoço, não estava mais fazendo porque a me pedira; Eu estava fazendo porque eu queria fazer. E isso foi melhor ainda.
Quando deu umas duas e meia, eu ouvi uma movimentação estranha da fila que nunca acabava. Logo em seguida, identifiquei a abraçando algumas garotas e tirando fotos com elas. Nunca entendi o porquê tanta gente queria tirar foto com a , mas a única vez que eu consegui lembrar de perguntar a ela, ela riu e disse que era bobagem das garotas.
Em determinado momento, ela me viu, sacudindo seus fones de ouvido em um “olá” para mim e acenou.
Um minuto depois, ela apareceu ao meu lado com café pra mim. Beijou minha cabeça e bagunçou meu cabelo, então eu parei de assinar um pouco e abracei-a pela cintura.
- Oi! – Ela me disse. Sentou-se no meu colo. – Nathy e Daphne! Meninas, quanto tempo! – Ela apertou a mão das duas, que pareciam estar explodindo de felicidade. – Vocês não se importam comigo roubando o um momento?
- Claro que não! – Daphne disse. – Meu MITO espera mais um pouco antes de ser rabiscado pelo garrancho do .
- Ei! – Eu reclamei, mas as três já estavam rindo da minha cara.
mordeu minha bochecha.
- Vamos virar de costas agora – Nathy anunciou, rindo. – Vamos, Giovanna, privacidade pro casal. – Ela disse à garota que estava atrás dela na fila.
- Troco privacidade pelo café. – Giovanna disse, rindo na brincadeira.
prontamente ofereceu seu próprio café para Giovanna, que aceitou às gargalhadas, antes de se virar de costas para nós. Dois segundos depois, todas as meninas que estavam dentro da Disco’s Berry estavam de costas e conversando sonoramente, como se isso fosse abafar o que e eu conversaríamos.
- Isso foi ideia sua, não foi? - Perguntei-a.
Ela riu, concordando com a cabeça.
- A teia de comunicação ainda funciona, acho que você pode ver. - Ela disse. Revirei os olhos. - Não se preocupe, a fila já está acabando, a bagunça lá fora é que todas continuam lá conversando quando saem. Tô indo pra casa, trabalha direitinho. - Ela curvou-se, com aquele sorriso lindo e esperto de quem está tramando algo e me beijou os lábios. - Tô te esperando, ok? Vou separar uma parte do armário pra você.
E com mais um beijinho, ela se foi, ainda parando pra falar com algumas garotas. E eu voltei a tentar prestar atenção nos autógrafos e em ser legal, mas eu só conseguia pensar em qual havia sido o resultado da depilação dela.
Capítulo Seis
Olá McFLY
Eu estava mais que ansiosa. Estava andando no gramado quase murcho do outono, de um lado para o outro, em frente de casa. Nada de ninguém, já eram quatro horas e nenhum dos carros havia chegado. Algo só podia ter dado errado.Balancei minha cabeça em negativa, com a certeza de que era meu nervosismo me convencendo de que eu estava totalmente errada. Sequestrar os meninos... Que ideia mais louca era aquela?
Suspirei, encarando meu celular vibrando loucamente em minha mão. Coloquei os fones e atendi, me sentindo uma verdadeira organizadora de eventos.
- Oi! - Falei.
“, o tá autografando pras duas últimas meninas agora” Alguém, eu não sabia o nome, me avisou.
- Certo. Ela ainda vai ao hotel, deve demorar mais meia hora... Só que ninguém chegou ainda. Quem vai vir pra cá?
Eu parei de andar, respirando fundo e tentando conter o nervosismo. Estava deixando as outras pessoas nervosas. Eu tinha que manter a linha porque elas, muito provavelmente, se espelhariam no meu humor. Se eu estivesse confiante, elas estariam confiantes... E era esse tipo de sentimento que eu queria passar.
”As meninas do primeiro grupo estão aqui. Elas vão fazer plantão essa noite, amanhã a gente vai trocar.”
- Ótimo. Vocês conseguem coordenar isso pra mim? - Perguntei - Eu acredito que vou estar muito ocupada com eles lá dentro e não quero deixar a casa sem cobertura caso alguém tente fugir.
“Sem problemas!” Ela disse. “Só informe a gente do que está acontecendo, pode ser? Vamos ficar mais que nervosas”
Eu ri. Claro que ficariam, eu também estava. Muita gente ansiosa e nervosa com o que poderia acontecer a partir de agora e tudo, nosso futuro, dependia de mim, na verdade. Se eu conseguisse ou não reunir o McFLY.
- Problemas em eu fazer isso pelo blog?
“Sem problemas. Olhe, ele está saindo daqui!”
- Okay. Obrigada!
“De nada”
Desligamos. Aproveitando que eu estava com o celular na mão, liguei pra uma das meninas responsaveis em trazer de Londres para minha casa, para saber como e onde elas estavam.
“Alô”
- Oi, onde vocês estão? – Não contive-me em ser o mais direta possível.
A menina demorou alguns segundos, provavelmente porque eu não dei-lhe tempo de associar o número desconhecido com a minha pessoa, antes que reconhecesse quem estava falando e finalmente me respondesse.
“AH! Oi, , já estamos chegando! Nos perdemos um pouco, mas achamos a rua tomada por fãs e agora sabemos que estamos no caminho certo”
Eu gargalhei. Pobre . Eu poderia ter sido um pouco mais sutil e caridosa com suas mãozinhas.
- É só virar na esquina, agora, em frente à praia – Eu disse. Caminhei até a rua, encarando a esquina. - Estou em frente a casa.
“Certo! Um minuto!”
E desligou. Com um suspiro, conclui que estava tudo correndo bem, embora o nervosismo ainda me assolasse e me fizesse pensar como uma estúpida.
As primeiras meninas estacionaram de qualquer jeito sobre a grama desleixada do jardim da casa de praia. De onde eu estavam, já conseguia ouvir as risadas e apenas balancei a cabeça, rindo e acenando. Do banco do motorista, Bib saiu primeiro, abrindo a porta para as outras meninas, que tropeçaram para fora do carro com um completamente desacordado e despenteado .
- Calma aí, gente! - Isis disse. – Segura a cabeça dele, Liz, ou ela vai arrastar no chão!
Aline, Lah e Bib ficaram rindo das duas enroladas enquanto Isis apenas fechava a cara para Liz, que não conseguia reunir coordenação motora o suficiente para segurar os braços de e manter a cabeça dele longe do chão.
Isis e Liz ficaram com a tarefa árdua de carregar para fora do carro e elas não pareciam estar se saindo muito bem nisso. Isis estava segurando as pernas do garoto, mas ela estava segurando nas pontas dos pés, o que levava o tronco de ao chão; Já Liz segurava pelo antebraço, com uma cara de quem fazia muita força, mas, mesmo assim, os cabelos dele estavam arrastando no chão.
- Ele é pesado, caramba! – Liz reclamou.
Aline revirou os olhos e se aproximou das duas garotas completamente enroladas e levantou o corpo de , descaradamente com as mãos na bunda dele.
- Aline! – Lah exclamou, às gargalhadas. As outras, prontamente, a acompanharam.
Aline apenas deu de ombros, parecendo muito feliz com a localização de suas mãos. Além do fato, é claro, que estava temporariamente fora do perigo de perder parte da testa no meu gramado.
- O que houve? – Eu perguntei, assim que elas me alcançaram, com um parecendo totalmente desmaiado. – Ele está vivo? – Continuei questionando, agora passando os dedos pelo cabelo dele, meio saudosa.
Elas riram mais uma vez, arrastando-se lentamente até a porta de entrada da casa, com a minha companhia preocupada com o estado de saúde de .
- Tá vivo, relaxa. – Lah disse – A gente só deu uns calmantes pra ele...
- E viemos o caminho todo fazenfo uns penteados bem loucos nele... – Bib completou, com um riso meio contido.
Eu tive que tampar meu rosto para conter as gargalhadas ao imaginar a cena. Ao ver o pessoal do segundo carro se aproximando e preparando para estacionar, apontei para a entrada da casa.
- Deixei ele no sofá. – Eu disse. – É no segundo cômodo! – Completei, com a voz um pouco mais elevada ao ver que elas já se afastavam.
Elas concordaram com a cabeça e, como um comboio animado e confuso, sumiram para dentro da casa.
O segundo carro finalmente estacionou e eu tive que me surpreender ao perceber que era um táxi licenciado, ao lado do da turma do . Giuliana foi a primeira a descer, do banco do motorista. Ela acenou, não parecendo muito feliz. Franzi minhas sobrancelhas ao ver Taís ser a segunda a sair do carro, segurando um mini taco de beisebol. Quando foi empurrado para fora do carro, com as mãos amarradas e cabeça dentro de um capuz, parecendo ligeiramente irritado na forma com que batia os pés no chão, eu tive certeza que a abdução dele tinha sido um pouco mais violenta que a de .
Quando parei de analisar a cena, estava mordendo os lábios de preocupação com tanta força que imaginei que iria arrebentá-lo muito em breve.
- Onde eu tô, merda? – inquiriu, olhando de um lado para o outro com uma rapidez repreensível, visivelmente abalado.
Lee, Eloísa e Gabriella o seguiram para fora do carro, todas com feições nada felizes. Temerosa com a irritação de e conhecedora de seu temperamento, eu tinha para mim que a viagem não fora nem um pouco agradável, provavelmente cheia de xingamentos e provocações.
não era assim o tempo todo. Eu me lembrava dele tranquilo, com um sorriso envolvente e sempre completamente fofo e disponível para te ajudar em tudo que precisasse. Decidi que eu ia abstrair seu comportamento naquele momento, declarando que era mais que óbvio que ele levara uma pancada na cabeça e estava reagindo à maneira que decidira ser apropriada.
Mesmo não sendo.
- ... – Eu arrisquei.
- O QUE É? – Ele berrou. Por um segundo, eu estagnei no lugar, assustada com o tom de sua voz. E, então, vi seus ombros abaixarem, aparentemente em reconhecimento, e ele tentou caminhar em min há direção, mas Gabriella o impediu. Ele puxou seu braço da mão dela com raiva e eu levantei minha mão, pedindo que ela não tentasse segurá-lo novamente. – ? , é você? Que merda você tá fazendo comigo, ?
Balancei a cabeça, chateada com o comportamento dele e com a possível dificuldade que seria para quebra-lo. Suspirando, apontei para a entrada da casa e Taís empurrou com a ponta do taco de beisebol, colocando-o a andar.
Eu esperava que elas ouvissem a movimentação na casa ou que encontrassem as outras garotas, por isso não procurei dá-las mais explicações sobre o caminho.
- Estou te convidando a passar uns dias comigo, . – Eu disse. - E eu adoraria que você aproveitasse a estadia e que eu não precisasse chamar meus amigos para controlar você. – Blefei e, embora realmente achasse que podia chamar gente para contê-lo, eu dificilmente o faria. Era o ali, ainda. – Estamos sendo gentis, mas podemos simplesmente parar de ser se você não se comportar.
Ele bufou algo inteligível e parou de se debater quando Lee e Eloísa passaram os braços pelos de para guiarem-no para dentro da casa. Gabriella murmurou-me um tímido “Obrigada” e, assim, elas sumiram pela porta.
No segundo em que eles desapareceram, o grupo de voltou ao lado de fora, às gargalhadas. A diferença entre elas e o outro grupo era notável; Certamente, elas tiveram um dia muito mais divertido.
- O que houve? – Eu perguntei à elas.
Caminhei até a varanda da casa para alcança-las, visto que percebi que elas tinham a intenção de permanecer por ali.
- A Aline fica abusando do . – Bib disse, apontando para a garota, segurando o riso. – Ficou passando a mão nele e ele todo apagado, nem aí para pra ela... – Ela mordeu os lábios para conter o riso, mas acabou não conseguindo continuar.
Lah resolveu pegar aquela tarefa para si:
- A gente colocou ele no sofá, então ela apertou a bunda dele. Aí ele acordou e – Ela soltou um riso abafado. – Soltou um “Ah”, rolou do sofá e dormiu de novo.
E, então, todas elas explodiram em gargalhadas e eu não tive como não acompanha-las. Acho que somente seria capaz de realizar um feito desses.
O terceiro e último carro estacionou metade na calçada, metade na rua, pois já não havia espaço na grama. Peguei-me voltando a atenção para ele, vendo Keila descer primeiro, tropeçando levemente com a inclinação do carro na rua. Mari e Luma a seguiram, descendo pelo lado da calçada. Thaliy e Giulia saíram logo em seguida, ambas oferecendo suas mãos para um vendado , parecendo estar muito tranquilo.
Antes que eu reparasse em minhas ações, eu já estava à poucos passos deles, um sorriso despreocupado no rosto ao admirar a cena.
- Chegamos? – Ele perguntou.
Viu Giulia apertar sua mão e ele a apertou de volta. Meu sorriso se alargou um pouco mais, orgulhosa.
- Sim, chegamos. – Giulia lhe respondeu.
Vi o sorriso de , totalmente sincero, antes dele começar a olhar de um lado para o outro, provavelmente tentando enxergar onde estava por algum espaço disponível na venda. Aparentemente, ele não teve sucesso, pois soltou um muxoxo triste e soltou suas mãos das meninas, levando-as a frente, tentando não esbarrar em nada ao caminhar.
- ? – Ele chamou-me.
Franzi as sobrancelhas para ele e suas mãos esticadas, como se pudesse me alcançar. Ele não devia saber que eu estava ali. Olhei para as meninas em uma pergunta silenciosa, enquanto arriscava alguns passos em direção aos braços erguidos de .
- Nós contamos para ele o que está acontecendo. – Keila disse. – Ele está muito comportado.
Concodei com a cabeça, com um sorriso doce, vendo tentando andar na direção que ele achava que eu estava. Meus olhos lacrimejaram com reverência e carinho e não pude conter meus pés quando eles resolveram tomar o caminho até ele.
- Estou aqui, . – Eu disse.
Ele virou-se com tudo em minha direção, tateando até encontrar meu braço estendido para ele. Então, sem nem me deixar pensar, ele puxou-me para um abraço apertado e saudoso, afundando seu rosto na curva do meu pescoço como se a vida dele dependesse disso.
Deixei escorregar uma lágrima com o carinho gostoso que ele fazia em minha cintura e enfiei meus dedos por seu cabelo, acariciando-o. Ele apertou-me um pouco mais e senti sua bochecha esfregar-se em minhas lágrimas, molhando-o um pouco.
- Não chora – Ele murmurou pra mim, tão baixo eu achei que era somente para que eu ouvisse.
Acariciei seus cabelos e me afastei um pouquinho para olhá-lo. Passei minha mão por seu rosto, segurando-o em uma distância saudável, admirando o que o tempo fizera com meu amigo tão querido. Um sorriso doce brincava em meus lábios.
- Senti saudades. – Eu murmurei.
Ele sorriu docemente, levando suas mãos até as minhas e apertando-as com carinho.
- Também senti saudades, . – Ele murmurou.
Apertei suas mãos de volta, olhando para as meninas, que encaravam a cena com olhos tão marejados quanto os meus. Sorri para elas e voltei a olhar para , que parecia tentar me ver através de uma fresta na altura do nariz, deixando-o em uma posição ligeiramente engraçada. Tive que rir.
- Promete que vai se comportar? – Perguntei-lhe. Sem pestanejar, ele concordou com a cabeça. – Eu realmente... Bom, eu não sei exatamente o que eu estou fazendo, mas eu quero muito que isso dê certo. Preciso tentar.
Ele concordou com a cabeça, coçando o nariz – coisa que ele fazia apenas quando estava prestes a chorar.
- Eu sei, . – Ele murmurou. – Eu também queria que isso desse certo. É... Bom saber que alguém não desistiu.
Mari se aproximou e agarrou-se em seu braço, apertando-o com força, como se quisesse dar forças para ele.
- Ninguém desistiu, . – Ela disse. – Só vocês.
Luma se aproximou levemente, acariciando o outro braço de , com um sorriso leve nos lábios.
- E ninguém vai desistir. – Ela completou.
Eu sorri. Era tão bom ter aquele clima de parceria de novo... Já fazia tanto tempo que todas elas tinham perdido contato e agora estávamos todas juntas de novo, de uma forma que parecia que não havia se passado um dia sequer afastadas.
- E ninguém vai sair daqui até vocês desistirem de desistir. – Eu murmurei.
Sorrindo, apontei para a porta e as meninas começaram a guia-lo até a casa. Ao olhar para porta, reparei que as meninas do saiam, de caras amarradas.
- Eu não desisti. – soltou, antes de sumir, arrastado, para dentro da casa.
Sacudi a cabeça, o sorriso brincando em meus lábios. Havia esperança, afinal.
Sorrindo, acompanhei-os até a porta, encontrando as meninas de parecendo não muito contentes consigo mesmas.
- O que foi? – Perguntei a elas.
Eloísa soprou o cabelo que caía sobre o rosto em uma explícita demonstração de frustração.
- Tivemos que amarrar o em disse, parecendo realmente chateada.
Ao contrário das reações que elas demonstravam, eu tive que morder meu lábio para não rir. Obviamente, quando eu entrasse em casa e tivesse que encará-lo, eu não iria me aguentar e acabaria explodindo em risadas.
- A porta estava aberta, então... Não queríamos que ele fugisse. – Giuliana completou.
O bom de tudo era que eu podia ver o que sempre fora muito claro: Fãs de McFLY sempre eram capazes de ir aos extremos para conseguir o que queriam, nem que isso significasse que deveriam amarrar em uma cadeira para que ele não fugisse da intervenção.
- Obrigada, meninas. – Eu sorri-lhes, com toda a sinceridade e gratidão que eu poderia sentir. – Isso foi muito melhor do que eu esperava. Vão ficar na cidade?
Elas concordaram com a cabeça, algumas, como Luma e Bib, reviraram os olhos com a idiotice da minha pergunta. Olhei de leve para porta, como se esperasse que algum deles tentasse fugir naquele meu momento de distração, mas nada aconteceu. Balancei a cabeça, colocando-me a sorrir de novo e acordando-me do meu devaneio, encarando-as.
- Temos que fazer check in. – Lah disse.
- É que não dá pra perder isso, entende? – Eloísa completou.
Eu ri e abri os braços, chamando-as para um abraço grupal, cheio de esperanças por dias melhores, com novas trilhas para embalar nossas vidas, novas alegrias, notícias... E tudi mais que ter nossa adolescência de volta acarretava.
O abraço grupal não deu muito certo. Algumas meninas estavam mais próximas e apenas me abraçaram, mas algumas estavam distantes, correram e se jogaram contra nós, fazendo com que caíssemos no chão em um bolo confuso. Para completar, as meninas do chegaram, viram aquela confusão no chão, gritaram “MONTINHO!” e pularam em cima.
Acabamos todas derrotadas sobre a madeira gasta da varanda, emboladas e rindo. Com sorte, sobrevivemos todas sem grandes danos; nada além de alguns hematomas e áreas doloridas.
Deitadas no chão, rindo tão verdadeiramente que minha barriga doía, eu sentia como se as coisas estivessem voltando ao seu eixo, à sua normalidade. Eu, com aquela promessa de um futuro melhor, só estava me sentido tão bem quanto eu não conseguia me sentir desde o acidente. E eu sabia que elas se sentiam da mesma forma.
- Vou trancar a casa. – Eu lhes confessei, assim que consegui parar de rir. – E esperar o aqui fora. – Sentei-me, respirando fundo e tentando colocar os pensamentos em ordem. – Vocês podem ir para os seus hotéis que, depois que o chegar, vai vir um grupo para vigiar a casa. – Sorri para elas e suspirei. – Vou postar no blog assim que puder, mas não acho que eu vá conseguir postar muita coisa hoje.
Eu pude ver um bocado de caretas quando terminei de falar. Acho que ficou claro demais que “não vou conseguir muita coisa hoje” significava “Eles vão gritar um com o outro até a morte e eu não vou narrar isso. É muito pessoal.” Revirei os olhos, deparando-me com, pelo ao menos, três bicos.
- Vamos lá, gente! – Eu disse, com a voz animada. – Nós vamos conseguir isso de volta!
Isso foi revigorante para elas. Com muitos sorrisos e alguns “YEAH”, elas começaram a se levantar, ajudando umas as outras – e a mim também. Nos despedimos com muitos beijos e abraços e promessas de dias melhores.
Permaneci na varanda por alguns momentos, vendo-as se arrumarem e dividirem-se em carros e acenei, vendo-as partir.
Suspirei, finalmente entrando em casa.
Passei pela cozinha para me deparar com o pequeno grande caos da sala. estava abandonado e mal posicionado no sofá de dois lugares, em um sono para lá de profundo. estava sentado no meio do sofá de três lugares, tão parado e rígido que só podia estar com medo de se mexer e quebrar alguma coisa.
Rindo, voltei-me ao que parecia mais urgente: . Ele estava amarrado com fios que pareciam ter sido tirados da gaveta para manutenção da TV, em uma cadeira que fora arrastada da cozinha até ali. Os fios passavam apertados demais por seus braços, marcando-os com mais força a cada vez que ele se sacudia no intuito de se soltar.
Ele parecia muito irritado, mas, mesmo assim, eu estava saudosa. Incapaz de me contei, passei meus braços ao seu redor, abraçando-o por trás e dando-lhe um beijo no topo da cabela. se debateu em birra, tentando se soltar do meu abraço – mas, também, dos fios que o prendiam -, mas eu apenas ri, apertando-o um pouco mais.
- Será que você pode parar de ser tão resmungão, ? – Perguntei-lhe, ainda rindo.
Ele parou de se sacudir um pouco, menos resistente ao meu abraço que antes, mas suas mãos continuaram fechadas em punho, uma clara contenção de sua raiva.
- Será que você pode me soltar? – Ele perguntou-me, entredentes.
Soltei uma risada nasalada por ele sequer pensar que eu seria idiota o suficiente para soltá-lo.
- Claro que não. – Eu ri. – Eu sei que você vai tentar fugir, bobão. – Beijei a cabeça dele, ainda rindo, enquanto ele bufava e voltava a se sacudir. – o , por outro lado, está se comportando muito bem, então vou tirar a venda dele e deixa-lo ver TV.
, com raiva e ciúmes, sacudiu-se com força em demasia, me obrigando a soltá-lo antes que ele conseguisse machucar a nós dois.
- YEY! – comemorou.
Sorrindo levemente, caminhei até , passando silenciosamente por , que já demonstrava sinais de que iria acordar em breve. Tirei a venda do homem, sentando-me ao seu lado e amarrando seu pulso rapidamente, em seguida. Ele me olhou, parecendo magoado.
- Desculpe. – Sussurrei. – Não quero correr o risco de você soltar o .
Ele suspirou, compreensivo e, em seguida, abriu o maior sorriso do mundo.
- Tudo bem. – Ele murmurou, parecendo um pouco tímido. – É bom te ver, finalmente.
Balancei a cabeça, rindo e revirando os olhos com o trocadilho editora. Curvei-me, esticando meus braços até a mesinha de centro para pegar o controle da TV.
- O que você quer ver? – Perguntei-lhe.
Ele deu de ombros, me fazendo revirar os olhos mais uma vez. Zapeei os canais por um tempo, até que encontrei um programa pelo qual ele demonstrou algum interesse.
- Esse está bom. – Ele disse, apenas confirmando o que eu já sabia.
Assistimos um pouco de TV em silêncio, rindo dos muxoxos sonecas de e das sacudidas de , até que ele finalmente fez a pergunta que eu sabia que estava lhe incomodando.
- Cadê o ? – Ele olhou ao redor, fingindo só notar sua ausência naquele momento. – A intenção não era todos...?
- É. – Eu murmurei, cortando-o. – Ele já deve estar chegando, mas ele não vai precisar ser sequestrado... – Sorindo levemente ao me recordar da expressão que fizera aquela manhã, aproximei-me do ouvido de e sussurrei – Eu disse a ele que iria à depilação.
gargalhou alto e gostosamente, fazendo com que pulasse em sua cadeira, curioso para saber qual era o motivo dos risos, mas eu apenas olhei-o, ainda rindo, gostando de deixa-lo de castigo por ser malvado.
Bati de leve sobre a perna de , enquanto ele ainda ria (não sei se pela depilação ainda ou se sobre se equilibrando nas pernas da cadeira, com raiva), peguei meu notebook em cima da mesa de centro e tomei meu caminho até a varanda, trancando a porta de casa apenas por precaução.
Sentei-me no sofá da varanda, colocando os meus pés sobre a grade da mesma, abrindo o notebook em seguida. Durante muitos anos, eu não fiz aquilo, mas lá estava eu colocando a senha do meu blog mais uma vez. Eu esperava poder encher ele de notícias boas, mas não sabia até onde podia ir.
Com um suspiro, postei um texto que eu dei o nome de E começou...(clique pra ler), e tive que acabá-lo subitamente porque avistei o carro de virando a esquina. Só tive tento de finalizar o texto, postar e fechar o notebook antes que saísse do carro com um sorriso lindo que eu logo correspondi.
- Oi! - Ele disse, subindo as escadas até a varanda, enquanto eu me levantava com o notebook.
Ele me alcançou, puxou-me pela cintura e beijou-me a boca docemente. Passei meu braço livre pelo seu pescoço, ficando na ponta dos pés. Distraidamente, enquanto ele me beijava, caminhei até a porta e tateei a fechadura, encerrando o beijo e destrancando a porta o mais disfarçadamente que eu conseguia.
Abri a porta, entrando e puxando-o pela gola. Bati a porta atrás dele e tranquei-a rapidamente, assustada que ele percebesse o clima da casa e saísse correndo, com medo do confronto que estava por vir. Quando olhei-o, ele apenas encarava-me abobalhado.
- Uau - Ele me disse. - Isso tudo só pra mim? - Perguntou.
Sorri e entendi o pensamento dele, finalmente. Achei que, talvez, ele precisasse de um amolecimento antes de encarar quem estava esperando-o (não por vontade própria) na sala, então concordei com a cabeça.
- Claro, meu amor - Disse - Achei que você se comportou tão bonitinho hoje que merecia recompensa.
O sorriso dele passou de sereno pra completamente promíscuo em dois segundos. No seguinte, estávamos exatamente como no dia anterior, no mesmo lugar: Ele imprensando-me contra a parede, os lábios em meu pescoço, me torturando e enlouquecendo aos poucos.
- Falando em hoje... - Ele sussurrou, subindo para o meu ouvido - Você está me devendo uma loooonga massagem porque eu não estou agüentando minhas mãos. Mas não precisa ser nelas, você sabe onde eu prefiro, não sabe?
Enquanto eu corava, levemente, ele mordia minha orelha, rindo baixinho. Céus, eu tinha que me controlar ou ia acabar me concentrando em e esquecendo que eu tinha que fazer os quatro conversarem.
- Não me provoca, Judd - Eu murmurei, uma tentativa totalmente inútil que minha resistência partisse da boa vontade dele de colaborar.
E, é claro, ele riu. Riu o suficiente, antes de capturar meus lábios em um beijo estonteante. Eu não sabia se me concentrava no beijo ou se pensava que talvez os garotos já houvessem descoberto que estava ali. Com aquela risada, achava difícil não saberem.
- Por que eu deveria não provocar? - Ele disse. - Somos maiores de idade, estamos em um relacionamento, não nos vemos há anos, eu desejo você e você me deseja - E deu um beijinho bem lentamente em meu pescoço, antes de voltar a olhar em meus olhos. - E além de tudo isso, você fez uma depilação e ainda não me deixou ver!
Dessa vez, eu que gargalhei. Ok, era tudo por causa da depilação. Eu tinha acertado na mosca pela manhã e nem havia me tocado. Eu já tinha esquecido o quanto ele gostava quando eu fazia depilação, não só por não haver pelos, mas porque minha pele ficava devidamente sensível por um tempo, depois disso. Então, com um sorriso esperto, e murmurei.
- Certo. Se você quer ver isso, por que não me espera na sala um pouquinho?
Ele fez que ia retrucar, mas meu olhar foi firme. Então estalou os lábios e sumiu em direção à sala enquanto eu corria até a cozinha para colocar o laptop em algum lugar seguro.
E quando eu o fiz, só conseguir ouvi-lo:
- MAS QUE PORRA É ESSA?
Capítulo Sete
Brigas
- MAS QUE PORRA É ESSA? - Eu ouvi dizendo.
Fechei os olhos com força, não preparada pra enfrentar a maratona que teria que encarar assim que cruzasse a porta da sala, mas eu sabia que as coisas podiam apenas piorar sem mim. Por isso, e só por isso, eu deixei o notebook sobre a mesa da cozinha e caminhei lentamente até a sala.
A visão não poderia ter sido mais estranha ou desesperadora. Eu não sabia sequer pra onde eu iria olhar e qual coisa eu resolveria primeiro. estava tendo um acesso no sofá. Ele sentara ao lado de e se encolhera, com as mãos na cabeça. Eu nunca o tinha visto assim, mas eu sabia que era um pós-traumático e Fletch havia me avisado que ele poderia ter um. E também me contara que fizera tratamento psicológico nos últimos anos porque ele tinha algo parecido a qualquer menção da palavra “culpa”. Agora, ele só tinha um quando “culpa” era colocada na frase se referindo à ele.
, ao lado de , tentava desesperadamente desamarrar as mãos e eu podia vê-lo mexer os lábios para , falando-o para parar de se lamentar por motivo algum que tava tudo bem. havia acordado e estava esfregando os olhos com as mãos, tentando entender o que estava acontecendo. Ele arregalou os olhos quando encontrou-os com os meus e, ao se deparar com as outras pessoas da sala, rolou pra outro lado do sofá, mais pra perto de , que estava ainda amarrado, mas se debatia tanto, tentando entender o que estava acontecendo, que a cadeira não ia aguentar muito.
Eu tinha que ver minhas prioridades e, no momento, achei que deveria ser . Quero dizer, não é porque ele é meu namorado nem nada, ele estava se debatendo, se afastando de e murmurava coisas que eu não conseguia entender. estava ficando irritado com aquilo. Fazia três anos que eles não se viam ou se falavam e a tentativa dele de deixar tudo bem estava resultando em nada além dele batendo com as mãos presas na cabeça de .
Por isso, sentei-me do outro lado de , no sofá. Peguei-o pelos ombros e o fiz olhar pra mim.
- - Chamei-o
Não obtive o resultado que queria. estava com o olhar perdido e estava tremendo tanto que achei que seria sensato ligar para uma ambulância. Levantei o olhar pra e ele estendeu as mãos pra mim, implorando. Suspirando e vendo-o cheio de boas intenções, eu soltei as mãos dele.
- Eu não sei exatamente o que fazer - murmurou, passando os dedos pelo pulso, tentando normalizar a circulação que ficara ligeiramente presa enquanto ele forçava para se soltar - Mas deixe-me tentar. , cara? É o . Olha pra mim, porra, pára de agir como uma garota!
Eu estava nervosa o suficiente, mas eu ri baixinho. E meu sorriso continuou ao ver que reagira ao incentivo de , olhando pra ele, mesmo que com os olhos arregalado de medo.
- Culpa. Minha. Culpa - sussurrou, fazendo com eu e finalmente entendêssemos o que ele falava.
olhou pra mim e eu soube que ele tinha conhecimento do problema psicológico de que Fletch havia me comunicado nessa manhã. Eu estava quase chorando, então eu apenas neguei com a cabeça, sem saber o que fazer. Parecia que eles não sabiam que eu e não estávamos juntos até dois dias atrás, parecia que esperava que eu soubesse o que fazer. Eu nem ao menos sabia que ficava assim, de qualquer forma. Talvez eu não tivesse nem mexido no passado se eu soubesse o quão grave ainda era esse problema pra ele.
pareceu perdido por uns momentos, ao perceber que eu realmente não sabia com que estava lidando. Então ele resolveu tomar a posição que eu tinha tentado antes, como se imaginasse que eu havia feito aquilo antes e que havia funcionado.
- Me escuta, cara. - Ele disse - Eu sei que eu disse umas coisas feias pra você naquele dia, mas eu acho que você entende que eu estava nervoso por causa da Annie, certo? Sabe, ela está melhor... - parou de falar por alguns segundos, distraído pelo pulo que eu havia dado do sofá. Ele olhou pra mim por um momento e murmurou um “desculpe” - Ela ainda não acordou, mas eu sei que ela vai fazer isso a qualquer momento. E eu sei que isso não foi sua... - Ele mordeu os lábios, quase falando “culpa” e mudou rapidamente a frase - Não foi por sua causa, ok? Foi um acidente, qualquer um de nós podia estar dirigindo aquela noite, mas estávamos bêbados. Também podia ter sido qualquer uma das garotas, podia ter sido a ... Foi um acidente, ok? Eu aceito isso e eu não culpo você. Só espero que não seja tarde demais pra você perdoar o idiota que eu fui.
Eu tampei a boca com a mão, tentando segurar o choro, mas sendo altamente incapaz. Eu sentia que parara de tremer quando ele olhou pra mim, ao ouvir meu nome sendo pronunciado por , checando se eu estava bem. Ele pediu a minha mão livre, procurando-a enquanto tateava o sofá e eu apertei-a. Ele encarava , sem saber o que fazer e, então, soltou o ar com força, soltou a minha mão e passou os braços por , dando tapas nas costas dele. gargalhou, abraçando de volta e retribuindo o carinho.
Eu sorri, vendo-os começarem a se ofender, fazendo as pazes do jeito que caras fazem as pazes e só então eu lembrei que haviam outros dois com quem eu tinha que me preocupar naquela sala.
havia se levantado e, antes que eu pudesse correr, ele tirou o capuz de , deixando-o ver e fazendo as pazes. Eu o vi ganhar cor, ficar vermelho tentando conter a raiva. Até deu uns passos para trás, até mesmo antes que começasse a se sacudir com mais força.
E eu soube que fazer dois, três se falarem, seria fácil. Mas não iria ceder para tão cedo.
- , VOCÊ É IDIOTA? - berrou. - Como... COMO! Arg, como você consegue falar com ele depois daquilo? VOCÊ BEBEU? ELE MATOU A BRIELLA!
se afastou de , percebendo que ele voltara a tremer e olhou pra mim, quase como se implorasse. Eu tive que pensar em algo rápido.
- Ei, amor! - Eu chamei, sentando no colo de - Então, está na hora de você me contar sobre o seu dia!
olhou pra mim, ligeiramente confuso, mas parou de tremer e sorriu. Senti seus dedos tamborilarem na minha coxa e ele tentou começar uma narrativa contando sobre cada fã que ele havia atendido, mas era tão difícil pra ele contar quanto era pra mim prestar atenção.
- Esse viado acabou com as nossas vidas, ! - continuava - Ele acabou com a banda, machucou as garotas! Você está traindo a gente! Como você pode?
Beijei o queixo de , sentindo que ele voltava a tremer. Capturei seus lábios, tentando distraí-lo o suficiente para que ele não ouvisse o que estava sendo dito, mas era impossível.
- Você está sendo idiota, ! - disse - Não foi culpa de ninguém! Todos nós fizemos algo errado naquela noite, você não tem o direito de apontar o dedo pra alguém e falar que a culpa é dele! sofreu tanto quanto a gente, você não está vendo?
Eu abri os olhos, enquanto beijava . Eu preferia não tê-los aberto. estava sorrindo tão sadicamente que eu quase não reconhecia o mesmo cara de três anos atrás. E isso me dava vontade de chorar.
- Ah, sim, estou vendo ele quase comendo a garota dele na nossa frente enquanto a minha está debaixo de sete palmos de terra. - Disse, fazendo parar de me beijar e me olhar com os olhos arregalados - Claro, isso realmente demonstra o terrível sofrimento pelo qual ele passou. - E então, parecendo calmo enquanto me ameaçava tão claramente com o olhar que eu acabei saindo do colo de , ele virou-se para . - Você pode me soltar, por favor?
Eu não neguei que fizesse. Assim que foi solto, ele ficou de pé e se espreguiçou. Então, no segundo seguinte, estava curvado sobre a mesa de centro, como se estivesse planejando atacar , ou eu.
, ao invés de entrar em outra crise, posicionou-se como se estivesse prestes a me defender, caso me atacasse. Isso não passou despercebido.
- Isso mesmo, . - disse - Sua namorada está inteira ainda e se fosse você, protegia ela mesmo ou ela não vai ficar assim por muito tempo.
Eu deixei meu queixo cair, chocada com as coisas que estava dizendo. Por mais que eu entendesse que ele estava com raiva, eu nunca havia feito nada de mal para que ele desejasse - até ameaçasse - fazer alguma coisa contra mim. empurrou-me para sentar atrás dele no sofá e percebi que estava se ajeitando de forma parecida para me defender se fosse necessário.
finalmente pareceu induzido a entrar na conversa. Ele caminhou até e colocou a mão sobre seu ombro, a qual o garoto rapidamente removeu, assustando-o um pouco.
- , você precisa se acalmar. - disse.
- Deixa ele, . - reclamou, parecendo mais corajoso do que realmente era. - Vamos lá, deixa ele falar. Vamos ver quanto mais ele consegue ser ridículo!
, cautelosamente, deu dois passos para o lado. bufou e, perceptivelmente, sua respiração ficou muito alterada. Eu podia entender, agora, porque ele estava muito bem amarrado antes. E deveria ter continuado.
- Ridículo? Ridículo são vocês todos deixando ele impune disso todo! Ele manou a Briella, aleijou a Verna e a Annie ainda nem acordou! E olhe só pra ele curtindo a vida com a , totalmente perfeita enquanto nós três estamos nessa merda de vida.
- Minha vida não é uma merda - murmurou, mas ninguém deu-lhe atenção.
levantou-se, posicionando-se a frente de , que segurou-o pelo braço e tentou forçá-lo a sentar-se novamente, mas sem sucesso.
- É, . Pode até ser que minha vida esteja na merda, mas eu tenho esperanças. Agora você está merecendo mesmo que não tenha nenhuma, sendo idiota do jeito que é. E, sabe? Verna se livrou de uma boa, morrendo, porque ter que aturar um cara como você todos...
não chegou a terminar a frase. Minha mesinha de centro voou na direção de enquanto tentava avançar contra que, com um puxão de , caiu sentado de volta no sofá.
Não entendi direito como tudo aconteceu. Mas, no segundo seguinte ao que caira ao meu lado do sofá, estava com os lábios sangrando, acertada por um soco de , que era direcionado a . ainda tentou segurar , mas ao jogá-lo contra o outro sofá, atingiu-lhe no supercílio.
Pânico. Era tudo o que eu conseguia sentir. Era tudo culpa minha, eles brigando. Estavam bem, separados, mas por causa da minha ideia genial... Ali estavam eles.
- Cara, desculpa, eu... - começou.
, com a mão no rosto, abanou dizendo que não importava. Os dois estavam sangrando. Eu tinha que fazer alguma coisa.
- CHEGA! - Berrei. Eu não sabia que minha voz poderia sair tão forte assim, se eu quisesse. Assustei todos os quatro. - Você - Apontei pra , levantando-me e agarrando-o pelo braço - E você - Agarrei o braço de , ainda jogado no sofá. - Podem vindo comigo.
e ainda fizeram menção de não permitir que eu fosse pra junto de , mas acenou pra eles com a mão livre e eles entenderam, conhecendo-se tão infinitamente que três anos de distância não os faziam esquecer que aquele gesto significava que nada de ruim ia acontecer comigo enquanto estivesse por perto. Eu sabia, eu confiava. E não acreditava que fosse capaz de fazer algo, mas ele estava tão mudado desde a última vez que eu o havia visto... E parecia com raiva de mim, não aquele cara legal com a casinha de waffles.
Levei-os escada acima até um dos quartos de hospedes da casa. Soltei-os por um segundo, abrindo a porta e empurrou pra dentro. Se fosse em circunstancias normais, eu apostaria que levaria uma bronca sem fim de , mas eu não sabia o que podia acontecer.
- Eu vou buscar gelo pra você - Eu murmurei pra .
Ele concordou com a cabeça, mas quando eu tentei me afastar, ele segurou meu braço, impedindo que eu fosse. Olhei pra ele, ligeiramente assustada com tudo que estava acontecendo, mas ele apenas sorriu pra mim e puxou-me para um abraço.
- Tá tudo bem, , - Ele murmurou. - Isso não devia estar acontecendo e nem acho que vai resolver alguma coisa, mas está tudo bem.
Eu não disse nada. Esperei que ele me soltasse e corri para a cozinha, enchendo um copo com gelo e pegando um pano para voltar ao quarto. Quando eu entrei, estava jogado na cama com o travesseiro sobre a cabeça, abafando o que me pareceu choro. Parei à porta, sentindo-me invasiva enquanto apenas encarava . Ele olhou pra mim, pegou o copo e o pano da minha mão.
- Obrigado - Disse. E encostou a mão na porta, uma mensagem clara de que eu deveria sair dali.
Assustada com tudo que estava acontecendo e rápido demais, eu simplesmente dei dois passos pra trás, vendo fechar a porta. Meu quarto era ali do lado e eu estava tentada à me trancar lá dentro e chorar até não aguentar mais, mas segurei meu soluço e minhas lágrimas e desci as escadas pra cuidar do machucado de .
A minha surpresa foi que eu fui passada a perna. Quando cheguei na porta da sala, estava tentando limpar o machucado de enquanto xingava-o porque estava ardendo e não tinha uma mão muito leve, mas ambos estavam rindo. Eu sorri, os olhos cheios de lágrimas e passei direto pra cozinha.
Abri meu laptop, certa de que aquela era uma coisa que eu tinha que postar no blog. Tudo bem que eu tinha acabado de postar, mas... Em toda aquela confusão, algo bom tinha saído. E eu tinha que dividir que nem tudo estava perdido.
Assim que terminei de postar, as risadas cessaram e surgiu na porta da cozinha.
- Ei! - Cumprimentou-me - Você está aí, eu já ia ficar preocupado! - Ele passou direto pra geladeira, tirando cubos de gelo de lá - Por que não está na sala, com a gente?
Espertamente, eu sorri.
- Só achei que vocês precisavam conversar um pouco, sozinhos.
Ele sorriu lindamente pra mim, os cubos de gelo em um copo em sua mão. Caminhou até mim e deu-me um beijo na bochecha.
- Obrigado, , - Ele disse. - Por tudo.
E saiu da cozinha, me deixando sorrir idiotamente sem me preocupar em sentir-me envergonhada.
Com um suspiro, eu fechei o notebook e sai da cozinha, caminhando silenciosamente até o quarto, onde me pus em um estado de semi-sono, enquanto esperada entrar para conversar sobre o dia de hoje.
Uma meia hora mais tarde, a porta do quarto se abriu e eu o vi adentrar o quarto com o olhar em cima de mim
- Você é maluca - disse, assim que ele fechou a porta atrás de si. - No que vive estava pensando, ?
Meu olhar para ele, para seus olhos magoados, foi nada além da mais pura culpa. Sentei-me na cama, cruzando minhas pernas e abaixei a cabeça, envergonhada.
- Eu só queria ajudar - Murmurei, tão baixo que admirei que pudesse ter escutado.
Mas ele o fez e sua reação foi um suspiro derrotado. Ouvi seus passos até mim e, então, ele estava sentado ao lado de mim na cama. Seus dedos posicionaram-se embaixo do meu queixo, levantando meu rosto para encará-lo.
- Você é louca - ele repetiu. - E eu amo você demais.
Eu sorri à sua declaração, mas seu rosto permaneceu impassível, como se me amar fosse apenas uma coisa inevitável, mesmo que ele estivesse zangado comigo. Meu sorriso logo deixou meu rosto e eu soltei um suspiro chateado.
- Me desculpe, - murmurei. - Você parecia triste e eu sabia que eles também estavam e eu pensei... Eu tinha que tentar, . Não sabia que você... - Eu ia falar sobre o problema dele, mas eu tinha a impressão que ele ficaria desconfortável com isso, então me cortei. - Eu sinto muito. Muito mesmo.
suspirou ao meu discurso, soltou meu rosto e deixou de me encarar para encarar a porta, afundando na cama, parecendo desanimado e cansado. Eu podia ver que ele estava emocionalmente e fisicamente cansado, tão esgotado que parecia nem ter forças para discutir comigo sobre as minhas ações.
- Ao menos ... - Ele murmurou, parecendo não saber exatamente o que falar sobre aquilo tudo.
Olhei para ele, sentindo- me ligeiramente arrependida de ter mexido com seus tão frágeis sentimentos sobre seus amigos. Meu coração estava batendo fraquinho, magoado com sua dor... Uma conexão que eu sabia que nós tínhamos há muito tempo. Eu só sabia que precisava fazer alguma coisa sobre isso, embora não fizesse ideia do quê.
Encarei a porta, querendo corrigir aquilo e fazer com que o clima naquele quarto voltasse ás calorosas declarações de amor da noite anterior.
Estagnei, com um sorriso, sabendo exatamente o que fazer.
- Você não está com muita raiva de mim, está? - Eu perguntei, repetindo a mesma pergunta que ele me fizera noite passada.
Não foi surpresa ao perceber que, agora, o rosto de estava refletindo a mesma expressão que o meu: um leve sorriso saudoso com uma pitada de safadeza.
- Só um pouquinho... - Ele murmurou, repetindo a mesma coisa que eu havia dito.
Meu coração disparou, vendo que ele estava com disposição para me perdoar e, além disso, passar uma noite maravilhosa ao meu lado.
- Hm... - Sussurrei. - Então a gente pode resolver isso na cama, huh? - Eu sugeri.
riu gostosamente, voltando-se para mim, com um sorriso que me dizia que minha noite seria longa e sem muito descanso, fazendo meu coração disparar e meu corpo estremecer em expectativa.
- Estou adorando essa nossa nova maneira de resolver problemas - Ele sussurrou, a voz demonstrando todas as suas quinhentas mil intenções, onde a maioria delas não passava nem perto de boas.
Ele aproximou a boca da minha e o beijo foi para lá de inevitável. Sorri, passando os braços pelo seu pescoço enquanto ele me empurrava levemente em direção da cama.
encerrou o beijo antes que eu me desse por satisfeita e levantou o corpo, desencostando-se de mim para me olhar. Uma de suas mãos trilhou pela lateral do meu corpo, arrepiando ate minha alma, seu olhar tão desejoso e sedento estava me desconcertando.
- Assim você vai me deixar sem ar antes de fazer qualquer coisa... - Eu sussurrei com a voz fraquinha.
riu, sua mão espalmou em minha barriga, entrando suavemente por debaixo da blusa, me fazendo suspirar.
- Ah, mulher... Você consegue me deixar sem ar só com um sorriso... - Ele murmurou com a voz rouca, levando seus lábios a minha barriga, beijando lentamente, fazendo com que eu arqueasse meu corpo, deliciada. - Mas você foi uma menina muito malvada hoje... - Ele parou de beijar minha barriga, olhando pra mim e fazendo com que eu estremecesse. Com um sorriso, ele subiu o corpo, levando os lábios a minha orelha - Agora vai ter que fazer tudo que eu mandar para que eu possa te perdoar.
Suguei o ar com força, as mãos indo aos seus ombros e as unhas cravando em sua pele por cima da blusa fina que ele usava. Ele beijou meu pescoço, beijando-o e chupando-o de forma que eu sabia que acabaria deixando marcas, mas eu não me importava. Aquele era meu homem e, depois daquele tempo sem ele e de saber que ele precisava mais de mim do que eu imaginava, tudo o que eu desejava era lhe dar prazer.
- Tudo que meu favorito quiser. - Eu sussurrei, já entorpecida pelos seus encantos.
grunhiu, pressionando seu corpo no meu, mostrando o quanto ele me queria. Seus lábios voltaram aos meus, vorazes e deliciosos, e eu levei meus dedos aos seus cabelos, puxando-os todas as vezes que ele mordia meu lábio inferior - e outras vezes sem motivo algum.
arrancou minha blusa, encerrando o beijo para poder realizar tal feito, levando ambas as mãos aos meus seios e apertando-os sem dó algum. Gemi gostosamente aos seus toques rudes, sem me importar com as pontinhas de dor que eu sentia. Naquele momento, satisfazer era a coisa mais primordial e seu sorriso safado me informava que ele estava bem satisfeito, obrigada.
- Você vai ficar aí só gemendo, é? - ele perguntou-me, provocando. - que vida mole...
Eu ri, suspirando em seguida, sem saber como poderia reagir a essa explosão de sexualidade que ele estava tendo. ainda era o meu , mas suas diferenças ainda me custariam algum tempo para me acostumar.
Resolvi fazer o que ele queria e tirei-lhe a camisa em um movimento rápido, que o fez sorrir. Cravei minhas unhas em seu peito nu e ele arrancou meu sutiã enquanto friccionava seus quadris nos meus, como se tentasse me agraciar pela minha atitude desesperada. Em resposta, arranhei-o do peito ao cós da calça.
Subitamente, ele me afastou, movendo-se estranhamente pra longe de mim. Ele sentou-se na beira da cama, os pés encostando no chão e chamou-me com os dedos. Meio mole e desengonçada, eu engatinhei ate ele e ele capturou meus lábios, chupando-os deliciosamente.
- Você é deliciosa - Ele murmurou. Espalmei minhas mãos em seus peitos para então perceber que ele havia aberto a calça e colocado seu membro totalmente ereto para fora, masturbando-se. Ele seguiu meu olhar, depois olhando para mim com um sorriso leve no rosto. - Quero sentir sua boquinha linda em mim.
Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram, mas eu nem pestanejei em realizar seus desejos. Em um segundo, eu estava ajoelhada no chão e pegando seu pênis com minhas mãos. Olhei bem para e, então, passei minha língua em sua extensão, vendo revirar os olhos e jogar a cabeça para trás.
Não demorou muito e suas mãos estavam em meu cabelo, implorando que minhas lambidas se tornassem sucções, mas eu estava apenas sorrindo ao poder que eu conseguia exercer sobre ele. Era tão incomum que ele gemesse e ali estava ele, murmurando coisas ininteligíveis.
Inconformado, ele embolou meu cabelo em suas mãos, puxando-o para junto de si, esmagando meu rosto contra seu pênis e contra sua barriga. Entendendo o que ele queria, abocanhei a cabeça do seu pênis, fazendo com que ele grunhisse.
Eu fiz tudo que ele queria. A cada movimento desesperado de suas mãos em meus cabelos, eu entendia o que ele desejava e o fazia. Chupei todo seu pau, lambi e suguei suas bolas, fazendo-o gemer alto e jogar a cabeça para trás.
Ele estava em êxtase e minha calcinha estava para lá de molhada e eu não consegui me conter. Há algum tempo, após me deixar e eu tentar alguns encontros sem sucesso, eu me acostumara a me dar prazer sozinha e contando que e eu tínhamos mais intimidade que qualquer outros seres no planeta, não foi tão estranho colocar uma de minhas mãos por dentro da calça, tateando a entradinha da minha vagina e movimentando-a em círculos.
Antes que eu pudesse me conter, gemi com seu pênis enfiado em minha boca. reparou a movimentação e abriu os olhos. A surpresa o fez segurar meu cabelo, puxando meu rosto até que minha boca estivesse apenas tocando a sua glande, para que, pelo que eu percebi, ele pudesse ver eu me tocando melhor.
Olhei pra ele, passando a língua pela cabeça de seu pênis e sua boca estava paralisada em um perfeito “O” como se não pudesse acreditar que aquilo fosse real.
E, então, soltando um grunhido de desistência, ele empurrou minha cabeça até o talo e explodiu em minha garganta. Tossi, um pouco enojada, mas estava tão entorpecido que nem notou. E eu acabei por não me importar também. Se eu estava na chuva, eu devia me molhar, certo?
Acabei continuando a lambê-lo e abocanhá-lo, até que seu pênis começou a amolecer lentamente, mas parecia não se importar. Ele estava sorrindo embasbacado para mim, suas mãos acariciando minha nuca.
Quando eu deixei de lamber seu membro e voltei-me para suas bolas, ele soltou o ar com força.
- Você é gostosa demais pro seu próprio bem... – Ele murmurou. – Vem cá, vem.
Ele me puxou para o seu colo como se eu fosse uma boneca de pano e me beijou fervorosamente.
- É uma delícia sentir meu gosto na sua boca – Ele sussurrou em meu ouvido, me fazendo apertar minhas pernas ao redor de sua cintura, demonstrando minha excitação descontrolada. – Significa que você é minha, só minha.
Com essa declaração, ele jogou-me deitada na cama e ajoelhou-se entre minhas pernas, puxando minha calça, junto com a calcinha, para longe de mim, sem nem se preocupar em abrir botões. Fiquei nua sob seu olhar, suas mãos acariciando minhas coxas deliciosamente.
- Continua fazendo o que você estava fazendo, vai... – Ele murmurou. – Deixa eu ver você se tocando.
Mordi o lábio, voltando a colocar minha mão sobre meus grelos, movendo-os em movimentos circulares. me olhava com seus olhos brilhando, enquanto masturbava-se a si próprio e acariciava-me as coxas, hora ou outra.
Em determinado momento, parou de se masturbar e pegou em minha mão, colocando dois de meus dedos dentro de mim. Gemi, implorando.
- Ain, ... – Gritei. – Eu vou... Eu vou gozar.
deitou a cabeça no colchão, entre minhas pernas, continuando a pressionar meus dedos em um vai-e-vem para dentro e fora de mim. Dobrei minhas pernas, quase desesperada.
- Goza, linda – Ele sussurrou. – Goza que eu quero ver.
Isso foi incentivo o suficiente. Eu explodi em prazer, molhando ainda mais meus dedos. , incapaz de se conter, levou a língua à minha vagina, lambendo todo o meu prazer como se aquilo fosse o último líquido na face da Terra.
Esgotada, apenas acariciei seus cabelos, gemendo baixinho às suas carícias. Hora ou outra, sua língua me penetrava, ou um dedo, deixando tudo mais excitante. Quando dei por mim, ambos estávamos prontos para finalizar aquilo juntos.
- Oh, céus – Eu murmurei. – Favorito, você não vai me deixar dormir de novo?
riu, puxando-me para sentar na cama, junto a ele. Beijou meu pescoço deliciosamente e então saiu da cama. Encarei-o, sem entender, até que ele estendeu sua mão e eu aceitei-a.
- Mais tarde, eu prometo – Ele murmurou. – Agora vem aqui que eu quero ter você na parede.
Mordi meu lábio ao seu sorriso safado e, antes que eu percebesse, eu estava de cara na parede. Suguei o ar com força, sentindo suas mãos na minha cintura e sua ereção brincando em minhas nádegas.
Gemi levemente, fazendo o rir. Aquela era uma das minhas posições favoritas e o desgraçado sabia disso. Quantas vezes nós não havíamos feito amor daquela forma? Na pia da cozinha, na cama, na escada de emergência, na janela...
- Rebola daquele jeito pra mim... – Ele murmurou, em meu ouvido. Sua respiração me informou que ele estava tão deliciado quanto eu.
Balancei minha bunda de um lado para o outro e deixou-se encaixar em meu rego, roçando deliciosamente.
Senti-o se afastar, então a cabeça de seu pênis forçou levemente contra o meu ânus, me fazendo bater com as mãos na parede, com força, gemendo em contrariedade. Ele riu, apenas, deslizando-se para entre minhas pernas e, então, para a entrada da minha vagina.
- Não vou maltratar você tanto assim... – Ele murmurou, obviamente falando sobre a penetração anal. Eu não gostava, mas eu havia deixado fazer duas vezes, ambas tendo ficado uns três dias sem conseguir sentar. – Só um pouquinho, tá?
- Hum...Hum... – Murmurei de volta, incapaz de negar qualquer coisa para ele. Ele percebeu, rindo.
Suas mãos, em minha cintura, puxaram-me levemente para si, deixando a cabecinha do pênis entrar, só um pouquinho. movimentou-se levemente, torturando-me com sua lenta penetração. Tentei me jogar contra ele, mas ele segurou minha cintura com força, não permitindo.
- Oh... Por favor – Murmurei, contrariada.
grunhiu, rendido. Empurrou-me, me imprensando contra a parede e movimentando-se contra mim sem dó algum. Eu não conseguia fazer quase nenhum movimento, devido às suas restrições, mas levei minhas mãos às dele, em minha cintura, apertando-as e sentindo-o apertá-las de volta.
- Não vou aguen... Ah – tentou dizer, mas interrompeu-se, jogando o corpo contra mim, fundo, me fazendo berrar.
Senti-o jorrar dentro de mim e seu gozo escorrer pelas minhas pernas, enquanto ele apertava suas unhas contra minha pele. Suspirei, gemendo em meu próprio orgasmo, jogando minha cabeça para trás, em seu ombro. Sua mão soltou da minha e foi à minha bunda, apertando-a, enquanto seus lábios foram aos meus, beijando-me fervorosamente.
Eu estava deliciada, mole, quase não conseguia ficar em pé. Percebendo isso, com um sorriso, ergueu-me como uma boneca, só então saindo de dentro de mim, e carregou-me para a cama, deitando-me como se eu fosse uma princesa.
Descabelada e desengonçada, eu sorri-lhe, quase dormindo. Senti seus lábios doces no meu, enquanto eu ia apagando de cansaço.
- Agora eu deixo você dormir, linda – Ele murmurou, em meus lábios. Deitou-se ao meu lado. – Mas só se for abraçadinha comigo.
Eu ri, drogada de sono demais para impor minha opinião sobre o assunto. Deixei-o me puxar para deitar em seu peito e aconcheguei-me, abraçando-o e esfregando meu rosto em seus ralos pelos de seu peito nu antes de adormecer totalmente.
Capítulo Oito
Lágrimas, confissões e inveja
- Hm... Não. - Esse foi meu murmúrio perdedor ao acordar com uma fresta de luz do Sol em meu rosto.
Levantei a cabeça e esfreguei os olhos, ouvindo uma risadinha fraca de , que me encarava por uma pequena fresta em suas palpebras. Dei língua para ele, logo notando que não havia nenhuma parte dele pronta para me acompanhar para fora da cama. Confirmando o que eu pensava, a resposta dele foi virar para o outro lado e esconder a cabeça com o meu travesseiro.
- Preguiçoso - Ralhei com ele.
Para aproveitar a visão prazerosa, dei-lhe um tapa na bunda e tentei passar por cima dele em um atalho desajeitado até a porta, mas acabei sendo pega por braços fortes e sendo jogada de volta à cama em poucos segundos, atolada em cocegas.
- Ah não hahahaha - Eu gritei. - Não... .. hahahaha por favor!
Por causa de meus apelos, as cocegas se cessaram e foram substituidas por um aperto forte contra seu corpo e seus lábios vieram aos meus, a lingua adentrando em minha boca em um beijo lento, da lerdeza da manhã. logo se afastou, o nariz encostado no meu e um sorriso doce, claramente espelhado em minha própria face.
- Bom dia, favorita. - Ele murmurou.
Meu sorriso alargou-se de forma a deixar meus olhos quase fechados. Não tenho certeza se meu coração irá aguentar mais manhãs como estas, se elas continuarem a se repetir com a frequência que parecia disposto à impor.
- Bom dia, favorito. - Eu lhe respondi.
sorriu e encostou a cabeça de volta no travesseiro, os lábios quase encostados em minha orelha e os braços restringindo meus movimentos para longe dele. Os segundos se passaram sem que se movimentasse para me soltar, sua respiração calma e seus olhos fechados me informavam que ele, muito provavelmente, havia voltado a dormir. Revirando os olhos, eu levei minha mão à dele, tentando fazê-lo me soltar.
- Não levanta não - Ele sussurrou em meu ouvido, a surpresa me fazendo estremecer - Fica aqui comigo...
Embora seu tom fosse preguiçoso e nem um pouco perto de ter alguma intenção além de dormir abraçado, meu coração acelerou e eu arregalei meus olhos por alguns momentos, antes de suspirar. Eu era totalmente incapaz de resistir à , mesmo quando ele não tinha intenção de me seduzir e isso era extremamente patético, mas o que eu poderia fazer?
- Preciso tomar banho... - Eu lhe disse, não totalmente convencida de que era realmente aquilo que eu queria fazer.
Só para demonstrar que ele não jogava limpo, começou a dar beijinhos torturantes em meu pescoço.
- Não... - Ele implorou. - Fica aqui comigo. Vamos dormir mais um pouco. Aposto que você também tá cansada, você nem conseguia ficar em pé antes.
Ele soltou um suspiro de quem está entre o acordado e o dormindo, o ar quente batendo em meu pescoço e arrepiando os pelos da minha nuca. Tudo o que eu desejava era poder passar o dia todo na cama, assim, com ele, mas eu sabia que eu tinha coisas para fazer e, com sorte, eu consegui organizar meus pensamentos e ter força de vontade o suficiente para rebater:
- Preciso levantar, ... Os meninos estão aqui. - Murmurei. Ele pareceu apertar-me com mais força e suspirou pesadamente, como se estivesse vencido e, finalmente, soltou o aperto. - Por que é que você não levanta e vem tomar um banho comigo? Você reclamou tanto que eu não te chamei ontem...
Levantei-me, vendo-o sorrir, quase saudoso.
- Tortura. - Ele murmurou, sem nem abrir os olhos. - Mas eu estou tão... - Ele bocejou. - ... Cansado.
Eu ri, balançando a cabeça em negação. Antes que minhas mãos alcançassem os cabelos de para acariciá-los, ele já havia adormecido novamente.
Revirando os olhos, levantei-me, escondi minha nudez em um roupão e caminhei até o banheiro. Meu banho levou apenas o tempo suficiente para esfregar toda a sujeira do meu corpo: Cinco minutos e eu estava fora. Eu tinha que atualizar o blog antes que meu celular começasse a apitar com mensagens desesperadas por notícias porque eu tenho certeza que minha primeira reação, se eu estivesse de fora, seria procurar saber o que estava acontecendo.
Com esse pensamento, eu e meu computador voltamos para o quarto para uma silenciosa postagem enquanto dormia. Okay, não tão silenciosa assim porque, enquanto eu digitava, sentada ao lado dele na cama, ele espreguiçou-se e abriu seus doces olhos para mim, em um tom de total acusação.
Digamos que ele mereceu por reclamar tanto de querer tomar banho comigo, mas ser incapaz de levantar quando eu o resolvi o chamar. Ele apertou os olhos para o que eu estava fazendo e como eu não tinha escrito nada demais, deixei-o ler.
- Você pode completar “ acordou” com “maravilhosamente sexy” - Ele disse.
Cerrei meus olhos para ele e ele sorriu maravilhosamente, como nem se importasse com minha negação ao seu comentário. Ele apoiou o braço na cama, levantando o corpo até que seu rosto estivesse na altura do meu. Seus lábios encostaram-se aos meus leve e docemente, me fazendo suspirar.
- Você é muito engraçadinho - Eu lhe disse, assim que ele se afastou.
Ele sorriu, convencido, rolando para fora da cama e pondo-se de pé como um felino.
- Vou fazer um café pra gente enquanto você termina de fofocar com sabe-se-lá quantos milhões de pessoas sobre como nossa noite foi quente.
Dito isso, saiu do quarto me deixando com as bochechas quentes. Encarei o corredor pela porta aberta, cogitando apagar todo o texto e começar novamente quando passou a caminho das escadas, me fazendo sorrir com a perspectiva dos dois tomando café juntos como nos tempos antigos. Escrevi mais um pouco no meu texto até que reparei dois borrões passando pela minha porta. Levou alguns segundos para que eu percebesse o que poderia ser.
Publiquei o post e sai correndo escada abaixo, tentando não ficar muito nervosa e não me assustar muito. Mas eu devveria.
- Além de tudo, a gente tem que ouvir a merda da transa de vocês, seu bosta? - A voz de era clara e revoltada.
Eu travei na sala, o rosto em chamas. havia me distraido e me envolvido de tal forma que eu nem me recordava que os meninos poderiam ouvir. E eu tinha certeza que eles tinham ouvido coisas demais.
- Merda, . - Eu murmurei para mim mesma, dando a volta ao redor do tapete da sala, sem saber como encarar aquilo.
- Ah, cala a boca, . - Ouvi dizer. - Como se você nunca estivesse escutado nada dos dois. Se eu bem me lembro, eles gostavam bastante de se esconder no banheiro do camarim... - Fechei meus olhos com força e apertei minhas mãos em meu rosto, querendo me esconder. - E a gente sempre levou na sacanagem. Eu, por exemplo, vou passar o dia chamando o de lagartixa. Dormiu bem, lagartixa?
Soltei um gemido frustado e cogitei a hipotese de dar meia volta e me trancar no quarto pelo resto do dia.
- Digamos que foi minha melhor noite nos últimos anos - Ouvi dizer.
E aquilo foi a gota que gotejou para fora do copo para . Ouvi um barulho de vidro se quebrando e ele atravessou parecendo extremamente zangado para a sala, até que estagnou no meio do caminho ao encontrar uma vermelha, embaraçada e perdida eu. Ele me encarou por alguns momentos antes de voltar a pisar forte, tentando encontrar o caminho para as escadas.
- ... - Eu chamei. Ele pouco me deu ouvidos. - , espera! - Eu segurei seu braço, mas ele puxou-o com força. Ao menos parou para me ouvir e isso era o suficiente. - Olha... Eu... - Respirei fundo e olhei pra cima, tentando disfarçar (muito mal) minha emotividade. - Eu sinto muito que você esteja com tanta raiva de todo mundo por causa da Ella. E que eu tenha te colocado aqui, nessa panela fervente. Mas, ei, eu só quero tentar juntar os pedaços disso. Você acha que eu não sofri, ? - Eu olhei para ele e ele me encarava impassível. - Todas as minhas melhores amigas ao mesmo tempo e vocês quatro - Frizei os quatro para que ele entendesse que e eu não estivemos juntos - simplesmente sumiram. Eu tive que passar por isso sem a ajuda de ninguém, . E você poderia ter tido três amigos maravilhosos te ajudando e você não quis. Era tudo o que eu queria.
Suspirei fundo, minhas lágrimas já escorrendo livremente pela face. Atrás de mim, ouvi a porta da cozinha se fechando discretamente. Privacidade.
- E eu estou dando uma chance pra vocês, de pararem com essa bobagem de apontar o erro do outro e atravessarem isso juntos porque, assim, vocês são mais fortes. - Balancei a cabeça. - Nós todos perdemos muito, . É terrível que não possamos recuperar um pouco disso.
pareceu um pouco atordoado com meu discurso emotivo, tanto que me fez acreditar que ele não tinha pensado dessa forma antes. Ele coçou a cabeça da forma que fazia quando se sentia desconfortável e eu percebi que eu estava muito perto de convencê-lo a abrir a guarda.
- Ela era como uma irmã pra mim, . - eu sussurrei, muito mais como uma confissão que fazia muito tempo que eu não me deixava fazer. - nós fazíamos tudo juntas. Por mais que você continue amando-a, você vai, eventualmente, encontrar uma garota nova pra você. E quanto a mim? Eu nunca mais vou encontrar minha irmã. E mesmo assim, eu não estou apontando para todos e tentando achar alguém para culpar. Até porque eu tenho certeza que ela odiaria isso tudo. Tenho certeza que ela ia gostar de nos ver todos juntos de novo. - pareceu dividido com meu discurso e eu sorri-lhe, em apoio. - Sei que deve ser difícil pra você, mas você pode tentar? Por mim? Por ela?
Ele suspirou e eu sabia, por todos os anos em que eu estudei todos os terneiros de seu rosto, que era pura rendição. Ele abaixou os ombros, reconhecendo seus erros e essa era única coisa que faltava.
- Você tem que entender que é difícil. - Ele disse-me.
Balancei a cabeça com um sorriso leve no rosto.
- Eu sei. Eu mesma odiei vocês por um bom tempo. Todos vocês. Por mais coisas que você pode imaginar. - Como toda vez que eu soltava algo parecido, meus olhos encheram-se de lagrimas e minha mão foi sozinha ate minha barriga, apenas para constatar que continuava vazia. Ela sempre continuava vazia.
- Eu vou tentar. Por você, . - Ele disse. E, inesperadamente, me abraçou.
Momentos depois, eu estava na cozinha, completamente avermelhada sob os olhares e comentários sacanas de , enquanto apenas tinha o braço sobre meus ombros protetoramente em caso de , que havia ido ao banheiro, aparecer repentinamente com um ataque de raiva. Ao contrário de mim, porém, parecia muito contente com as brincadeiras de . E, embora desconfortáveis, eu devia dizer que eu sentia falta delas também.
- Pára com isso, . - Eu ralhei com ele, minhas bochechas em chamas. - Já chega, por favor.
arqueou as sobrancelhas, balançando sua xícara de leite de uma forma que só podia me fazer rezar para a próxima porcaria que saísse da boca dele não fosse tão constrangedora quanto ele estava parecendo que seria.
- Ah, só porque sou eu você quer que pare, né? - Ele disse, um sorriso nos lábios que me fez revirar os olhos. - Porque se fosse o , você estaria “ah, por favor, não pare!”
Eu consegui ficar da cor do molho da panqueca.
- Pára com isso, ! - Eu gritei.
apenas riu e puxou-me para um abraço estranho, no qual eu achei que a única coisa digna a se fazer era esconder meu rosto em seu pescoço. Ele acariciu meu cabelo levemente.
- Vocês são mais infantis que a minha filha, viu? - disse, em uma risada estranha.
Levei cerca de três segundos para absorver a informação. Soltei-me de com minha curiosidade para lá de aguçada e meus olhos de águia fixaram-se em , que se encolheu, finalmente percebendo que havia falado demais.
- Filha, ? - Inquiri.
Desajeitado, ele caçou a carteira no bolso da calça e abriu desengonçadamente enquanto entrava na cozinha. Silenciosamente, o homem se acomodou ao lado de e colocou duas panquecas no prato (o que significava que ele não estava com muita vontade de comer) e, embora minha atenção estivesse em , eu conseguia perceber que ele estava bastante incomodado, mas se esforçando para estar ali e, talvez, participar.
- Aqui. - finalmente achou o que procurava. - Por favor, não... Não fique muito zangada. - Ele pediu.
Ele me entregou uma foto e eu travei ao encará-la. , vendo-a por cima do meu ombro, apertou minha cintura em sinal de apoio. Na imagem, eu podia ver Verna sentada em um sofá com um bebê no colo, sorrindo timidamente. Olhei para a imagem por alguns segundos, minhas narinas inflando enquanto eu tentava me controlar. Eles estiveram juntos o tempo todo e nenhum deles pensou em me fazer uma visita? Ou ela em me mandar um postal: “oi, eu tive um bebê”?
- Vocês... - Minha voz saiu um pouco mais rude do que eu gostaria, então segurei minha fala e respirei fundo.
- Juntos. Sim. - respondeu. - Sinto muito não termos te contado antes...
Eu fechei os olhos com força e senti os lábios de em minha têmpora, um beijinho carinhoso como se implorasse para eu relaxar.
- E eu me perguntando por onde ela andava! - Falei, minha voz uma oitava mais alta.
Abri meus olhos e encarei com minha melhor expressão de desapontamento-revolta. Por que eles estiveram juntos enquanto eu era uma ovelha desgarrada, sozinha, sofrendo em silêncio?
- Eu sinto muito, . - disse, parecendo realmente chateado. - Nós nos mudamos porque ela me implorou pra isso. Eu falei várias vezes que ela deveria entrar em contato com você, mesmo que pelo computador, mas ela esteve tão envergonhada...
- Com vergonha? - Cortei-o, com mais raiva em minha voz do que eu gostaria de ter - De mim? Por que diabos...?
apertou meu ombro, quase me impedindo de continuar. abaixou a cabeça, se sentindo realmente culpado.
- Ela... Ela está em uma cadeira de rodas. Eu acho que você deve saber disso. - Ele engoliu a seco. - Ela... Odeia. Fizemos todo tipo de coisa para tentar recuperar os movimentos dela, mesmo os médicos falando que era impossível. Nada muda. Ela continua repetindo que não vai deixar ninguém vê-la assim. - Ele respirou fundo, quase que como contendo lágrimas. - Eu sei que ela não vai voltar a andar e eu a amo assim mesmo, como eu acredito que você também o faça, mas ela... Ela é teimosa, você sabe.
Olhei para a foto mais uma vez, tentando pensar pelo lado dela. Como eu me sentiria se estivesse em uma cadeira de rodas. começou a fazer um carinho esquisito nas minhas costas, mas eu ignorei-o. Estava prestando atenção em como Verna estava pálida e abatida, seus cabelos cor-de-mel estavam quebradiços e sem vida, embora suas maçãs de rosto estivessem ligeiramente rosadas por conta de alguma piada que provavelmente fizera para que ela sorrisse para a foto. Os braços estavam protetoramente em volta de uma pequena trouxa de pano, de onde uma pequena mãozinha saia, encostando em Verna como uma carícia. O bebê era lindo, embora pouco pudesse ver dele. Levantei a cabeça.
- Alguém mais tem alguma coisa que deveria me contar? - Perguntei, ainda ligeiramente irada e, agora, um bocado invejosa por Verna e e sua vida de casado quase feliz com um bebê.
, timidamente, levantou a mão. Limpou a garganta.
- Annie. - Ele disse. - Ela ainda está em coma, mas... Eu tenho cuidado dela. Não é muito bonito de se ver, mas eu tenho ido vê-la quase todo dia. E, quando não posso, como quando eu estive morando fora, eu fico mandando mensagens de texto para as enfermeiras... Mas eu nunca passei mais de um mês sem vê-la, mesmo não... - Ele engoliu a seco. - Mudando nada. Uma hora tem que mudar, certo? - Ele riu, meio sem jeito.
Encarei os três, com encarando-me, o queixo apoiando em meu ombro, pronto para me acalentar se fosse preciso. Mesmo assim, desvencilhei-me de seus braços, levantando-me da mesa com uma rapidez que todos entenderam que eu precisava de privacidade.
Ao passar por , joguei a foto de Verna e da filha deles em seu colo.
- Sua filha é linda, . - Eu disse, com o máximo de simpatia que eu conseguia. - Parabéns.
E com isso, corri de volta para o meu quarto.
Capítulo Nove
Luz Branca
Eu me enfiei no quarto com a cabeça afundada no travesseiro, chateada demais comigo mesma por ser incapaz de ficar feliz pelos meus amigos. No fundo do meu coração nublado pelos três anos de sofrimento, eu só conseguia ver como eles foram capazes de me deixar tão sozinha e tão no escuro sobre tudo. E, além de tudo isso, e Verna tinham um bebê. Um bebê. O que eu nem sabia que desejava tanto e, agora, não tinha certeza se eu poderia ter.Não demorou muito ate que eu ouvisse a porta se abrir e, então, passos em minha direção. Não foi com surpresa que percebi os braços de puxando-me em sua direção, um abraço protetor e reconfortante de quem conseguia entender o que eu estava sentindo.
- Você está bem? - Ele me perguntou quando eu afundei meu rosto em seu pescoço e ele sentiu minhas lagrimas em sua pele.
Funguei, pateticamente. Como eu explicaria o que eu estava sentindo a sem parecer terrivelmente invejosa?
- Estou apenas tentando absorver. - Eu lhe disse. - Eu... Bebês ainda me deixam...
Eu não consegui falar. também não perguntou. Ele apenas me abraçou mais apertado que antes e acalentou-me.
- Esta tudo bem. - Ele disse. - Você vai ver. Nós vamos nos acertar e, quando você menos esperar, nós teremos o nosso.
Eu levantei o olhar para admira-ló e ele estava com o sorriso mais lindo de todo mundo. Não fui capaz de destruir seus sonhos com a minha covardia. Ele não precisava saber agora que eu não tinha certeza que podia ter outro bebê. O médico falara para eu retornar em alguns meses e fazer um checkup, mas eu tive muito medo de saber. E ele não me iludira: mesmo que eu pudesse engravidar outra vez, seria una gravidez de risco. Isso significava que qualquer descuido me faria perder outro bebê e eu não tinha certeza se eu agüentava.
Então, ao invés de contar isso a , eu sorri docemente e disse, antes que eu começasse a chorar na frente dele:
- Eu queria ficar um pouco sozinha, por favor.
Sem que eu prefixasse dizer mais nada, o que apenas me dizia que a situação estava deixando-o totalmente desconfortável, deu-me um beijo na cabeça e saiu silenciosamente do quarto.
Peguei-me sozinha e soluçando copiosamente por todas as minhas frustrações. Eu sabia que aquilo era ruim e errado, mas não havia restado muitas coisas boas na minha vida. Mas, desta vez, eu tinha e eu precisava me esforçar em encontrar forças para ser a pessoa que eu era antes de toda essa bagunça estourar sobre minha cabeça.
Virei-me de barriga para cima, segurando minhas lagrimas enquanto meus pensamentos vagavam em busca de qualquer coisa que pudesse distrair o fato que minha Mai buscava meu ventre vazio mais uma vez. Era muita lembrança em tão pouco tempo e meu emocional já fraco estava cedendo com facilidade.
Foi o cheiro dele que me fez voltar à realidade. O doce e inebriante cheiro de , já impregnado no Travesseiro ao meu lado. Eu tinha que ser uma pessoa melhor para ele, porque ele precisava de mim tanto quanto eu precisava dele. E nós precisavamos conversar. Eu precisava ser sincera com ele.
Sentei-me na cama decidida a contar a quando ouvi batidas na porta. Eu travei por alguns segundos, encarando.
- Entra...? - Soltei, ainda confusa.
Logo vi a cabeça de pela porta, olhando para mim timidamente, como se perguntasse se podia entrar mesmo. Balancei a cabeça afirmativamente, pedindo que ele entrasse, mesmo sem entender o porquê.
- Queria saber se... Está tudo bem mesmo. - Ele soltou sobre o meu olhar inquisidor. Meio sem jeito, ele sentou-se na cama.
Abracei meus joelhos, em frente a ele, e concordei com a cabeça, mordendo o lábio. Eu tinha certeza que me conhecia o suficiente para saber que eu estava mentindo, com meu nariz vermelho e cabelo desgrenhado. Era muito fácil saber quando eu andara chorando.
- Estou... Tentando... Absorver - Eu disse, procurando palavrar certas para descrever exatamente o que eu estava sentindo.
Ele sorriu de lado e levantou uma das pernas, colocando-a em cima da cama para ficar de frente para mim.
- Posso ver quando alguém está se sentindo como eu. - Ele disse, um sorriso triste nos lábios. - Inveja? Raiva?
Fechei os olhos com força e concordei com a cabeça, incapaz de proferir mais mentiras ou fingir. Não para , quem parecia entender o que eu estava sentindo.
- Eu entendo como você se sente, . - Eu sussurrei. - Mas eu estive miserável por tempo demais. Eu quero perdoá-los e eu cou conseguir, só preciso colocar meus pensamentos em ordem.
Ele fez uma careta estranha e mordeu o lábio, encarando-me com avidez. Abracei-me, esfregando as mãos em meus braços, como se estivesse com frio.
- Eu não sei se eu consigo fazer isso. - Ele confessou.
Balancei a cabeça e levei minha mão até o braço de , puxando sua mão e entrelaçando com a minha, um sinal claro de que eu gostaria de poder ajudá-lo nisso.
- Por que, ? - Eu lhe perguntei. - Qual o problema quanto a perdoar?
Ele suspirou e soprou uma mecha de cabelo desleixada que caia sobre seus olhos. Esse era um dos trejeitos que o ajudava a esconder quando ele queria chorar e o relaxava. Eventualmente, em algum momento mais tarde, ele choraria nem que fosse por uma farpa em seu dedo, mas ali, emotivamente, ele se esforçaria em se manter firme e parecer relaxado.
- É difícil olhar para todos vocês... - Ele soltou, junto com uma grande quantidade de ar em um bufo meio sofrido. Ele estava desabafando comigo o que ele provavelmente estava guardando escondido de si por muito tempo - Eu tô me segurando muito... Eu não consigo nem olhar pra você, , sem invejar que você possa passar um tempo com . Eu... - Ele engoliu a seco e eu não me surpreendi por encontrar seus olhos marejados prontos para inundarem-se. - Eu sinto muito a falta dela. Não posso olhar para e sem pensar que eles dois, mesmo que com seus problemas, estejam felizes com suas mulheres e não posso olhar para sem pensar que ele tem você... E pensar que ele que causou a morte dela.
Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos nublados para encontrar uma resposta boa e saudavel para . Balancei a cabeça negativamente, discordando dele.
- Eu até entendo o sentimento, . - Eu lhe disse. - Porque, em parte, eu me sinto assim por coisas que aconteceram comigo nesse tempo que você só pode imaginar. Mas você não pode culpar , . - Eu sussurrei, quase como um segredo. - Ele não tem culpa e ele vem sofrendo com suas palavras... Se tratando por causa do trauma que isso foi pra ele. Tudo foi um acidente e, pelo que ele me contou, vocês todos dividem a culpa sobre isso.
Vi suas mãos fecharem-se em punhos e sua expressão de sofrimento mudou rapidamente para raiva.
- Não. Fala. Isso. - Ele arranhou, entredentes.
Encarei-o, um pouco assustada, mas não podia ceder, agora que eu estava chegando ao ponto que eu podia fazê-lo entender.
- Mas é a verdade, ! - Disse-lhe.
Ele levantou-se em um pulo da cama e virou as costas para mim, parecendo querer sair do quarto o mais rápido possivel. Indeciso, ele voltou a me olhar.
- Eu não posso conviver com isso, . - Ele disse. Não posso conviver com o fato de ter causado a morte dela.
Respirei fundo, sentindo minhas próprias lagrimas refletindo a dor que ele sentia. Um aperto no peito dominou meu coração e me deixou menos chateada com e suas atitudes para atrapalhar meus planos.
- Foi um acidente, - Eu disse. - É isso que você não entende. Ninguém tem culpa pelo que aconteceu. É claro que toda a confusão que houve na van ajudou, mas quem nos garante que não teria acontecido mesmo sem vocês terem bebido e tudo mais? - Estiquei minha mão e sequei as lagrimas dele como eu gostaria que tivessem feito comigo, três anos atras. - Olhe. Verna, Brielle, Annie e eu éramos inseparáveis. Verna e eu crescemos juntas... Você não tem idéia do que foi, pra mim, ouvir que ela tinha... - respirei fundo, engolindo o resto da frase. - e ainda olhar para os lados e não encontrar ninguém em que eu pudesse me apoiar. Todos os meus amigos sumiram. Sabe comi eu vejo isso tudo? - negou com a cabeça - tudo o que eu desejava era ter minhas amigas de volta, sair pra fazê compras ou bater papo enquanto fingimos assistir um filme... E eu não posso. Verna nunca mais vai estar aqui. Annie... Só Deus sabe quando vai acordar e Brielle está com vergonha de mim! - Minha frustração quanto a isso brilhou em cada silaba dita. - E vocês quatro... Vocês quatro podem ter isso, mas simplesmente se recusam. Dói de ver. Se eu posso perdoar vocês por nos "separarem" e por perderem uma oportunidade tão maravilhosa, por que vocês não conseguem?
fungou, concordando com a cabeça, o rosto encharcado de lagrimas. Ele moveu os ombros para cima e para baixo, desconfortável, e meneou a cabeça.
- Consigo entender isso. - Ele confessou. - E vou pensar nisso... Realmente tentar. Mas eu não sei... Quanto tempo eu posso demorar.
Sorri, lagrimas escapando de meus olhos ao me deparar com tamanha fragilidade que demonstrava.
- O tempo que você precisar, . - Eu lhe disse - Mas não perca muito tempo com orgulho e incompreensão. O tempo é muito precioso... E ele passa.
Ele concordou com a cabeça e, impressionantemente, me abraçou apertado. Soltei um murmúrio incompreensível e abracei-o de volta.
- Obrigado, - ele disse - por não desistir da gente apesar do que aconteceu...
Concordei com a cabeça e ele se afastou, caminhando em direção a porta. Quando ele girou a maçaneta, eu o chamei.
- . - Ele girou em minha direção. - Você pode chamar o pra mim?
não pareceu muito contente com isso, mas concordou com a cabeça. Assim que ele fechou a porta atras de si, eu me joguei deitada na cama, com minhas mãos sobre o ventre e meu pensamento de volta à família que eu muito provavelmente não poderia ter.
Tão distraída como estava, não ouvi entrar no quarto. Ele surpreendeu-me deitando ao meu lado na cama e puxando-me para os seus braços.
- Ele fez alguma coisa com você? - perguntou-me enquanto parecia fazer uma inspeção completa em meu corpo - Disse algo ruim? - inquiriu ao perceber eu estava fisicamente bem.
Neguei com a cabeça e apertei-o em meu abraço. logo correspondeu, com um sorriso leve no rosto.
- Preciso... Confessar. - Murmurei.
Ele girou, afrouxando o abraço para poder me encarar. Ele encostou meus lábios nos seus com um sorriso despeocupado, mas seu corpo estava tenso, esperando pelo pior.
- Qualquer coisa que você quiser. - Ele me disse.
Respirei fundo, apoiando minha cabeça no travusseiro em busca de uma posição confortável que me fizesse me sentir melhor. Eu sabia que era impossível, mas eu precisava tentar.
- Eu fiquei nervosa porque fique com inveja de e Annie. - Sussurrei. - Porque eles estiveram juntos... E porque eles tem um bebê.
riu e me deu um beijo na testa. Eu fechei meus olhos enquanto ele me acalentava.
- Você não precisa. - Ele sussurrou - Sei que te abandonei, mas eu não vou mais a lugar algum sem você. E a gente pode começar a fazer um bebê agora, se você quiser.
Mesmo tensa, eu tive que rir da tentativa barata dele de me seduzir, apesar de eu não estar muito bem.
- ... - eu murmurei.
Ele logo empertigou-se.
- Certo. Ok. Conversa séria. - Ele suspirou, parecendo realmente chateado por não me convencer.
Levantei meu olhar para encará-lo e ele finalmente percebeu meu humor meio sombrio. Passou o braço ao redor da minha cintura e encostou o nariz no meu, mantendo meu olhar no seu.
- O problema, ... - Eu sussurrei, com a voz tão fraca que se ele não estivesse tão próximo, ele provavelmente não me ouviria. - É que eu não sei se eu posso ter um bebê.
Ele piscou, balanceado por um momento. Beijou-me os lábios tranqüilizadoramente.
- Por causa do tombo? - Ele perguntou e eu concordei - Mas como assim você não sabe? - Perguntou-me.
Aninhei-me nos braços dele enquanto ele fazia um carinho gostoso na minha nuca, relaxando todo o meu nervosismo.
- O médico disse que, mesmo que eu pudesse, seria uma gravidez delicada. - Sussurrei - e pediu que eu voltasse em três meses para um checkup, mas eu nunca tive coragem.
balancou a cabeça e beijou-me a boca com uma doçura impressionante. Acariciou meu rosto, os dedos ásperos de quem passou muito tempo da vida tocando instrumentos passeando pelas minhas bochechas.
- Ah, ... A gente dá um jeito - Ele murmurou depois de um tempo. - quando voltarmos para Londres, nós procuramos um médico para ver isso e se ele disseram que você pode, nós tentamos. Eu vou te proteger de tudo que eu puder e nada vai acontecer com você e o bebê, eu te prometo. - E ele selou essa pressa com um beijo doce e rápido, se afastando para me encarar. - E se ele disser que não... A gente adota. Se você quer ter um filho, porque eu sei que eu quero, nós vamos ter. Não precisa grilar.
Funguei e coloquei minhas mãos cada uma em um lado do rosto de , puxando-o para um beijo intenso e apaixonado.
- Eu amo você tanto, . - Eu sussurrei em seu ouvido assim que encerrei o beijo.
Senti seu sorriso porque seus lábios estava encostados em minha bochecha esquerda.
- Eu também amo você, favorita.
Em algum momento no meio daquele abraço cheio de lágrimas e beijinhos, eu acabei adormecendo e exaustão emocional. Talvez fosse apenas pelo fato de não me deixar dormir muito bem, mas depois de tanto chorar, acho que meu corpo pediu por uma soneca de restauração.
Acordei quando a noite já havia caido há tempos e o meu primeiro pensamento foi “Onde está ?”. Levantei-me em um pulo, com o rosto todo inchado e o cabelo mais desgrnhado impossível.
Assim que eu sai do quarto, meu coração disparou. Escada abaixo, vinha um som que eu podia reproduzir de trás para frente com a maior facilidade, de tanto que eu já escutara. Uma música que sempre me fizera sorrir e que foi trilha sonora de momentos incríveis. Love is easy tocava nas alturas, vindo da minha sala.
Silenciosamente e com um sorriso no rosto, caminhei até a escada, onde eu parei, encontrando um sentado nos degraus, olhando para televisão com lágrimas escorrendo pelos olhos. Estiquei-me um pouco, tentando enxergar os outros e a televisão e me deparei com momentos de um DVD de um show tão antigo que, provavelmente, e eu nem estávamos juntos na época.
No sofá, está com o braço por cima do ombro de , os dois meio que chorando, meio que durões, dando soquinhos um no outro. estava um pouco mais afastado, mas eu podia ver que eles se chutavam de tempos em tempos.
Garotos e suas formas estranhas de dizer que se importam.
Olhei de novo para , no pé da escada, afastado da confraternização, mas envolvido o suficiente para que, naquele momento, eu tivesse apenas uma certeza: As coisas ainda podiam dar certo.
Capítulo Dez
Perdendo o Rumo
Acordei um pouco perdida e jogada na cama ainda de toalha do banho que eu tomara na noite anterior. Meu computador estava aberto à minha frente com a página do meu blog aberto. Quase me odiei por ter dormido em meio a um post animado sobre a bebedeira que estava acontecendo na minha sala.
Apaguei tudo que havia escrito. Não fazia sentido um post sobre como eu ficaria sem jantar por causa da festa que estava acontecendo na minha sala e eu não queria atrapalhar.
Escrevi um post meio alegre sobre os acontecimentos da noite e postei.
Meio bêbada de tanto dormir, levantei aos tropeços e vesti qualquer coisa que não estivesse tão amassada pela confusão da minha mala.
Curiosa e ansiosa, eu me arrisquei em passos leves para fora do quarto. Desci as escadas silenciosamente e tomei meu caminho para o meio da sala, onde os quatro dormiam em meio a uma confusão de latas e garrafadas cerveja. estava deitado no meio e fora, claramente, o primeiro a desmaiar. estava com a cabeça sobre sua barriga de boca aberta e uma mancha de baba coloria a camisa de .
Surpreendentemente, estava deitado com a cabeça enfiada embaixo do braço de , que estava com a mão em seu cabelo, em uma cena bem gay. Para completar a situação, estava ao lado de , com o braço sobre o peito dele, exatamente na mesma posição que eu costumava dormir abraçada com ele.
Segurei a gargalhada e subi correndo ate o quarto para recuperar meu celular. De volta à sala, tirei foto do montinho estranho deles de todos os ângulos que eu poderia.
Rindo baixinho, sai quase sem fazer barulho algum para fora de casa, apenas para poder rir sem acordar os meninos e eu me deparei com um pequeno acampamento no meu jardim. Três meninas estavam acordadas e dividindo um celular, lendo alguma coisa. Elas levantaram o olhar para mim, parecendo assustadas e então explodiram.
- ! - me berraram.
Eu fui incapaz de responder aos cumprimentos. Apoiei-me na beirada da varanda, a mão na barriga de tanto rir. Elas se entreolharam e logo estavam ao meu lado. Sem condições de responder e com lagrimas de riso em meus olhos, estendi meu celular a elas. Por alguns segundos, elas apenas encararam a foto que estava no visor, uma em que eu havia dado um zoom especial em babando na camisa de . Assim que elas absorveram a informação, elas explodiram novamente.
- Eu não acredito! - Uma delas berrou.
Eu ainda estava agarrada à beirada da varanda e rindo de me acabar quando mais cinco meninas, despenteadas e bagunçadas que haviam acabado de acordar, alcançaram a gente.
Poucos minutos depois, éramos onze garotas às gargalhadas, não apenas pela situação hilária, mas de felicidade: seja lá o que nós estivéssemos fazendo, estava dando certo.
- Nós ouvimos as musicas ontem a noite - uma das meninas disse.
Todas concordaram com a cabeça, os sorrisos brincando nos rostos.
- A gente achou que você estivesse forçando a barra, sabe? - Outra falou.
Encostei-me A e na madeira da varanda, respirando fundo para recuperar o ar que eu perdera com minhas risadas. Eu mal conseguia parar de sorrir que eles estivessem se dando bem de novo. Era tudo que eu mais desejava.
- Eu me surpreendi. - Confessei. - Eles estavam discutindo sem parar e, então, um DVD e algumas cervejas e voilá! - Eu ri. - Falando nisso, vou precisar de mais cervejas pra fazer isso continuar dando certo.
Rimos juntas. Suspirei, tentando recuperar o fôlego. Quando estava começando a me mexer para voltar para casa e começar a preparar um lanche razoável e separar comprimidos para dor de cabeça, ouvi uma batida na porta, pelo lado de dentro.
- ? - Ouvi a voz de .
Olhei para as meninas e a maioria delas tinha parado de respirar. Soltei uma risada anasalada e levantei-me, dando tchau para elas e abri a porta vagarosamente. estava com o cabelo despenteado e a mão esfregando as têmporas.
- Você tem alguma coisa pra ressaca? - Ele perguntou.
Sorri, concordando com a cabeça. Passei para dentro de casa, tranquei a porta atrás de mim e guardei a chave no meio dos meus seios. olhou e franziu a testa.
- Isso não é justo. - Ele disse. - pode sair à hora que ele quiser.
Revirei os olhos e empurrei-o levemente, fazendo meu caminho para a cozinha, com ele em meu encalço.
- não vai sair porque ele não quer. - Eu disse, passando pelos três ainda desmaiados. - Mas, sim, ele pode. A hora que ele quiser.
riu e eu sabia que ele faria centenas de piadinhas sobre aquilo assim que a dor de cabeça passasse, mas eu estava de bom humor e não estava me importando.
Abri a porta do armário em cima do micro-ondas e encontrei uma bolsinha de remédios que eu abandonara por ali, junto com os biscoitos. Estendi uma Aspirina para , que aceitou de bom grado, logo arrumando um copo de água para engoli-la.
- Então... - Eu murmurei, encostando minhas costas no batente da pia e vendo engolir o comprimido com um montante de água. - Como foi ontem à noite?
Ele sorriu, parecendo totalmente deliciado com as suas memórias. Animado, mas com tanta ressaca, sentou-se em uma das cadeiras da mesa da cozinha e mexeu nas frutas ornamentais, aparentemente cogitando comer plástico.
Revirando os olhos, eu abri a geladeira atrás de qualquer comida que pudesse alimentar quatro homens zangados de ressaca.
- Foi muito louco! - Ele disse, animado, quando eu coloquei um pedaço de torta na frente dele.
Incapaz de esperar pelos talheres que eu estava pegando para ele, ele arrancou um pedaço da torta e enfiou na boca. Alcancei-o quando ele fazia isso pela segunda vez e bati em sua mão com a colher.
- Modos, - Eu disse. - Quando Annie acordar, ela vai ter que te educar de novo.
riu, a boca cheia de torta e eu revirei os olhos para sua falta de educação proposital. Sentei-me de frente para ele e aguardei por seus comentários animados.
- Nós assistimos um DVD, sabe? - Ele disse, pouco tempo depois, como se nem tivesse sido interrompido. - De um show... Nem me lembro qual. Mas aí mexeu com a gente, sabe? Então decidimos brindar o passado e aí começamos a beber e falar sobre músicas que nós queríamos ter composto e aí começamos a dançar músicas velhas e o vomitou no pé do e a gente tentou limpar, então foi água pra tudo que é lado e acabamos apagando no chão. - Ele suspirou, enquanto eu o encarava quase chocada demais. - Foi muito, muito louco.
Olhei para sala, cogitando a hipótese de acordar os outros para ver o estado da mancha de vômito que provavelmente estava embaixo deles. Respirei fundo, fechei os olhos e repeti um mantra sobre “não surtar para limpar as coisas” e levantei-me, atrás de mais comprimidos para dor de cabeça.
chegou à cozinha quando eu consegui terminar de organizar os pratos em seus lugares certos e enchido três copos com água, colocando um comprimido do lado. Ele sorriu em agradecimento e sentou ao lado de , engolindo seu remédio.
Coloquei um pedaço de torta em sua frente e ele sorriu, completamente agradecido e pegou uma colher para comer.
- Vê? - Eu disse para , que havia acabado de comer seu pedaço de torta e esfregava a barriga fazendo barulhos parecidos com “nham nham”. - foi bem educado. Ele come com talheres.
me deu língua e eu ri, revirando os olhos. Resolvi lavar o prato de e alguns copos de cerveja que estavam na pia - inclusive um quebrado. e discutiam animadamente sobre qual era o melhor tema para uma música e eu estava com um sorriso meio bobo no rosto, reparando que eles estavam falando sobre “compor” algo novo. Deixei minha mente vagar em um futuro onde tudo parecia no lugar certo e acabei fazendo um corte meio grande na minha mão.
- Ai. Ai. Porra! - Reclamei.
Isso chamou a atenção dos dois.
- ? - chegou ao meu lado e pegou minha mão cortada. Ele enrolou-a em um pano rapidamente. - Sabia que não era algo bonito, pra você ter xingado.
chegou ao segundo seguinte para checar. Pegou minha mão de e levantou a beirada do pano apenas para checar o quanto de sangue eu já havia sangrado. Ele fez uma careta.
- É, faz sentido. - Ele disse. - Você nunca xinga. Nunca.
Fiz minha melhor cara de indignação.
- Eu xingo agora, tá? - Eu disse, puxando minha mão para mim e apertando-a enquanto eles riam da minha cara.
A mancha de sangue começou a aparecer através do pano. encarou-me preocupado, mas eu sorri-lhe, sem problema algum. Eu normalmente tinha problemas para parar de sangrar, então apenas caminhei até o congelador e pegando alguns pedaços de gelo com a minha mão boa, coloquei por dentro do pano, fazendo careta.
encarava-me meio apreensivo enquanto catava os cacos de vidro de dentro da pia e os levava até a latinha de lixo ao lado do fogão. Depois de feito isso, me encarou, checando se eu estava ok.
- Estou bem, gente. - Eu disse. - Foi só um corte bobo.
e concordaram com a cabeça e eu ouvi me remedando em deboche. Eles, obviamente, não acreditavam em mim e eu estava prestes a pegar a caixinha de remédios para fazer um curativo em mim e fazê-los relaxar quando vozes nos fizeram olhar automaticamente para a sala:
- SAI! SAI DE CIMA DE MIM PORRA! - gritava.
Larguei a caixinha de qualquer jeito e disputei com para quem sairia da cozinha primeiro. Meu desespero (e minha mão ensanguentada tentando afastá-lo do meu caminho) fez com que eu fosse a primeira a passar.
estava a cinco passos de , vermelho como uma pimenta, enquanto ainda estava sentado ao chão, coçando a cabeça, tentando entender o que estava acontecendo.
- Que foi, ? - inquiriu, em seu tom comum de zoação. - Vocês já acordaram abraçadinhos antes, qual o problema?
, se possível, ficou ainda mais vermelho. levantou-se, ainda parecendo confuso e o seu olhar voltou-se para mim. Seus lábios curvaram-se em um sorriso e, então, seu rosto fechou-se instantaneamente. Ele andou pela minha direção e, para minha surpresa, ele levantou minha mão enrolada no pano. Respirei fundo e revirei os olhos, tentando não parecer muito impaciente com toda aquela preocupação, só porque eu ainda não havia parado de sangrar. Eventualmente, eu ia, não é?
- Eu... Eu... - gaguejou. - Não posso. Não dá. - Ele olhou para mim, segurando minha mão. - Eu devia... - Ele parecia não ter organizado os pensamentos direito.
percebeu o olhar dele para mim e e, rindo, deu alguns passos à frente e posicionou-se entre e nós.
- Para com isso, cara. - disse. - Você bêbado era muito mais legal, estava dançando em cima do sofá, dando cambalhotas e abraçando a gente, falando “você é meu melhor amigo, cara!”.
Isso apenas pareceu deixar ainda mais zangado.
- Eu não tenho porra de problema com você. Ou com . - Ele berrou. - Meu negócio é com esse idiota aí.
não estava prestando muita atenção na conversa, concentrado em tentar entender o que havia acontecido com minha mão, desenrolando o pano para ver o estrago, mas ao perceber que ele era o assunto da discussão, olhou para .
- Desculpa aí, cara. Eu queria dormir em cima da , não de você. - Ele disse.
Isso fez e rir, mas apenas puxou um montante de ar e berrou:
- E EU QUERIA DORMIR EM CIMA DA ELLA, MAS POR SUA CULPA, EU NÃO POSSO MAIS. - E, surpreendentemente, ele debulhou-se em lágrimas.
Eu teria andado até para confortá-lo, mas travou no lugar e começou a tremer, apertando a minha mão machucada com força.
- Ai. Ai. Ai. ? - Eu reclamei.
Ele estava com o olhar perdido e eu puxei minha mão do seu aperto, tentando chamar sua atenção, mas apenas consegui fazê-lo falar:
- Culpa. Minha. Culpa.
Respirei fundo e peguei pela mão. Ele não respondeu muito bem, mas eu consegui puxá-lo e fazê-lo andar.
- Nós vamos para o quarto agora. - Eu anunciei. - Até entender que ele é um idiota completo.
Arrastei vagarosamente até a escada, enquanto lançava um olhar zangado para , que parecia meio chateado pela sua explosão. e balançavam a cabeça negativamente para ele.
- Cuida dessa mão! - gritou, quando eu alcancei o meio das escadas.
Eu ri e minha risada acordou do seu torpor. Ele encarou-me, ainda meio nublado, piscando os olhos em confusão. Ele me parou no topo da escada e pegou minha outra mão, a machucada, levando-a na altura dos olhos.
- O que você arrumou com essa mão, favorita? - Ele disse, como se nem tivesse passado pela crise.
Balancei a cabeça negativamente e passei os braços pelo seu pescoço. não pareceu muito satisfeito, mas eu encostei os lábios nos seus e ele relaxou.
- Você está bem? - Eu perguntei.
Ele revirou os olhos e remedou:
- Você está bem?
- Foi só um corte com caco de vidro. - Eu levei a mão até a frente do rosto dele e balancei-a. - Olhe! Nem sangra mais.
balançou a cabeça, sorrindo levemente. Caminhei para trás e ele acompanhou-me, imprensando-me contra a porta.
- Vou ficar melhor quando você me der carinho... - Ele sussurrou.
Entre risadas e tropeços, nós conseguimos chegar até a cama. tirou a camisa por sobre a cabeça em uma pressa que me fez rir, passando a mão pelo seu peito nu.
Ele levou os lábios ao meu pescoço, me entorpecendo automaticamente.
- Eu não sei se isso é uma boa ideia, - Eu sussurrei.
Tinha certeza que ele sabia disso e, por isso, ele puxou-me pela cintura e esfregou seu membro já ereto em mim. Soltei o ar com forca e eu o senti sorrindo, orgulhoso de seu feito.
- Só um pouquinho, vai? - Ele murmurou.
puxou minha camisa para fora do meu corpo e beijou meus seios, sugando-os como se sua vida dependesse disso.
Minha resposta foi um grunhido.
Puxei seu rosto para o meu e iniciei um beijo enquanto desabotoava sua calca. percebeu minha pressa e, espelhando uma igual, ele puxou mus aborte para baixo, juntando nossos corpos mais uma vez.
Mordi os lábios para conter um gemido desesperado. beijou-me, tentando me silenciar enquanto começava a se movimentar em mim. Cravei minhas unhas em seus ombros e joguei a cabeça para trás. se pôs a beijar meu pescoço deliciosamente e eu gemi.
- Sem fazer barulho, favorita. - murmurou, em meu ouvido. Eu gemi mais uma vez - Ah, o que eu faço com você, mulher?
Respondendo sua própria pergunta, beijou- me a boca e intensificou seus movimentos para que nosso prazer esgotasse mais rápido. Entre beijos e mordidas que tinham a intenção de me manter calada, mas acabavam gerando mais gemidos, abafados desta vez, acabamos chegando ao nosso ápice sem muito barulho. sorriu e deslizou para fora da cama silenciosamente. Quando ele vestiu sua cueca e me olhou, eu sabia que ele estava pedindo permissão para ir ao banheiro, então apenas concordei com a cabeça.
Capítulo Onze
Ah, amar é fácil
Assim que deixou o quarto, eu engatilhei pela cama atrás da minha calca, de onde eu tirei meu celular. Mais cedo, quando batera na porta da casa para pedir remédio, eu havia tido uma ideia e ainda não conseguira colocar em prática.
Aproveitando que estava sozinha, digitei uma mensagem para Aline, pedindo que elas todas aparecessem na casa mais tarde. Sorri à minha ideia e, pegando a blusa de para vestir, sentei-me na cama, esperando que as meninas conseguissem amolecer só mais um pouco. Comi diziam: água mole em pedra dura tanto bate que fura e eu mal via a hora de furar.
retornou ao quarto rapidamente e fez um pequeno biquinho ao me encontrar meio vestida com a sua camiseta. Ele pulou de qualquer jeito na cama e passou o braço pela minha cintura, deitando a cabeça em meus seios.
- Desculpe - Ele murmurou. - por ter saído assim do nada e tal - Ele continuou ao ver que eu não havia entendido.
Sorri-lhe e comecei a acariciar seus cabelos, vendo que ele estava tencionando dormir em meu colo.
- Não tem problema, . - Eu murmurei - você faz isso quase o tempo todo. Quando não fizer, eu vou ficar preocupada.
Ele riu e apertou Os braços ao meu redor, quase me sufocando inesperadamente.
- Ontem foi tão legal, favorita... - Ele murmurou, sonolento. - nós fomos amigos de novo, como se nada tivesse Acontecido... Senti tanto falta disso...
Beijei sua cabeça, passando os dedos pelos seus cabelos totalmente desgrenhados.
- Eu sei, amor. - Disse-lhe. Fingi não perceber o sorriso dele espelhando em meus lábios pela maneira que eu havia chamado-o. - quero dar isso de volta pra vocês.
Ele levantou os ombros e suspirou e eu sabia que ele estava desejando esse desfecho tanto quanto todas aquelas meninas acampando no meu jardim.
meu celular apitou e eu dei umas palmadinhas em para fazê-lo sair de cima de mim. Ele não pareceu muito feliz, mas cedeu. Engatinhei ate a cabeceira e peguei meu celular para ler a resposta "opa! Estaremos aí! Quer mais cerveja? Hahahaha". Eu ri e respondi "sim! Mais cerveja por favor! E pizzas! Hahaha até lá!". Engatinhei de volta à , desta vez eu deitada sobre o seu peito, apenas para perceber que ele adormecera. Ressaca faz isso com as pessoas, eu acho.
Olhei para o corte da minha mão, o pano de prato se perdera em algum momento, e declarei que estava realmente feio e que eu precisava limpar e fazer alguma espécie de curativo.
Desvencilhei-me de , vesti minha calcinha e desci assim mesmo: vestida apenas com a blusa de . Eu tinha certeza que todos os garotos já tinham me visto assim uma vez ou outra.
Os três estavam na cozinha quando eu cheguei lá e, pelas suas caras emburradas e xícaras de chá, eu conclui que estiverem discutindo até o momento em que ouviram meus passos se aproximando.
- Uau! - exclamou assim que bateu seus olhos em mim. - o é mesmo um garanhão, ein?
Passei por ele e lhe dei lingua, passando direto para onde eu havia abandonado a caixinha de remédios. Peguei o que eu ia precisar e fiz careta, meio desajeitada.
- Deixa eu te ajudar. - se ofereceu.
Ele estava logo ao meu lado, passando algo em um algodão e, então no meu corte. Ele pareceu concentrado e eu sorri, apenas imaginando o pai incrível que ele devia ser.
- Como ele está? - perguntou.
Olhei-o, cerrando os olhos. encolheu-se ligeiramente e eu só não o matei com os olhos porque apertou minha mão, propositalmente, me fazendo reclamar.
- Bem, agora. - Eu respondi, mesmo assim. - Não graças a você, é claro. Ai! - Reclamei quando pressionou o corte em minha mão novamente.
Ele franziu a testa e arqueou as sobrancelhas e eu revirei os olhos. e eu havíamos conversado e eu abrira meu coração para ele; Se ele era incapaz de cumprir a única promessa que me fizera, o problema era dele. E ele teria que arcar com meu mau humor e tudo mais.
- Ele está dormindo. - Eu corrigi-me, mesmo assim. Tirei a faixa da mão de e envolvi minha própria mão sozinha achando que aquele curativo era mais que um exagero. Olhando zangada para eles, abri o congelador atrás de comida e encontrei três hambúrgueres pré-prontos. Coloquei-os no micro-ondas enquanto a sozinha se encontrava em total silêncio.
- ... - me chamou. - Olhei para ele, não muito feliz. - Eu sinto muito...
O micro-ondas apitou e eu tirei os hambúrgueres de lá de dentro. Coloquei em uma bandeja junto com duas latinhas de refrigerante e me voltei para mais uma vez.
- Não é para mim que você tem que dizer isso, . - Eu resmunguei. - e eu vamos almoçar no quarto. Cacem o que quiserem comer e se não acharem nada interessante, é só bater na porta e pedir pizza.
Virei-me para porta e trotei para fora da cozinha antes que qualquer um deles pudesse me impedir.
estava agarrado ao meu travesseiro quando eu voltei ao quarto. Sorrindo, sentei-me ao lado dele na cama e encostei meus lábios de leve no dele, passando meus dedos pelo seu cabelo.
- Hm... - Ele murmurou. - Senti falta disso.
Sorri, meio boba demais para retrucar o quão mimado e mal acostumado ele era. Balancei ele levemente, fazendo carinho em seus cabelos.
- Hora de levantar, amor - Eu disse. - Trouxe comida.
Ele abriu os olhos instantaneamente e eu sabia que ele estivera morrendo de fome, já que não chegara a tomar café da manhã. Era um milagre que ele não estivesse com dores de cabeça, mas fome? estava sempre com fome.
- Você é perfeita. - Ele disse, já se sentando. - Quando eu penso que você não pode ficar melhor, você vem e faz uma dessas. - Ele suspirou e pegou um guardanapo sobre o meu olhar atento, pegando um hambúrguer. - É melhor você nunca me deixar porque eu nunca mais vou achar uma mulher como você.
Abri meu refrigerante e tomei um gole antes de pegar meu próprio hamburguer.
- Acho melhor você nem tentar achar. - Eu disse-lhe, cerrando os olhos.
riu e encostou os lábios nos meus.
Tivemos um almoço tranquilo, até, conversando sobre as coisas que nós costumávamos fazer, três anos atrás, que deveríamos voltar a fazer juntos. Coisas bobas como "Comprar balas no Sr. Balas", embora o Sr. Balas tivesse falecido e a filha dele estivesse tomando conta do lugar; ou "Caminhar às terças de manhã". Qualquer coisa que trouxesse um pouco da normalidade de antes para nossa confusão de agora.
O tempo passou voando e, quando vi, estava escurecendo e eu estava prestes a destruir o clima doce e ameno, que dominava o quarto, perguntando se ele continuava fazendo o tratamento para melhorar as crises que ele tinha e se eu podia acompanhar, mas, feliz ou infelizmente, ouvimos três batidinhas na porta. Fingi não perceber que ficou tenso.
- Pode entrar! - Eu disse.
botou a cabeça para dentro do quarto e assoviou. e o seguiram para dentro e eu suspirei fundo, tentando canalizar todas as energias positivas para aquilo não dar errado mais uma vez.
- Caraca, ein. ? – logo soltou sua piadinha. – Tá todo gostosão, ein?
lhe ofereceu o dedo médio e bateu na sua cabeça, ralhando com ele:
- Sem palhaçadas, caraca! – Ele disse. – Nós conversamos sobre isso.
levantou as duas mãos ao ar, em rendição.
- Tá bom, tá bom. – Ele disse. – Desculpa aí, caras. Vai logo, , fala logo a coisa gay que você veio falar.
Eu tive que rir. estava levando tudo como uma grande brincadeira e era até bom, em partes, porque amenizava todo o clima tenso que parecia estar dominando aquela casa.
deu um passo à frente, as mãos atrás das costas e, meio sem jeito. Ele tirou as mexas de cabelo descuidado da frente do rosto e arriscou, com toda a sua força de vontade, olhar para , nos olhos dele.
- Eu... Queria dizer que sinto muito. – Disse. – Por tudo que eu disse pra você. Eu entendo... Que foi um acidente, só que é... – Ele respirou fundo e engoliu, deixando claro que se ele se deixasse levar, ia explodir em lágrimas. – É muito difícil assimilar tudo. Eu... Gostava mesmo da Ella. Muito. E acordar todo dia e saber que ela não está mais aqui é como estar em um inferno sem fim.
não pareceu ter terminado o que queria falar, mas parou mesmo assim. Balancei a cabeça positivamente para , para que ele dissesse alguma coisa porque, se fosse a continuar falar, ele choraria e deixaria todos os meninos muito sem jeito e constrangidos.
- Eu acho que... – começou. – Hm... Eu entendo. Se fosse a , eu... Piraria no segundo seguinte.
E era isso que tinha a dizer sobre tudo. Respirei fundo e estava pronta para interceder quando arriscou mais algumas palavras:
- Sei que eu estou sendo difícil... – Ele disse. – Mas eu... Tô tentando.
concordou com a cabeça, o rosto em uma total seriedade.
- Tá tudo bem, cara.
Os dois se olharam e concordara com a cabeça, em um acordo mutuo de tentarem se perdoar por algo que não deveria nem ser necessário. Evitei revirar os olhos para todas as dificuldades que eles mesmos criaram para se evitar.
Bati palmas chamando atenção para mim.
- Agora todo mundo circulando e indo pra sala me esperar. – Eu disse. me encarou de uma forma meio esquisita e os meninos riram, saindo do quarto. – Você também. Se vestindo agora!
caminhou até mim e pegou a beirada da sua blusa com um olhar extremamente safado.
- Preciso da minha camisa – Ele disse.
Revirei os olhos e deixei-o tirá-la sobre seu olhar perverso. Virei-me de costas para ele e comecei a fuçar minha mala, dentro do armário, atrás de uma roupa para mim. Vendo que não ia conseguir nada, saiu do quarto.
Assim que a porta fechou atrás dele e eu consegui vestir um sutiã, eu corri para o meu celular e liguei para Aline. No primeiro toque, ela atendeu.
“E AÍ?” Ela berrou.
Eu cai na gargalhada com seu jeito despojado e curioso.
- Vocês já estão todas aqui? – Perguntei. Estamos quase prontos.
“Sim, e trouxemos muitas pizzas!” Ela respondeu.
Selecionei uma blusa razoavelmente passada na minha bolsa e joguei em cima da cama, enquanto rondava o quarto atrás da minha calça jeans. Encontrei-a e tentei vestir, segurando o celular, o que não foi uma ideia muito boa.
- Ótimo! – Eu lhe disse. – Me dêem uns dez minutos e eu estou indo aí destrancar a porta pra vocês!
“Beleza!” E desligou.
Joguei meu celular em cima da cama de qualquer jeito e, com a mão boa livre, finalmente consegui vestir minha calça. Vesti a blusa correndo, catei a chave da porta que havia sido abandonada no chão e desci as escadas animada demais para me conter.
Os meninos estavam todos sentados no sofá da sala, parecendo bem mais relaxados que da última vez que estiveram todos reunidos ali, naquele mesmo lugar. Sorri à visão e parei em frente à mesa de centro, atraindo a atenção deles para mim.
- Bom, se vocês se comportarem, eu tenho uma mega máster super surpresa para vocês – Eu disse-lhes. – E vem com pizza.
A palavra “Pizza” sempre havia os deixado empolgados e três anos não havia mudado nem um pouco isso.
- Pizza! – manifestou-se. – Estou sendo um santo aqui, eu prometo!
- Sempre me comporto. – Essa foi a resposta de .
- Tem outro sabor sem ser de calabresa? – disse, enquanto eu cerrava os olhos para ele e ele explodia em uma gargalhada.
permaneceu quieto e deslocado, então eu comecei a encará-lo até que ele ficou desconfortável o suficiente para me responder.
- Tudo bem. – Disse.
Sorrindo, eu dei uma piscadela para eles e puxei a chave da porta do bolso de trás da calça jeans. Abri-a sobre os olhares atentos dos quatro e quinze meninas entraram em uma explosão de alegria dentro da casa. Algumas traziam pizzas e outras estavam abraçadas com garrafas de cerveja, mas todas elas pararam em uma fila para me cumprimentar com sorrisos maravilhosos e eu as agradeci pela ajuda.
e foram os primeiros a reagir à elas. Eles levantaram-se e abraçaram as meninas, iniciando um papo animado com as meninas que o trouxeram. Elas tiveram o tato de perguntar à ele sobre Annie no inicio da conversa e, embora nada tivesse mudado, ele sorriu ao interesse delas.
reagiu em seguida. Deu um beijo em cada bochecha que se aproximou dele e rapidamente resgatou um pedaço de pizza de uma menina que ficara meio abobalhada com o sorriso dele.
permaneceu sentado no sofá, o olhar meio perdido. Suspirando, sentei-me ao lado dele e passei os dedos pelo seu cabelo. Ele olhou-me e parecia em sofrimento profundo.
- Você pode se divertir, . – Eu disse-lhe, quase em tom de segredo. – Ella ia gostar que você se divertisse um pouco, para variar.
Ele me deu um sorriso triste, mas convencido. Levantou-se e, meio sem jeito, se aproximou de uma garota e pediu um pedaço de pizza. Ela tentou conversar com ele e ele respondeu, monossilabicamente, mas já era um grande avanço, para .
As pizzas logo foram depositadas na mesa de centro e várias garrafas de cerveja encontraram donos. Era uma perfeita festa e eles estavam reagindo melhor do que esperada, incluindo que já sorrira para algumas meninas que tentaram puxar papo com ele e conseguiram insistir por tempo suficiente até que a crosta de proteção dele se quebrasse.
Meio deslumbrada com toda aquela movimentação e toda a evolução deles, eu retirei-me por alguns instantes para escrever no blog sobre o quão gratificante estava sendo aquela noite maravilhosa.
De volta á sala, música estava dominando o ambiente. Aproximei-me de e ele abraçou-me pela cintura, beijando-me a bochecha.
- Uma das melhores ideias que você já teve. – Ele sussurrou ao meu ouvido, apertando-me mais apertado.
Olhei para e uma das garotas estava tentando fazê-lo mexer os braços junto com a música. revirou os olhos e riu: uma gargalhada gostosa que eu não fazia ideia se seria capaz de ouvir outra vez. Aquilo também chamou a atenção de , que sorriu ainda mais, seus olhos brilhando.
- Eu acho que sim. – Disse-lhe.
encostou o nariz no meu, prestes a me beijar e eu fechei os olhos, levando a mão até seu peito, mas antes que eu pudesse alcança-lo, uma mão agarrou minha mão boa e girou-me no meio da sala.
- VAMOS DANÇAR! – berrou, passando o braço pela minha cintura e me obrigando a balançar de um lado para o outro de um jeito extremamente desajeitado.
Cerrei os olhos para ele, que apenas gargalhou. Ele girou-me no meio da sala, sorrindo de maneira exagerada e emanando felicidade. ainda olhava meio perdido para nós dois, o nosso momento meio que roubado, mas ele sorriu e balançou a cabeça.
Tomando isso como uma permissão para abusar da minha companhia, girou-me mais duas vezes, tentando me guiar em uma coreografia muito esquisita por mais algum tempo.
Capítulo Doze
Nem tudo são flores
Meu corpo estava completamente dolorido e eu só podia culpar as horas de dança com , e depois . Mas, igualmente doloridas, estavam as minhas bochechas, de tanto rir e sorrir pela noite maravilhosa que nós tivemos.
As meninas trouxeram-nos uma quebra em toda a tensão que se instalara entre nós cinco e foram de terminal importância aos abraços que se seguiram durante a noite.
e conversaram, meio embriagados, mas deram tapinhas nas costas um do outro. Isso encheu meus olhos de lágrimas de felicidade ao ver que eles estavam encontrando um ponto de ligação entre o sofrimento de e o trauma de . Um ponto que os fazia sorrir de lado e lembrar de coisas do passado, coisas que eles não tinham certeza se conseguiam admitir que faziam falta, mas faziam.
Mesmo cansada, eu sabia que tinha que levantar. Tinha certeza que minha sala devia estar uma bagunça e que eu teria que fazer um café da manhã reforçado para quatro homens esfomeados, então, mesmo preguiçosa, abri os olhos.
estava encaixado em mim, nem um pouco disposto a me deixar sair de seu abraço apertado. De costas para ele, seu braço em minha cintura em um abraço tão apertado que era quase impossível acreditar que ele o mantinha enquanto dormia. Sua respiração quente batia em meu pescoço, arrepiando meus pelinhos da nuca.
Mesmo com todo esse carinho, eu ainda tinha coisas a fazer, então, com esforço, soltei-me do abraço de – Não sem um resmungo do mesmo -, Dei-lhe um beijo estalado nos lábios e carreguei minhas roupas ao banheiro, para tomar um banho e me livrar de todo suor de dança que eu arrumara no dia anterior.
Demorei um pouco mais do que deveria em meu banho, mas os dias que se passaram haviam sido extremamente emotivos e cheios de memórias e descobertas – nem todas agradáveis – e eu me peguei precisando de um tempo para pensar, recordar e, pateticamente, chorar. Recarregar minhas energias seria melhor dito e, esse banho, serviu suficientemente bem.
Enrolada na toalha, arrisquei maquiar de leve meu rosto avermelhado pelo choro antes de me vestir. Haviam muitos problemas, sentimentos e mágoas pela casa e eu devia ser o ponto forte, o que tentava conectar, não o ponto fraco e chorão.
Pronta, desci as escadas para a cozinha, preparada para cozinhar o café da manhã que marcaria a vida de todos eles para sempre.
Fui surpreendida ao encontrar um , mexendo uma caneca de leite quente, parecendo muito chateado e cheio de olheiras. Pela hora, apenas quatro horas passadas desde que as meninas deixaram a casa, eu só podia concluir que não dormira.
Ele levantou a cabeça quando me viu entrar e sorriu um sorriso triste, mas, mesmo assim, incomum em seu novo humor. Sorri-lhe de volta.
- Bom dia, . – Eu cumprimentei-o, passando por ele e depositando um beijo em sua cabeça.
fechou os olhos, agraciado pelo carinho. Dias atrás, essa demonstração de que se importava seria impossível. Por mais duro que estava sendo para ele, ele estava emocionalmente envolvido com todos nós agora. Só precisava de um pouco mais de tempo para assimilar tudo.
- Bom dia... – Ele murmurou, a voz rouca me informando que ele dormira ao menos um pouco àquela noite.
Sorri-lhe, enquanto procurava salsichas e bacon no congelador. Ele voltou a baixar o olhar para o leite, parecendo terrivelmente desconfortável. Achei que iniciar uma conversa, talvez, melhorasse isso.
- Caiu da cama? – Perguntei-lhe, arriscando.
Ele riu, mexendo os ombros, mas, ao levantar o olhar, vi que era apenas para me agradar. continuava preso em sua bolha de sofrimento infinito.
- Do sofá, na verdade. – Ele me disse. – Não... Consegui dormir direito.
Peguei os bacons que achei que precisaria e levei para a pia, para cortá-los. Olhei-o, analisando. Ele estava péssimo e precisava muito de ajuda. Os cabelos estavam sem corte, maltratados de uma forma que eu nunca vira; sua postura estava extremamente incorreta, ele andava e sentava curvado sobre a sua recente e adquirida barriga redondinha. precisava urgentemente de alguém que colocasse sentido na vida. E, além de tudo, a alegria que ele parecia ter conquistado na noite anterior havia se esvaído na mesma rapidez que havia aparecido.
- Posso ver isso. – Eu disse, desejando falar que eu via além. – Qual o problema, agora, ?
Ele levantou o olhar para mim, seus olhos demonstrando extrema mágoa. Suspirou, abaixando os ombros em uma visão clara de derrota. Abandonei os bacons e sentei-me ao seu lado, colocando a mão em seu ombro.
- Ei. – Eu chamei-o, obrigando a olhar para mim mais uma vez. – Está tudo bem. Você pode me contar as coisas, lembra?
Ele sorriu, levemente e eu sorri ao ver que uma pontada desse sorriso chegou aos seus olhos. Apertei a mão em seu ombro e ele suspirou.
- Ontem foi muito legal. – Ele murmurou.
Eu ri. Eu sabia que todos eles achavam que “ontem tinha sido muito legal”, mas onde é que encontrava problema nisso?
, ultimamente, encontrava problemas em todas as coisas.
- Também achei, . – Disse-lhe, sorrindo ao seu sorriso inocente. Ele abaixou a cabeça, um pouco envergonhado. – Mas o que houve?
Ele fungou e eu percebi que ele estava prestes a chorar. Passei o polegar por sobre suas olheiras, secando o molhado que estava se formando ali antes que a lágrima escorresse pelo seu rosto.
- Doeu... Muito. – Ele murmurou. – Vê-las. Saber que elas... Elas... Fariam qualquer coisa por mim e saber... Saber que...
Ele gemeu e debulhou-se em lágrimas. Um pouco assustada, eu puxei-o para meus braços e o apertei em um abraço. Senti-o molhar meu ombro, sem me importar e o apertei um pouco mais forte.
- Está tudo bem, . – Eu disse. – Se acalme.
- Não está tudo bem, não! – Ele disse, se afastando e secando suas lágrimas com raiva. – Eu... Eu estou quebrado! Não consigo devolver mais. Não consigo agradecer a elas pelo que elas fazem porque tudo que eu penso é... – Ele suspirou. – O quão idiota eu sou por magoá-las e o quão eu ainda posso machuca-las.
Eu balancei a cabeça, negando, enquanto ele fechava os olhos e deixava as lágrimas escorrerem pelo rosto.
- ... Não! – Eu reclamei. – , nenhuma de nós espera que você possa ser cem por cento o cara que você era. Nenhum de vocês. As pessoas mudam e as coisas mudam as pessoas... – Segurei a mão dele na minha e ele abriu os olhos para me encarar. – Isso mudou vocês de uma forma irrecuperável e todo mundo entende isso.
Ele balançou a cabeça e se encolheu um pouco, balançando os ombros em meio a um soluço que resultou em uma crise de choro. Ele escondeu o rosto nas mãos e eu puxei-o, fazendo encostar o rosto em meu ombro e acariciando seus cabelos.
- Está tudo bem, . – Eu disse. – Ninguém espera que isso seja rápido. Já é maravilhoso que vocês estejam se falando e tudo mais. Talvez vocês já consigam tocar juntos algum dia, mas vocês podem levar o tempo que for para tomar o caminho de volta. É mais difícil pra você que pros outros e a gente entende isso. Eu entendo isso. Foi difícil pra mim também, botar a vida no lugar depois de tudo que aconteceu.
Ele sugou o ar, meio gemendo por conta de dificuldade em meio ao choro e me apertou de volta no abraço. Sorri levemente ao ver que ele estava assumindo sua dificuldade e aceitando ajuda. Minha ajuda.
- Eu queria retribuir. – Ele murmurou. – Retribuir por todas acreditarem na gente e não nos abandonarem apesar de... Termos feito isso.
Ele sentou-se ereto, as lágrimas ainda correndo pelo rosto. Passei os dedos pelo seu cabelo grande demais, colocando-o atrás da orelha com cuidado e um sorriso amoroso no rosto que foi refletido nele.
- Eu sei, . – Ele disse. – E você está fazendo isso. Eu fiquei zangada ontem, mas eu sei que você está se esforçando. Pedir desculpas pelo que você disse foi um exemplo claro disso. – Eu sorri-lhe. – E é isso, . Se esforçar para mudar as coisas: É a retribuição perfeita por tudo.
Ele sorriu levemente, agradecido pelas coisas que eu estava lhe falando, mas eu via, obviamente, que ele estava longe de ser convencido de que ele não precisava fazer nada.
- Eu não consigo fazer mais isso, . – Ele murmurou, triste. – Tudo que eu penso é em como a Ella reagiria a tudo isso, o que a Ella acharia disso, por que a Ella não está aqui agora? – Ele balançou a cabeça. – E aí eu sei que se eu não estivesse discutindo com naquela noite, ela ainda estaria aqui e tudo seria completamente diferente.
Apesar de seu discurso negativista e desacreditado, eu sorri. Era a primeira vez que eu via admitir que ele tinha culpa na história e isso era um avanço importante para reconciliação deles.
- Isso... – Eu sorri. – . Apesar de eu estar achando muito legal você admitir que partilha da culpa, ainda temos que ver que o acidente... foi um acidente. – Peguei a mão dele. – Por mais que a gente pense em várias coisas que poderiam tê-lo evitado, quem nos garante que o destino não tinha um plano para leva-la de qualquer forma? – meneou a cabeça e eu sabia que a semente estava plantada. – E eu tenho certeza de uma coisa: A Ella se foi e ela se foi se divertindo, da mesma maneira que viveu toda a vida dela. É muito mais do que eu gostaria de pedir. Estar aqui sem ela é difícil pra mim, para você, para os pais dela... Mas, , ela se foi. E a certeza é que ela nos amava e não gostaria de nos ver tristes. E eu não gosto de te ver triste também. – Sorri e ele deu uma risadinha triste. – Tudo o que a gente quer, e que eu tenho certeza que Ella gostaria também, era de te ver feliz. E você era feliz no McFLY. Nós todos éramos.
levantou os olhos e me encarou, finalmente entendendo o meu ponto sobre tudo aquilo. Ele olhou para o lado, ligeiramente envergonhado e concordou com a cabeça. Ele quase começou a responder aquilo, mas fomos interrompidos.
- QUE É QUE TÁ PEGAAAAAAAAAAAAAAANDO? – entrou na cozinha, parecendo extremamente feliz e animado.
Disfarçando, esfregou a cara, secando as lágrimas e engoliu metade da sua caneca de leite de uma vez só, quase se engasgando.
- Nada. – Eu respondi, levantando-me, tentando não rir de tossindo. - Bom dia. – Cumprimentei , que seguira para dentro da cozinha.
- Bom dia. – disse.
era esperto e conhecia o suficiente para saber o que estivera acontecendo na cozinha antes da entrada triunfal de , mas ele apenas nos deu uma olhada de “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado” e sentou-se à mesa.
- Cadê o rango? – perguntou.
Revirei os olhos, picando o bacon de modo que parecesse que havia mais do que realmente tinha. Não achava que teria o suficiente para alimentar quatro homens esfomeados, mas eu deveria tentar.
- Se me apressar, – Eu comecei. – Nós vamos mudar a programação para “Faça você mesmo”.
se encolheu na cadeira enquanto e riam da cara dele. Sorri, percebendo que o clima estava infinitamente mais ameno. Era óbvio que não estava ali e que, quando completava o quarteto, ficava um pouco desconfortável, mas estava muito mais aberto à todos agora do que quando chegara e isso era algo formidável.
- A gente devia assistir um filme hoje. – sugeriu.
Concordei com a cabeça, sem muita certeza se eles estavam falando comigo ou entre si. Concentrada, peguei as salsichas e coloquei-as em uma panela de água quente para descongelá-las.
- Acho que pode ser legal. – murmurou.
Comecei a achar que eu era um enfeite na cozinha e não me importava. Resolvi prestar atenção na conversa enquanto preparava o café-da-manhã.
- Tem que ser de volta para o futuro. – completou. – Se não for, não vai ter graça assistir um filme.
Meu sorriso duplicou de tamanho e eu virei de costas para eles, fingindo que ainda tinha bacon para cortar. A frigideira no fogo, esquentando o óleo foi ligeiramente ignorada até que eu pudesse controlar minhas expressões faciais.
- De volta para o futuro. – murmurou. – Parece apropriado.
Ao levar os bacons para a frigideira, olhei para eles e deu uma piscadela para mim. Os dois estavam encarando , esperando sua aprovação. estava ficando vermelho, muito sem jeito, mas não parecia exatamente desconfortável. Apenas um pouco pressionado demais.
- De volta para o futuro... – murmurou, mais para si do que para que nós ouvíssemos. – Pode ser. – Concluiu, como se o filme não significasse o que significava para eles. Mas nós sabíamos que era apenas uma mascara.
- Ótimo! – exclamou. – Você tem aqui, ?
Neguei com a cabeça, virando os bacons no óleo.
- Não. – Eu disse. – Minhas cópias ficaram em Londres, não pensei em precisar delas. Mas é só bater na porta e tenho certeza que te arrumam todos os filmes em menos de cinco minutos.
e se encarando e riram. abriu um sorrisinho meio sem graça.
- Eu vou lá! – disse.
Da cozinha, nós ouvimos bater um papo animado com uma fã através da porta enquanto ela narrava o que havia acontecido do lado de fora durante a noite. Aparentemente, o banheiro químico que eles haviam arrumado para o acampamento havia virado devido à um vento um pouco mais forte e fizera uma poça desagradável no meio do quintal, onde uma das meninas, a que tinha sono mais pesado, acordara bem do ladinho. Eu vi rir de verdade algumas vezes durante a história.
voltou com os DVDs dez minutos depois e colocou-os em cima da mesa. Ele tentou roubar os bacons prontos, mas levou um tapa na mão e, com um biquinho adorável, sentou-se á mesa.
- Sabe, é injusto que todo mundo esteja se divertindo lá fora com o banheiro e a praia e tudo mais – Ele resmungou. – E a gente só tenha uns filmes chatos pra assistir.
Revirei os olhos à reclamação e comecei a separar a comida pronta em três pratos para eles. Levei o primeiro à , para ver se conseguia fazê-lo ficar quieto.
- Eu trouxe a festa para dentro ontem à noite, então você devia parar de reclamar. – Disse, servindo e .
- Obrigawdo – agradeceu, cheio de comida na boca. Cerrei os olhos para ele e ele engoliu a comida, quase se engasgando. – Desculpe.
Sorri quando riu e fui pegar o suco para serví-los.
- Bom dia! – entrou na cozinha parecendo extremamente animado.
Ele pegou-me pela cintura enquanto eu tentava colocar o suco no copo de , que ainda estava tossindo pelos bacons que engolira rápido demais, me dando beijinhos no pescoço. espetou com seu garfo, fazendo-o me soltar e resmungar até um dos lugares vazios á mesa. Coloquei um prato cheio de comida à sua frente e ele me puxou para cintura, fazendo com que eu sentasse em seu colo. desviou o olhar e se concentrou em seu próprio prato.
- Ela não é ótima? – disse. Eu sorri-lhe, meio sem jeito e ele me deu um selinho. – Mal vejo a hora de contar pra minha mãe que a gente voltou.
, e franziram as sobrancelhas pelo “voltou”, mas ninguém teve tempo de perguntas nada porque eu cai na gargalhada.
- ... – Eu sussurrei, levantando-me de seu colo para poder comer meu próprio café da manhã. – Sua mãe me odeia.
pareceu muito chocado com isso e ainda mais chocado ao notar que e concordavam com a cabeça.
- Quê? – Ele reclamou. – Claro que não.
Eu apenas cutuquei minha comida, balançando a cabeça.
- Você vai ver, . – Eu disse.
Antes que eu pudesse pará-lo, ele sacou o celular do bolso e discou para o número marcado como “Mãe”. Eu ainda passei o dedo pelo pescoço, tentando fazê-lo parar sob as risadas de , mas ele apenas empurrou o celular pra mim.
- Faz aquilo que você fez com o Fletch!
Revirando os olhos, eu apertei o botão de viva voz. A cozinha ficou em extremo silêncio, ouvindo apenas o barulho do celular fazendo a ligação e então a Senhora atendeu.
“Querido?”
- Oi mãe! – cumprimentou-a, animado.
estava balançando a cabeça negativamente, como se soubesse que aquilo não ia terminar bem. Eu estava mexendo na minha comida, fingindo não me importar enquanto parecia me vigiar, realmente preocupado.
“Já voltou à Londres?” Ela questionou-o.
- Não, mãe! – Ele disse. – Sobre isso que eu queria te falar... Você lembra da ?
Ouve alguns segundos de silêncio do outro lado da linha, até que ela pareceu assimilar a informação e dizer:
“Aquela vadiazinha?”
Capítulo Treze
Um bolo de esperanças
“Aquela vadiazinha?” A Senhora disse.
pareceu meio sem reação por alguns momentos e arriscou uma olhada para mim. Eu estava encarando o meu prato, segurando as lágrimas em meus olhos com um sorriso de “eu bem que falei”.
passou o pé pela minha perna em um carinho bem esquisito. Levantei o olhar para ele e ele me encarava. Sorriu levemente e eu murmurei um “obrigada” para ele.
- Como assim, mãe? – questionou. – Ela não é assim!
Ouvi a respiração de impaciência da Senhora pelo telefone, como se fosse algo que ela tivesse que explicar incansavelmente para e, mesmo assim, ele não conseguisse compreender.
“Estamos falando da jornalista que se fazia de fã e aparecia seminua na sua cama?” Ela perguntou.
Minhas bochechas ganharam cor. Uma vez, eu comprara uma lingerie que fora uma fortuna e esperara por no quarto dele, no seu aniversário. Inoportunamente, e a mãe apareceram no quarto dele aquele dia e eu não sabia onde eu poderia enfiar a minha cara. Desde então, aquela era a opinião da Senhora sobre mim e era o único incapaz de ver.
- Fala sério, mãe, não é bem assim não. – disse. Ele não parecia zangado, apenas confuso.
“Hm... Você está em Londres?” Ela questionou.
e também estavam me encarando, então eu arrisquei um sorriso despreocupado para eles, que não os enganou. me serviu suco e eu balancei a cabeça, agradecendo enquanto eu engolia goladas gigantes.
- Não, mãe... Estou em Brighton ainda.
“Com ela. Entendi” Alguns segundos de silêncio constrangedor. “Quando voltar à Londres, me ligue que nós vamos ter uma conversinha sobre isso.”
Finalmente eu senti a mão de sobre a minha coxa, prova que ele percebera meu desconforto com a conversa.
- Não tenho certeza sobre isso não, mãe, mas vamos ver. Preciso ir.
E antes que a mãe pudesse dizer mais alguma coisa, desligou e o silêncio se instalou na cozinha, incomodo.
- Quem acha que está na hora de irmão assistir o filme? – disse, levantando a mão.
olhou-o, quase fuzilando com seus olhos. Ele olhou para mim, parecendo realmente preocupado.
- Está tudo bem? – Ele questionou.
Mesmo que meus olhos estivessem cheios de lágrimas ofendidas e ligeiramente envergonhadas, eu concordei com a cabeça, não enganando ninguém.
Com uma olhada para os garotos, puxou-me pela mão para fora da cozinha e, na sala me abraçou.
- Sinto muito por você ter escutado isso. – Ele disse. – Eu realmente não sabia que ela tinha essa opinião sobre a gente.
Eu quis dizer que a opinião não era bem sobre, mas apenas sobre mim, mas engoli minhas palavras.
- Eu sabia, mas tudo bem.
fez a expressão perfeita que me dizia que ele não entendia nada sobre o que havia acontecido, mas ele abraçou-me apertado e, quando eu menos esperava, passou os braços pelos meus joelhos e me ergueu.
- Está bem, mas vamos resolver isso no quarto que ontem eu estava tão cansado que nem consegui te dar um beijinho antes de dormir.
Eu gargalhei, passando os braços pelo pescoço dele e arrisquei beijar-lhe. estava ficando bom em subir as escadas comigo porque, mesmo me beijando, ele nem tropeçou.
Entramos no quarto e me soltou, já parecendo bastante urgente. Puxei sua camisa por cima da cabeça, cravando minhas mãos em seu peito, que eu tanto adorava, e puxou-me para perto dele tanto quanto podia, tentando me levantar mais uma vez, desta, encaixando-se entre minhas pernas.
Ele apertou minhas coxas, erguendo-me do ar e, capturando meus lábios em um beijo desenfreado, derrubou-me na cama, deitando em cima de mim apenas um milésimo de segundo depois.
Ele apertou minha cintura em uma tentativa de grudar ainda mais nossos corpos, o que não era exatamente necessário, visto que minhas pernas estavam ao redor do quadril dele e sua ereção estava para lá de provocadora em mim. Soltei nossos lábios, ofegante, minhas mãos segurando o rosto de perto de meu. Ele riu ao perceber que eu estava, já, precisando de um pouco de ar.
- Olha quem está fraquinha... - Ele murmurou, mordendo meu lábio inferior o puxando-o. - Como eu posso abusar de você quando você não consegue aguentar o tranco, ein? - Ele sorriu.
Cerrei meus olhos para ele, fazendo alargar o sorriso. Empurrei-o para o lado e subi por cima dele, que me encarou, parecendo admirado. Alisei seu peito nu, sorrindo sadicamente, enquanto fechava os olhos deliciado.
- Não sei de quem você está falando que não aguenta o tranco, . - Eu disse. - Mas eu aguento sim.
Depois de um segundo de surpresa, as mãos de voltaram a minha cintura e o seu sorriso voltou ao seu rosto. Sem me conter, fechei os olhos e movimentei-me levemente sobre sua ereção, jogando minha cabeça para trás. Respirei fundo e voltei a encará-lo. Seus olhos estavam fechados e a boca estava em um "O" perfeito. Sorri por tê-lo quebrado.
- Quem não aguenta, ? - Questionei.
abriu os olhos, saindo do seu torpor e cerrou os olhos para mim.
- Você está muito abusadinha, mulher - Ele disse. Ele usou a força contra mim e eu acabei debaixo dele mais uma vez. - Vou ter que te torturar.
Gargalhei por apenas três segundos. Foi o tempo necessário para levantar minha blusa de qualquer jeito e abocanhar um de meus seios.
Minha risada se calou, transformando-se em um gemido rouco, completamente implorativo. , por outro lado, riu, mas eu não estava mais me importando. Envolvi minhas mãos em seus cabelos e puxei-os sem algum dó.
Envolvi minhas pernas nas dele e pressionou-se contra mim, levando a boca á minha, sua língua parecendo necessitada de forma tão voraz que atacou a minha, deslizando sensualmente até meu queixo, em uma mordiscada.
Suas mãos deslizaram pela minha barriga, agora despida, e os calafrios fizeram com que eu me contorcesse sob seu corpo. encostou os lábios em meu ouvido, as mãos sobre o botão da minha calça.
- Você vai ter que implorar... - Ele sussurrou, os lábios roçando em minha orelha, o voz rouca arrepiando todos os meus pelos - Se você quiser me ter hoje...
Minha respiração ertava para lá de acelerada e meus braços estavam, sem o meu consentimento, agarrando e apertando contra meu corpo, o que o fazia sorrir daquele jeito impetuoso e dominador.
Sem um pingo de orgulho, eu murmurei:
- Eu quero você. - Olhei-o, desejosa e pareceu ligeiramente impressionado que eu o estivesse fazendo. - Eu preciso de você. Agora. Por favor.
continuou parado, olhando em minha direção, completamente embasbacado com minhas palavras. Suas mãos continuavam no botão da minha calça, mas, agora, eu podia ver, estavam ligeiramente trêmulas.
- Por favor... - Eu murmurei. - Eu pre...
Não consegui terminar a frase porque beijou-me verozmente, as mãos emboladas em na minha calça, tentando se desfazer dela. A urgência era imensa: Minha blusa estava embolada acima dos meus seios, a calça estava embolada em meus joelhos e apenas havia aberto o zíper e abaixado a cueca. Mesmo assim, penetrou-me duramente, fazendo com que eu apertasse meus dedinhos do pé e cravasse minhas unhas em suas costas, enquanto mordia meu lábio inferior para conter um gemido um pouco mais exagerado.
A movimentação dura de fez com que o zíper da sua calça começasse a me machucar com suas investidas. Espalmei minhas mãos em seu peito e empurrei-o um pouco, tentando fazê-lo parar.
- Pedindo arrego, ? – Ele questionou-me, a voz rouca em meu ouvido.
Revirei os olhos, não sentindo mais tanto prazer quanto deveria, por conta daquele incomodo. Empurrei-o mais uma vez, subindo por cima dele para conseguir um pouco de sanidade da parte dele.
Devido as condições apressadas de , eu ainda tinha minha calça em meus joelhos, então, quando virei-me por cima dele, fiz com que ele saísse de dentro de mim, o que não o deixou muito satisfeito.
E lá estava eu, meio vestida, de joelhos sobre ele, meio vestido e com uma cara bem zangada.
- Você não está num bom dia hoje, . – Eu lhe disse.
E com isso, sai de cima dele e sentei na beira da cama, tirando minha blusa, embolada sobre meus seios e abaixei minha calça, mantendo a calcinha.
Subitamente, perdi a vontade de completar o ato.
- O quê? – Ele perguntou. – O que você está fazendo? – Ele perguntou, ao me ver andando pelo quarto.
Achei a camiseta de e a vesti por cima das minhas roupas íntimas. Olhei para ele, só agora percebendo o quão magoada com sua insensibilidade eu estava.
- Sua calça estava me machucando, . – Eu disse-lhe. – E, quer saber? Acho que você esqueceu que eu preciso de um tempinho com beijinhos e tudo mais antes de você começar a fazer o que você acha que tem que fazer. – Vesti sua camisa e trotei até a porta. – Então eu acho que você pode terminar isso sozinho enquanto a vadiazinha aqui vai tomar outro banho e checar se seu zíper não arrancou nenhum pedaço dela.
Com isso, sai do quarto, contendo as lágrimas. Eu corri para o banheiro e tranquei a porta, encostando-me nela e debulhando-me em lágrimas.
Eu odiava que a mãe de me odiasse.
protelou para que eu a conhecesse. Acho que, no fundo, ele sabia que ela era difícil e que não gostaria de mim. Eu ficava chateada. Nós estávamos saindo há tempos e, embora não nos déssemos títulos, eu queria conhecer a família dele.
E, então, alguns meses antes do acidente, aquilo aconteceu. Eu resolvera gastar trezentas libras em uma lingerie que eu sabia que ele ia acabar rasgando em algum momento. Mas era aniversário dele e tinha tantas coisas que a única coisa que eu pudera pensar que o deixaria feliz era uma lingerie bonita e, talvez, um strip tease.
Então eu coloquei a lingerie cara, meu sobretudo e usei minha chave do apartamento dele para me esgueirar como uma criminosa para sua cama. E fiquei lá, só de lingerie, esperando-o chegar.
Minha surpresa fora quando ele entrou no quarto com a mãe dele porque ela queria se certificar que ele colocaria o presente dela (Um rádio-relógio muito brega) na cabeceira de sua cama, para ele não acordar mais atrasado para os compromissos (como se isso fosse adiantar).
E os dois me pegaram lá, quase cochilando e quase nua, deitada na cama dele como uma prostituta clandestina. ficou feliz, sua mãe não.
E quando ele resolveu ser simpático e nos deixar a sós para nos fazer uma xícara de chá, ela deixou bem clara sua opinião sobre mim.
Eu não achava que eu teria que passar por isso de novo... Mas são os preços que pagamos pela nossa felicidade.
Sabia que era errado descontar isso em e em sexo também, mas o que mais me magoou não fora o comentário da mãe dele; fora o descaso dele com meus sentimentos, só pensando nele e no sexo.
Ok, não só nele, afinal, eu também tinha vontades. Mas ele podia ter me tratado melhor... Ele apenas marcou mais profundo o elogio que sua mãe me fizera.
- ? – bateu na porta do banheiro.
Sequei minhas lágrimas e me olhei no espelho. Eu estava horrorosa.
- Vai embora! – Eu gritei com ele.
Ouvi seu suspiro por detrás da porta e um baque surdo contra a mesma. Encarei a madeira gasta e vi quando a maçaneta girou, apenas para ficar presa na tranca.
- , me desculpe – Ele sussurrou. – Você sabe que não pode falar daquele jeito... Eu me descontrolei.
Funguei, cruzando os braços e apoiando as costas quando a bancada da pia.
- Você é um idiota! – Eu gritei com ele.
Minhas lágrimas voltaram a cair. Eu estava realmente zangada com ele. Ouvi outro baque surdo contra a porta.
- , por favor. – Ele murmurou, seu tom de voz bem mais baixo e implorativo. – Eu... Não fiz por mal. Você sabe que eu não penso isso de você... – Eu ouvi seu suspiro. – Eu te acho maravilhosa; você é inteligente, dedicada, corajosa, criativa... E ainda é gostosa pra caralho. – Eu ri baixinho, fungando e seu tom de voz mudou ligeiramente. – E eu amo você demais. Por favor, não fique zangada. Eu sinto muito mesmo.
Passei as costas das minhas mãos pelas minhas bochechas displicentemente e caminhei até a porta, destrancando e abrindo-a. cambaleou um pouco para frente. Pelo que eu percebi, ele estivera com a cabeça encostada na porta e não esperava que eu a abrisse naquele momento, então sorriu para mim docemente.
- Você acha isso tudo de mim mesmo? – Eu perguntei-lhe, timidamente.
sorriu de lado e puxou-me pela cintura para um abraço. Deixei-me colocar minhas mãos em seus ombros e ele apoiou o queixo no meu.
- Sim... Principalmente a parte do inteligente... E do gostosa. – Ele riu e eu sorri, me aconchegando em seu abraço. – E a parte em que eu disse que amo você.
Ele deu um beijo estalado em meu pescoço e se afastou um pouco para me olhar. Sorriu levemente e beijou a ponta do meu nariz.
- Eu também amo você. – Sussurrei, quase contrariada.
respirou fundo, parecendo ligeiramente aliviado – Como se eu nunca tivesse dito isso e fosse uma novidade – e me apertou, encostando os lábios de leve nos meus, extremamente carinhoso.
- Acho que talvez fosse melhor nós assistirmos aquele filme que o sugeriu... – Ele sussurrou, colocando uma mecha dos meus cabelos atrás da minha orelha.
Sorri e concordei com a cabeça, mas, ao invés de soltar-me de , encostei minha cabeça em seu ombro, preguiçosa.
- E você ficou zangado quando ele disse – Eu ri.
Senti balançando a cabeça e, então, se afastou para me pegar pela mão. Apertei sua mão com força, um sorriso leve nos lábios e deixei-o me guiar escadas abaixo.
Quando chegamos a sala, eu senti um cheiro esquisito vindo da cozinha e, nervosa, soltei a mão de e caminhei, quase corri, até ela com em meu encalço.
Fiquei um pouco dividida quando cheguei ao aposento.
O novo status da cozinha era “Destruída”. Não havia outro termo para descrevê-la. A pia estava vazando água, uma lama branca cobria toda a área próxima a ela e, as áreas mais distantes, estavam cobertas de um pó branco. Havia, pelos menos, três ovos quebrados no chão e a mesa era uma cachoeira de leite derramado.
Do outro lado da cozinha, estavam três homens maravilhosos sujos de branco e com pedaços de cascas de ovo por toda a cara e pela roupa também. E eles sorriam como se nada tivesse acontecido, como se a cozinha – e a minha conta bancária – não estivesse acabada.
No centro da mesa, a única coisa que me impedia de mata-los naquele momento: um bolo ligeiramente queimado, sabor de laranja.
Sob o meu olhar examinador e quase assassino, deu um passo a frente.
- A gente quis fazer um bolo porque... Você estava chateada e... – Ele atropelou as palavras e olhou para , pedindo ajuda.
deu um passo para o lado, para atrás de , mas continuou o que ele dizia.
- A gente achou que o bolo ia te deixar feliz. – Ele murmurou. – Só não deu tão certo assim...
Eu olhei para a cozinha destruída, para o estado de calamidade que , e estavam e coloquei a mão no rosto. Eles estavam esperando sua morte.
E, então, eu explodi em risadas.
Como eu podia ficar zangada com eles quando eles eram tão maravilhosos?
Capítulo Catorze
Hora da verdade
Acordei com o braço de ao meu redor. O dia está maravilhoso e a noite anterior tinha sido espetacular. Não, e eu não transamos: Ele estava sendo extremamente fofo em uma tentativa muito esquisita de me compensar pelo o que havia acontecido. A noite tinha sido espetacular porque, após comermos o bolo – que por incrível que pareça, estava gostoso – tivemos uma maratona maravilhosa de “De volta para o futuro” com direito a comentários com curiosidades dos quatro, repetindo, quatro homens.
Eu mal podia me aguentar de felicidade. E, quando postei sobre isso no blog, os comentários felizes fizeram o resto da minha noite.
apenas tomou banho, deitou ao meu lado, me abraçou, disse umas três vezes que me amava enquanto estávamos completamente sonolentos e adormecemos.
E hoje era o dia especial. Tudo que havia acontecido durante àquela semana ia terminar com uma decisão que eu os obrigaria a fazer hoje, ou eles nunca mais fariam em toda sua vida. E eu sabia. E estava tremendo por ser minha responsabilidade.
O acampamento em frente da minha casa já havia sido desfeito. Embora relutantes, os fãs que acampavam aceitaram meu pedido de privacidade.
Suspirei fundo, revendo todo o discurso que eu vinha preparando mentalmente para aquele dia. percebeu que eu estava acordando e apertou-me contra ele, beijando meu pescoço.
- Você não consegue dormir até mais tarde? – Ele questionou.
Sorri-lhe, sem resposta. Era um milagre que eu estivesse dormindo sem meus remédios, mesmo que pouco, mas eu não queria preocupa-lo sobre isso, não agora. Teríamos muito tempo pela frente para ele se acostumar com meus novos problemas e minhas novas manias.
- É que hoje é um grande dia, . – Eu murmurei.
Ele entortou o lábio e me obrigou a virar-me para ele, beijando-me suavemente. Acariciou meus cabelos.
- Você não vai me pedir em casamento, vai? – Ele perguntou. – Isso é injusto, eu estava planejando comprar uma aliança bem legal assim que você destrancasse aquela porta.
Eu estava presa entre a gargalhada e o choque e mantinha apenas seu sorriso especial para mim. Ele estava avaliando minha reação, e eu tinha certeza disso, para saber se poderia, mesmo, fazer o pedido.
- Você não precisa gastar seu dinheiro comigo, favorito... – Eu sussurrei-lhe, sem encontrar nada melhor para dizer.
abriu o sorriso mais lindo do mundo, percebendo que a resposta, embora codificada, seria um perfeito sim. Como se houvesse qualquer dúvida sobre isso.
- Se não com você... – Ele sussurrou, beijando-me os lábios – Com quem mais eu gastaria?
Ele beijou meu queixo e, então, meu pescoço. Sorri levemente, mas eu realmente não queria que ele gastasse seu pouco dinheiro comigo.
- Não precisa ser cara... – Eu sussurrei. – Pode ser um donnut e eu ainda vou me casar com você.
gargalhou e beijou-me os lábios mais uma vez.
- Eu decido isso, está bem? – Ele sorriu, o nariz encostado no meu, o sorriso maravilhoso no rosto. Acabei espelhando sua expressão. – Não se preocupa com isso, por favor.
Concordei levemente com a cabeça, sabendo que ele estava sem jeito por ter me confessado seu problema financeiro. Eu não conseguia não me preocupar, mas eu podia fingir, por alguns momentos, que estava tudo bem ele gastar meia fortuna para me dar um anel. Nós podíamos discutir sobre isso depois. Hoje, o dia era para discutir outras coisas.
Em um acesso de praticidade, empurrei-o levemente para o lado e me levantei em um pulo.
- Vamos tomar café! – Eu disse.
olhou-me por alguns momentos, meio embasbacado e, então, pegou meu travesseiro e escondeu o rosto nele. Calcei minhas pantufas às gargalhadas e sai pisando leve para fora do quarto. Antes que eu pudesse fechar a porta atrás de mim, ouvi dizer:
- Porque eu fui arrumar uma mulher tão elétrica?
Corri ao banheiro e escovei meus dentes com pressa. Penteei meu cabelo, que não estava muito bom, amarrando-o com um elástico para ficar mais apresentável.
Suspirei. Eu tinha uma responsabilidade muito grande e eu precisava exceder expectativas.
Sai do banheiro e bati na porta do quarto de e .
- ACORDANDO! – Gritei. Fui até a porta de e bati também. – LEVANTA! – Então voltei para meu quarto e continuava deitado de barriga para cima com meu travesseiro em seu rosto. – Vamos logo, !
, com os olhos apertados de tanto sono, saiu pelo quarto e se posicionou à porta do meu, ao meu lado.
- É, , levanta! – Ele concordou. – Pra quê mesmo estamos acordando? – Ele me perguntou.
Abri e fechei a boca três vezes antes de articular uma resposta minimamente plausível.
- Para tomar café? – Eu disse, soando mais como uma pergunta do que uma afirmação.
deu de ombros e concordou com a cabeça.
- QUERO TRÊS SALSICHAS! – gritou de dentro do quarto.
- LEVANTA E EU TE DOU QUATRO! – Eu berrei de volta.
e juntaram-se a nós apenas vinte segundos depois. acabou tendo nenhuma escolha além de se juntar a massa que descia as escadas.
Tomamos um café da manhã animado, cheio de intimidade e piadinhas e, por mais que estivesse um pouco calado, ele juntou-se a nós em diversas delas. Ele estava mais conectado e aceitando a companhia dos outros com mais facilidade. Isso era o suficiente para me dar esperanças.
- Você está calada, . – Foi que percebeu.
Sorri ao perceber que os quatro pares de olhos estavam olhando atentamente para mim, em busca de algo que pudesse explicar o meu silêncio. Suspirei.
- Eu preciso falar uma coisa pra vocês... – Eu disse. Eles se entreolharam e pareceram tensos. – Mas eu preciso de um momento. Podem me esperar um pouco na sala?
Foi um arrastar de pratos, cadeiras e talheres. Nenhum deles sequer questionou meu pedido, embora tenha se demorado mais um pouco, me encarando e franzindo a testa, tentando entender.
Minha garganta estava embargada e eu estava tentando segurar as lágrimas de nervosismo. Eu precisava manter a calma.
Peguei meu notebook, guardado escondido atrás dos cereais dentro do armário e fiz um post rápido sobre o que eu estava prestes a fazer e pedi que todos torcessem para que desse certo.
Eu desejava que desse certo.
Mordi meu lábio e adiei aquela situação um pouco mais, recolhendo os pratos, talheres e copos e colocando-os na pia. E, para adiar ainda mais, comecei a lavá-los.
A televisão, na sala, foi ligada. Os canais estavam sendo zapeados tão rapidamente que eu não conseguia nem reconhecer os programas que estavam passando antes que o canal mudasse mais uma vez. Era a clara demonstração de impaciência deles.
Mesmo assim, com calma e organizando meus pensamentos, terminei de lavar a louça, sequei e guardei tudo com cuidado.
Sem encontrar mais nenhuma desculpa para me manter na cozinha, caminhei para sala.
- Finalmente! – exclamou.
estivera com o controle da TV na mão, desligou a mesma e abandonou-o sobre o sofá, o olhar tão fixo em mim que levou cor às minhas bochechas.
estava, claramente, jogando um joguinho no celular, mas levantou o olhar para mim e a música de derrota tocou. Ele fez careta, bloqueou o celular e voltou a enfiá-lo no bolso.
estava com a cabeça baixa, mexendo os dedos freneticamente e no mesmo estado ficou.
- Er... Então... – Eu comecei, completamente sem jeito. – Sei que essa semana foi toda cheia de emoções que eu tive que provocar em vocês. E vocês progrediram: Estão aqui há meia hora e ninguém tentou matar ninguém. – arrastou uma risada nasalada e levantou o olhar. – E eu tenho que dizer: Obrigada. Obrigada por estarem realmente tentando fazer isso, depois de tanto tempo, só porque eu pedi a vocês.
Eu sorri-lhes e eles me encararam, também sorrindo por estarem agradando. Eu sabia que não estava sendo fácil para nenhum deles, eu percebia.
estava sempre mandando mensagens de texto, provavelmente para Verna, para saber como a filha deles estava. Em algum momento, eu tive a oportunidade de mexer em seu celular e vi que tinham consultas médicas na agenda dele. Consultas para a bebê. Não tive coragem de lhe perguntar o que ela tinha, mas sabia que ela não estava exatamente bem.
tinha Annie em coma. Seu celular apitava, ao menos, três vezes por dia. Ele o olhava com a mesma cara de desanimo e voltava a guarda-lo e era óbvio que ela não melhorara. As vezes, ele apenas se encolhia e olhava pela janela mais próxima e eu sabia que ele desejava estar com ela. Suas brincadeiras eram apenas uma maneira mais simples de deixar o mundo mais alegre, quando o dele estava sempre tão vazio e sem esperança.
era, obviamente, o mais contrariado de estar ali. Não por ter alguém esperando-o lá fora, mas, justamente, por não ter ninguém. Estar ali o levava de volta às memórias que ele estivera tentando evitar por tanto tempo: e havia se esforçado para isso. Estar ali, compartilhar experiências com seus amigos e saber que a vida de nenhum deles estava um mar de rosas, o fazia acreditar que era verdade: Que fora um acidente. Que ninguém tinha culpa. Que ele tinha que aceitar que Ella se fora e que a vida continuava. E isso era difícil; estava, na maior parte do tempo, rabugento e de cara fechada, mas, mesmo assim, ele estava se esforçando em aceitar.
, apesar de estar comigo e emanar felicidade, também tinha seus problemas. Eu fingia que não percebia para deixa-lo mais confortável sobre tudo, mas eu o vigiava tão de perto que era impossível não notar que ele se trancava ao menos três vezes por dia no banheiro. E eu o seguira vezes o suficiente para saber que ele andara chorando e tendo crises de culpa por lá. A projeção da culpa estava tão entranhada nele que, até mesmo a menor das discussões entre os quatro – ou até mesmo um calado - o fazia se retirar e se esconder. E tudo que eu queria era abraça-lo e prometer que tudo ia ficar bem.
- E eu sei que eu tenho pedido muito. – Eu lhes disse. – Sei que cada um de vocês tem seus problemas e que estão se esforçando muito para se entender. E vocês estão conseguindo. – Mordi meu lábio e abaixei a cabeça, incapaz de olhá-los dos olhos. Se eu encarasse qualquer um dos quatro, eu iria explodir em lágrimas e isso não iria ajudar em nada. – E eu queria pedir mais uma coisa a vocês. Um convite, na verdade.
Levantei os olhos apenas por um segundo e foi o suficiente para perceber que a tensão se espalhara pela sala. fechara as mãos em um punho, estava encarando o nada, tão desconfortável quanto eu. estava apertando as mãos em suas coxas de tal forma que os nós dos dedos estavam tão brancos quanto papéis e se encolhera ligeiramente, perdendo toda a confiança que ele emanava quando eu estava por perto.
Suspirei fundo e continuei:
- Pretendo voltar à Londres essa tarde e tenho certeza que vocês vão gostar de retornar comigo e resolver os problemas que criei, ausentando-os por essa semana. – Mordi meu lábio. – Mas amanhã haverá uma festa no jornal onde eu trabalho e eu gostaria que vocês fossem comigo... E se apresentassem. Mesmo que só mais uma vez.
O silêncio se instalou e eu levantei os olhos, marejados, para encontra-los em choque. Todo o meu discurso ensaiado terminava aí, mas eu senti que eu precisava falar mais um pouco.
- O mundo precisa saber que vocês ainda estão tentando ser amigos. – E, pateticamente, minha voz se perdeu em um soluço.
olhou automaticamente para . Ele me encarava, mas sorriu levemente e balançou a cabeça afirmativamente. o fez em seguida.
olhou para o celular e para mim. Eu sorri, sabendo que ele estava vendo, em algo que eu havia dito, algo que Verna deveria dizer para ele. Ele sorriu, correspondendo, e concordou.
Suspirei, ligeiramente aliviada e encarei . Ele continuava com as mãos fechadas em punho e de cabeça baixa. Quando sentiu meu olhar, ele levantou o rosto e eu dei três passos para trás, sentindo sua raiva em seu olhar.
- Não. – Ele disse. – Eu nunca mais vou tocar com eles. – Sua voz raivosa beirava a insanidade e, antes que eu percebesse, estava ao meu lado, segurando meu pulso e puxando-me, ligeiramente, para trás dele. – EU PROMETI A ELLA!
Ele cravou as unhas na poltrona onde estava sentado, tremendo ligeiramente. Atrás de , percebi quando apontou para , que escondeu o rosto entre as mãos, tentando evitar a crise que provavelmente vinha a seguir.
- Eu não devia estar nem na mesma sala que ele – continuou. – Estou aqui só porque você pediu, . Só por isso. MAS EU ODEIO TODOS VOCÊS!
se levantou e colocou uma mão no ombro de . agarrou sua mão e empurrou-o com força.
- , seja sensato. – Ele pediu.
- SENSATO? – riu. Uma risada louca que me fez tremer. – TUDO ISSO É INSANO. EU TER QUE FICAR AQUI E DIVIDIR UMA CASA COM OS TRÊS IDIOTAS QUE ME TIRARAM A ELLA!
Antes que eu percebesse, eu estava chorando copiosamente, vendo tudo sair do lugar onde eu tinha tido todo o trabalho de tentar colocar. tentou levantar-se para atacar e e colocaram-no de volta na poltrona enquanto continuava com o rosto escondido e tremendo.
E eu assisti a tudo aquilo, parada no mesmo lugar onde havia terminado meu discurso, chorando desesperadamente. E, então, antes que eu percebesse, o caos havia se instalado. A culpa voltou a ser discutida. começou a chorar. Almofadas voaram em um ataque de para tentar espancar .
E então eu explodi.
Durante três anos, eu estive presa em uma bolha de pesar e luto pelas duas pessoas que eu havia perdido aquela noite. Eu tinha frequentado psicólogos, tomado remédios para depressão, para dormir, para continuar fazendo as coisas que eu precisava fazer...
Aquela tinha sido a minha chance de voltar a ver as coisas com a mesma alegria que eu tinha antes e eles estavam destruindo tudo porque não podiam se dar bem.
Em meu ataque de raiva e decepção, puxei meus cabelos, que se embolaram mais ainda devido ao elástico que os prendia, chutei uma almofada que havia parado perto de mim e subi em cima da mesa de centro da sala.
- PAREM COM ISSO SEUS IDIOTAS! – Berrei.
Eu tinha certeza que eles nunca tinham me visto assim. Desesperada, chorando, em cima de uma mesa e com os cabelos em pé. Ah, e pra completar, eu estava gritando e xingando-os. Certamente, eu merecia um pouco de atenção.
- Vocês são egoístas, mesquinhos e completamente obtusos! – Eu ralhei, vendo que tinha a atenção deles. – Vocês ficam tentando desdobrar a culpa de um acidente. A-CI-DEN-TE. Vocês já olharam o que isso significa no dicionário? É A PORRA DE UM ACASO ONDE NINGUÉM TEM CULPA DE MERDA NENHUMA! – Eu berrei, vendo-os arregalar os olhos pra mim. – Mas se vocês querem sentir culpa, acho que tem algumas coisas que vocês não sabem e que deveriam saber.
“Enquanto vocês estavam discutindo e fugindo cada um para um canto do mundo, o anúncio do fim da banda resultou em sete suicídios. Sete garotas, com todos os seus problemas, desistiram da vida porque não teriam mais a ajuda de vocês. Sete vidas.”
“Além delas, eu poderia tentar contar todas as outras que se mataram logo depois disso, por outros motivos, mas que se agravaram por não terem mais o apoio de vocês. Eu poderia tentar contar todas que começaram a beber, se drogar, tomar antidepressivos... Eu poderia postar no meu blog agora mesmo e pedir relatos sobre isso porque estão todas desesperadas para ouvirem que vocês vão voltar e eu vou ter que falar pra elas que vocês são estúpidos demais para fazer isso.”
“E sabe o que mais?” Eu ri, entre as lágrimas. “Eu quase fui a oitava. Porque enquanto vocês estavam ocupados demais discutindo de quem era a culpa sobre o acidente, eu estava sozinha em casa, esperando para contar para que eu achava que estava grávida. E, bom, a ligação que eu recebi foi sobre a minha melhor amiga estar morta e as outras duas em caso grave. Eu perdi meu bebê aquela noite. Perdi minhas melhores amigas. Perdi vocês.”
“E eu nunca. Nunca. Nunca apontei um dedo na cara de nenhum de vocês e os culpei por nada. Nem por não estarem do meu lado quando eu precisei. Nem por estarem na van. Nem por pararem de tocar as músicas que me faziam continuar”
Minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto quase como cachoeiras e eu já tinha desistido de secá-las. Eles me encaravam em choque, sem alguma reação.
“E isso tudo aconteceu porque vocês foram covardes. Porque vocês resolveram acusar uns aos outros ao invés de assumir que vocês, todos vocês tiveram culpa nisso, embora a culpa, de todo, fosse do acaso. E eu achei que coloca-los aqui ia mudar alguma coisa: Que talvez vocês não fossem mais tão covardes, que vocês pudessem tentar consertar todo o dano que a falta de vocês causou nas nossas vidas, mas nada mudou.”
Desci da mesa, decidida e corri até a porta.
“Eu obviamente perdi meu tempo.” Abri a porta com minhas mãos trêmulas. “Vocês podem ir embora.”
E ao perceber que nada mais ia ser dito, eu trotei com toda minha dignidade de volta para o meu quarto.
Capítulo Quinze
Algo bom
Eu estava aos prantos, jogando todas as minhas roupas espalhadas pelo quarto dentro da minha mala gigante quando me alcançou. Demorou quase meia hora, tempo que ele deveria ter gastado tentando controlar a crise que eu provavelmente provocara nele.
- Ei. – Ele chamou-me, da porta do quarto.
Nem ao menos levantei o olhar para ele. Estava irritada, decepcionada e gastando minhas energias socando roupas dentro da mala.
- Ei. – Respondi mesmo assim.
Ouvi seus passos se aproximando e, com raiva, soquei a roupa com mais força na mala. Simplesmente não cabia mais. Nada mais funcionava.
Levei minha mão ao rosto, explodindo em lágrimas furiosas e soluços. puxou-me para um abraço e eu apertei-me contra ele, socando seu peito, frustrada com tudo. Ele passou a acariciar meu cabelo e beijar minha cabeça até que pareceu satisfeito com o fato que eu parara de tentar soca-lo.
- Você sabe que, por mim, eu já estava lá naquele palco, não sabe? – Ele murmurou. Sua voz estava rouca porque ele também andara chorando. – e também querem, mas o ...
Soltei-me dele rapidamente, me fazendo de forte.
- Tudo bem. – Eu disse.
riu e sentou-se na cama, assistindo enquanto eu tentava fechar o zíper da mala, sem sucesso. Sorrindo, empurrou um pedaço de uma calça jeans que estava para fora da mala e a fechou sem nenhum problema. Sem encontrar mais trabalho braçal para fazer, eu me virei de costas para .
Ele segurou-me pelo braço e puxou-me para sentar em seu colo.
- Ei, favorita. – Ele murmurou. – Eu sinto muito.
Frágil, à beira do precipício da minha mente depredada, eu apoiei a testa em seu ombro e me deixei chorar por mais alguns momentos, enquanto me acalentava. E, então, eu chorei. Chorei por Ella, pelo meu bebê, pelas minhas amigas, pelo fim do McFLY e por todas aquelas adoráveis garotas que se perderam sem o nosso amado escape. Chorei como deveria ter chorado, anos atrás, mas não conseguia porque estava perdida. Chorei pelos momentos em que eu encarei o nada, impassível de sentimentos, perdida na minha própria cabeça. Chorei por mim e por . Chorei nos braços da única pessoa que eu desejava ter ao meu lado. Daquele que eu amava.
- Eu... Eu sinto muito pelas coisas que eu disse. – Eu sussurrei, ainda aos prantos. – Eu fui malvada, mas eu... Vocês me deixaram louca.
riu, passando a mão pelas minhas bochechas, uma de cada vez, ternamente. Acariciou meu rosto e me beijou doce e lentamente.
- Está tudo bem. – Ele murmurou com a voz rouca. – Você tinha todo o direito e toda razão. Nós não sabíamos nem a metade daquilo.
Concordei com a cabeça. Fletch havia me dito que nunca dissera nada sobre os suicídios para eles. Achou que eles já estavam culpando uns aos outros demais, por uma morte, e não queria saber o que eles fariam com mais sete. Balancei a cabeça em negativa.
- Eu sinto muito mesmo. – Eu disse.
apenas sorriu, triste. Nós nos mantivemos abraçados por mais um tempo, apenas curtindo um ao outro e curando nossas feridas. se cansou primeiro, sando um tapinha na mala.
- E, então... Londres, huh? – Questionou. Sorri ao seu tom de voz descolado. – Quer carona?
Concordei com a cabeça. sorriu, deu um tapinha em minhas coxas e foi preparar sua própria mala. Algum tempo depois, nos arriscamos a descer as escadas, ele carregando as duas malas e eu carregando uma bolsa com coisas que eu achei úteis para a viagem: Balas, revista, Cds...
Não havia mais ninguém em lugar algum.
- Preciso pegar meu computador. – Eu lhe disse.
concordou com a cabeça, colocando as malas no chão, ao pé da escada, e esticando as costas.
- Vou colocando as coisas no carro. – Ele disse, cerrando os olhos. – Não demore.
Sorri, sabendo que ele tinha certeza que eu não ia apenas pegar meu computador.
Sentei-me a mesa da cozinha e pensei em escrever sobre tudo que aconteceu, mas não consegui. Com o coração apertado, eu sabia que eu tinha que ao menos dar-lhes notícias.
“Não deu certo. Desculpem” Foi tudo o que eu consegui escrever.
Fechei o computador, peguei alguns biscoitos que haviam restado e segui até o carro.
*-*-*
- É incrível como nada mudou. – disse, assim que entrou no meu apartamento, olhando tudo ao redor.
Ele abandonou minha mala logo na entrada, pegando meu globo de neve de Londres na cômoda e sacudindo-o, admirado.
- Parece que foi ontem que eu estive aqui da última vez. – Ele disse.
Sorri-lhe e apoiei minhas costas no sofá, admirando-o, animado, enquanto percorria os olhos por todo o cômodo, procurando qualquer coisa que lhe parecesse estranha e nova.
- Gostaria que fosse. – Sussurrei.
parou à meio caminho do case para o meu celular, em formato de sapato de Cinderella, o qual ele havia me presenteado anos atrás. findou o espaço entre nós, apertando-me em um abraço e me esmagando contra as costas do sofá.
- Nós podemos fingir que foi... – Ele sussurrou. – Eu ia gostar disso.
Acariciei seu rosto levemente, com um sorriso apaixonado nos lábios. continuou me encarando até que eu levasse minhas mãos para sua nuca, encostando nossos narizes.
- Eu ia gostar disso. – Sussurrei, antes colar meus lábios nos dele.
deixou-me guiar o beijo por um tempo e eu o fiz, calmo, doce e apaixonado, mas ele tinha suas necessidades; eu o deixara na mão da última vez, e não demorou para que ele tomasse as rédeas da situação, apertando minha cintura e deixando o beijo cada vez mais voraz.
Encerrei o beijo atrás de um pouco mais de ar e esfregou seu nariz no meu, docemente.
- Minhas costas estão velhas demais pra sua cama... – Ele sussurrou e eu tive que rir. – Mas eu estou morrendo pra ter você aqui de novo...
Meu coração disparou, deixando minhas pernas bambas enquanto ele voltava a me beijar, só por um momento, descendo o beijo até meu pescoço. Era incrível que eu pudesse sentir tudo o que ele me provocava de novo.
Empurrei-o levemente, um sorriso esperto no rosto, enquanto ele me encarava, meio perdido.
- Tenho uma surpresa pra você. – Eu lhe disse.
cerrou os olhos e eu dei-lhe as costas, caminhando para o meu quarto. Meio embasbacado, ele me seguiu. Quando cheguei à porta, virei-me para ele e chamei-o com o dedo, vendo-o fechar os olhos e respirar fundo.
Entrei correndo no quarto e joguei-me sobre a cama, já rindo. apareceu logo em seguida e eu vi em seus olhos que ele ficou surpreso.
- Eu não acredito! – Ele exclamou. Caminhou até mim, com uma pressa insuperável. – Uma king size era tudo o que eu queria nesse momento!
Eu gargalhei, vendo-o deitar ao meu lado. Sorri-lhe e ele se aproximou, encostando os lábios nos meus, em um beijo terno e delicioso. Um beijo cheio de significados, de saudades, de sentimentos. Um beijo que dizia, claramente, o quanto ele me amava e me desejava; aquele tipo de beijo que enchia o coração e nos dava vontade de chorar por tudo estar tão perfeito.
Logo, senti sua mão passeando por minha barriga, levantando a blusa levemente para tocar-me a pele. Carinhosamente, ele acariciou toda a extensão à mostra, apertando minha cintura com desejo e, finalmente, levando a mão para meus seios, apalpando-os levemente.
Minha respiração já estava falha e encerrou o beijo, com a intenção de me fazer recuperar um pouco do fôlego, mas seu olhar ardente apenas me deixou mais sem ar ainda. Ele sorriu, docemente, a mão deslizando até a linha do decote da blusa e puxando-a para baixo.
Não demorou muito para que seus lábios encontrarem-se com meu seio descoberto, enquanto o outro era explorado por uma de suas mãos. Contorci-me, vendo-o encaixar o joelho entre minhas pernas, subindo levemente a saia que eu estava usando.
estava tendo seu devido cuidado com meus seios, beijando-os, sugando-os e acariciando-os de forma tão intensa que pequenos gemidos descontrolados saiam de meus lábios sem minha autorização. E ele sabia o que estava fazendo porque, quando sua boca não estava ocupada, seus lábios mantinham um sorriso extremamente convencido.
Cravei minhas mãos em seus cabelos, descontrolada, puxando-os até que o fizesse soltar meus seios e puxei-o para encontrar meus lábios em um beijo cheio de desejo desesperado. , gostando de me torturar, ficou, por alguns momentos, encostando e desencostando a língua da minha, deixando-me ainda mais louca do que eu já estava.
Só para completar toda a minha insanidade, sua mão deslizou pelo meu corpo, indo se encontrar com a minha calcinha, acariciando minha sexualidade por cima do tecido fino. Ele deixou-se me beijar enquanto fazia movimentos circulares, me deixando cada vez mais excitada. Gemi, entre seus beijos, o fazendo sorrir.
Cravei minha unha em suas costas, por cima da blusa, arqueando meu corpo por causa de suas carícias. Satisfeito com o resultado provocado, deslizou os beijos pelo meu queixo e pescoço, até encontrar, novamente, com meus seios, voltando a beijá-los sofregamente.
Insatisfeito com o espaço de pele livre da blusa, puxou o decote da mesma para baixo, beijando toda a área recém-descoberta, deixando-me arrepiada e com os bicos dos seios rígidos. Ele, reparando na rigidez e adorando, beliscou lentamente, um de cada vez e, então, mordiscou-os levemente, me fazendo suspirar, desejando mais.
Sorrindo, ele voltou aos meus lábios, beijando-me por só mais um momento, deslizando sua mão pela minha barriga, antes de fazê-lo com os lábios. Beijou-me toda, enquanto eu contraía a barriga de excitação, parando com a língua lambendo lentamente abaixo do umbigo.
Ele voltou aos meus lábios, a mão alcançando minha vagina e acariciando-a deliciosamente, fazendo com que eu gemesse entre seus beijos.
Inesperadamente, ele se sentou, puxando-me para que ele se encaixasse ente minhas pernas, eu sentada em seu colo e puxou minha blusa pela cabeça, jogando-a de qualquer jeito em algum canto do quarto.
Perdida e descontrolada, enquanto ele sugava meus lábios, comecei a me esfregar contra sua ereção, deixando-o insano. segurou-me pela cintura, incentivando meus movimentos enquanto demorava-se, mais um pouco, mimando meus seios com seus beijos deliciosos.
gemeu, maravilhosamente, e isso foi o motivo pelo qual ele me empurrou levemente de volta à cama, deitando-me enquanto beijava-me os lábios, só para poder percorrer meu corpo com sua língua com mais facilidade. Com calma e dando sua devida atenção para cada parte de meu corpo, chegou ao seu intento.
Gemi bem alto quando empurrou minha calcinha para o lado e deslizou sua língua pelos meus grandes lábios, mordendo-os levemente e puxando-os para si. Mordi meus lábios, puxando seus cabelos enquanto ele passava a língua por toda a extensão de meu sexo, pressionando seu rosto contra mim e, por vezes, penetrando-me com a língua, só para me fazer quase sentar de desespero por tê-lo.
Não demorou muito e eu senti um de seus dedos posicionando à minha entrada, seu olhar atento em mim. Minha boca era um perfeito “O” sem reação e, quando penetrada, joguei-me para trás, gemendo. Senti os lábios de beijando e lambendo minha vagina enquanto ele penetrava-me com seu dedo.
Eu já mal conseguia respirar direito... Um dedo virou dois dedos e, logo, três se movimentavam, entrando e saindo de mim. Senti os lábios de nos meus, mas minha concentração para aquele beijo estava anulada: Eu mal sabia as coisas que estava dizendo entre dentes.
Em algum momento, percebeu o quão descontrolada eu estava e retirou seus dedos de dentro de mim. Meu suspirou foi instantâneo e seus lábios voltaram-se aos meus, mais desesperados que antes e eu os capturei, passando meus braços pelo seu pescoço e correspondendo ao seu beijo vorazmente.
Eu precisava lhe devolver todo o prazer que ele estava me proporcionando. Eu precisava sentir seu corpo com minha boca, da mesma maneira que ele fizera comigo. Eu o desejava, além de tudo e todas as coisas.
Empurrei-o até que ele entendeu que eu queria que ele sentasse. Por sua da calça, localizei sua ereção, acariciando-a e apertando-a, enquanto tentava abrir sua calça, sem muito sucesso. Com um sorriso leve e delicioso no rosto, afastou minhas mãos trêmulas e abriu a sua calça, empurrando-a para longe enquanto eu, aproveitando a deixa, tirei sua blusa rapidamente.
Empurrei sua cueca para baixo, a qual logo deu sumiço, e comecei a masturba-lo rapidamente. Senti-o segurar a respiração, todos os seus músculos tensos e levei meus lábios aos dele, beijando-o com vontade.
Ainda masturbando-o, levei meus lábios para seu pescoço, beijando-o enquanto ele gemia e jogava a cabeça para trás. Fascinada, desci meus lábios pelo seu peito nu, deixando pequenos beijinhos, horas mordidinhas, em todo o seu abdômen e barriga, sentindo toda a sua tensão.
Com meu rosto na altura de seu membro extremamente rígido, encarei-o, de olhos fechados, deliciado com todo o carinho que recebia. Sorri levemente, antes de abocanhá-lo com todo o desejo que eu sentia.
Pus-me a movimentar, engolindo seu membro quase que por completo, ouvindo-o gemer de uma forma enlouquecedora. Comecei a deslizar minhas mãos por suas bolas, apertando-as e isso o fez levar uma de suas mãos à minha nuca, apertando meus cabelos e fazendo com que eu cedesse à sua pressão de guiar meus movimentos por mais algum tempo.
Quando ele soltou meus cabelos, eu sabia que ele não poderia aguentar muito mais e sabia que ele tinha outros planos para aquela noite: o que não incluía acabar com a festa tão cedo assim, então o soltei. Novamente, senti sua mão em minha nuca, puxando-me para um beijo tão delicioso que quase acabou com a minha festa ali.
Extremamente agradecida, voltei a masturba-lo com uma de minhas mãos, enquanto a outra mantinha as unhas cravadas em seu ombro, os lábios presos aos dele, nossas línguas esfregando-se deliciosamente em um beijo louco, tão cheio de desejo e prazer que eu mal poderia descrevê-lo.
Senti-o controlando a respiração antes que ele puxasse minha mão de sua ereção, entrelaçando-a. Com um sorriso e um beijo de canto de lábio, ele me guiou de volta para cama, tirando minha calcinha e deitando-me de lado, para se deitar atrás de mim.
Eu já estava mole e de olhos fechados quando senti-o passar os braços ao meu redor, apertando-me em um abraço forte, posicionando seu pênis entre minhas pernas.
roçou sua excitação em vagina, fazendo com que eu apertasse minhas unhas em seus braços que me envolviam, gemendo tão alto e tão implorativo que ele acabou cedendo aos meus apelos desesperados e me penetrando antes do que pretendia.
Lentamente, começou a se mover contra mim de forma doce, apertando-me com força contra seu corpo, sussurrando coisas deliciosas em meu ouvido.
Logo, suas estocadas acabaram se tornando cada vez mais fortes, rápidas e urgentes, nossas respirações quebradas em gemidos desesperados por mais, nossos rostos tortos em desespero para que nossas línguas se encontrassem, mas, em nenhum momento, seus braços se moveram do meu entorno. me manteve firme contra ele, quase como se eu pudesse fugir ou evaporar em qualquer momento.
Seus lábios se perderam em meu pescoço, enquanto ele tirava-se por inteiro de dentro de mim e voltava a me penetrar, seguidamente. Meus gritos eram completamente desesperados. Eu implorava, a cada penetração, por mais e mais. E correspondia, tão entorpecido quanto eu.
Senti seus lábios em minha orelha, seus dentes apertando meu lóbulo e puxando-o deliciosamente.
- Você nunca mais vai sair de perto de mim. – Ele sussurrou. Tão deliciosamente íntimo e sentimental de uma forma que eu não achei que ele pudesse ser naquelas circunstancias. – Nunca mais. Nem mesmo por um instante. Você é minha, favorita, e eu não dividir você com nada nem ninguém.
Eu estava concentrada em absorver suas palavras e não explodir em prazer com suas penetrações, mas, no momento em que ele me puxou para um beijo, logo após sua declaração, meu prazer veio e meu corpo inteiro relaxou, completamente esgotada. Ao perceber que eu havia tido meu ápice, logo se apressou em seus movimentos e chegou ao seu próprio, alguns momentos depois.
Tudo isso sem nem me soltar.
Mole como estava, demorei a regularizar minha respiração, sentindo o abraço de afrouxar a cada segundo. Quando ele relaxou o suficiente para que eu me movesse e voltasse-me para ele, ele já estava em um sono profundo.
De todas as coisas que eu não consegui consertar, ao menos Brighton me dera de presente. E isso já valia mais que a pena.
Levei meus lábios em sua testa, os olhos marejados por todo o sentimento que eu nutria por ele.
- Amo você, – Eu sussurrei. – Mais do que tudo.
Posfácio
BIIIIIIIIIIII! BIIIII BIIIIIIII!
revirou os olhos ao chegar ao saguão de entrada de seu prédio. Assim que a viu descer do elevador, estacionado na calçada em frente a entrada, ele começou a tocar a buzina, completamente impaciente.
- Senhor está apressado hoje, Srta . – O porteiro riu para mim.
Sorri para ele, entregando a chave do meu apartamento como eu sempre fazia quando passava as noites fora. Ele tinha instruções: Se o prédio pegar fogo, você, por favor, entre lá e salve meu computador!
- Ele tem que ter uma lição ou duas sobre como esperar. – Eu lhe disse. – Boa noite, Sr. Chavez.
Ele balançou a cabeça, mas antes que eu alcançasse a saída, ele chamou-me.
- Srta... – Parei e olhei para ele. – É bom ver você e o Sr. juntos de novo. – Sorri agradecida, meus olhos marejando. – E... Ahn... Boa festa!
Concordei com a cabeça, tomando cuidado para não deixar minhas lágrimas borrarem e estragar toda a maquiagem que eu fizera para aquela festa, e caminhei até o carro de , a porta do carona já aberta para mim.
- OI! – Ele cumprimentou-me animado, dando-me um beijo.
- Oi – Respondi-lhe, meio tonta, assim que nossos lábios se afastaram. , cuidadoso, deslizou meu cinto até coloca-lo em minha mão. Respirei fundo, encaixando-o e prendendo-o sobre seu olhar.
Isso fora apenas porque ele passara o dia fora. estava atrás de imobiliárias para vender o seu apartamento. Embora o dele fosse maior que o meu, ele achava que, talvez, ele pudesse me convencer a vender o meu – enquanto ele vendia o dele – e, com o dinheiro, comprarmos um terceiro com um quarto extra para os bebês que ele estava convencido que nós podíamos ter. Inclusive, a consulta já havia sido marcada para a semana seguinte.
A animação dele era tanta que me envolvia.
- Então... Conseguiu alguma coisa? – Perguntei-lhe, enquanto ele ligava o carro.
franziu as sobrancelhas, saindo da vaga improvisada que ele arrumava e seguindo o curso para o sítio, onde a festa estava sendo organizada.
- Ah, sobre o apartamento? – Ele perguntou, quase como se houvesse esquecido. – Desculpe. Seu decote me desconcentrou. – Ele murmurou, ao ver minha curiosidade estampada em meu rosto. Revirei os olhos. – Então... Ainda não. Eles querem ir cotar o apartamento. Até isso acontecer, nada.
Concordei com a cabeça e rapidamente ligou o rádio, encerrando a conversa porque ele estava cantarolando canções antigas que nós dois adorávamos.
*-*-*
Eu tinha esquecido o quanto eu odiava festas de empresa. Eram sempre cheias de não-me-toque. As pessoas queriam se divertir, mas seus chefes estavam por ali. Uma ou outra se soltavam, as vezes levando um pouco de animação para o lugar, mas logo se findava.
Era hipocrisia.
Por sorte, estava por perto. Sorri, admirando-o de longe, no bar, pegando bebidas para nós dois. Era engraçado como isso me preenchia por dentro.
- . – A voz me tirou do estado aéreo no qual eu me encontrava. Levantei meu olhar para encontrar minha chefe me analisando. – Parece melhor. Conseguiu a matéria?
Concordei com a cabeça, levemente, sorrindo.
- Acredito que sim. – Murmurei. se aproximou, entregando-me a bebida e passando o braço pela minha cintura. Com um sorriso, olhei-o e continuei. – Não tenho certeza se é uma matéria feliz, mas, sim, eu a tenho.
A Sra Rotemberg cerrou os olhos para mim e .
- Certo. Pela companhia, deve ser uma matéria ao menos interessante. – Isso significava que ela tinha minha aprovação para ser emotiva. – Quarta na minha mesa. – E isso significava que ela queria que eu fosse extremamente descritiva.
Assim que a Sra. Rotemberg se afastou, encarou-me, curioso.
- Sou sua matéria? – Ele perguntou, rindo.
Meu sorriso se alargou e eu fechei os olhos, em meio à uma risada.
- Uma matéria interessante - Eu frisei.
riu, puxando-me para um beijo doce.
- Que bom... – Sussurrou, o nariz encostado ao meu. – Mas a matéria interessante tem que ir ao banheiro. Me espera?
Concordei com a cabeça e ele encostou os lábios nos meus, antes de me soltar e sair em direção oposta ao do banheiro masculino.
Franzi a testa e olhei ao redor, apenas para checar a placa dos sanitários, realmente do outro lado do campado.
Minha atenção se perdeu quando eu vi Giuliana e Lan passando por mim como uma bala. Luma estava passando quando eu agarrei à pelo braço.
Era impossível todas elas trabalharem ali.
- O que está acontecendo? – Perguntei-a, desesperadamente.
Ela sorriu, não parecendo estranhar o aperto desesperado que eu provocava em seu braço.
- Show do McFLY! – Ela exclamou.
O choque com a informação me fez soltar seu braço e, antes que eu percebesse, ela correu junto à uma massa de garotas desesperadas que pareceram brotar do nada. Meus olhos, tontos pela informação, se posicionaram no palco, agora com movimentação.
E lá estavam eles. Os quatro.
As lágrimas rolaram pelo meu rosto antes que eu pudesse contê-las e meus pés me guiaram para mais perto. O mais perto que eu conseguisse.
- Oi. – Foi quem falou. Ele parecia sem jeito no palco, mas não parecia descolado de forma alguma. Nem contrariado. – Antes de mais nada, eu queria agradecer a pessoa que abriu nossos olhos e nos juntou. Sem ela, a gente não estaria aqui.
Ele me encarou, seus olhos maravilhosos cheios de sentimentos indescritíveis, provocando mais lágrimas em mim.
- E embora nós estejamos enferrujados, o que nos permite tocar só uma música, nós queríamos dedicar ela à algumas pessoas. – Ele continuou. – à Ella, Verna, Annie, Samantha, Kristen, Chan, Lorenna, Cíntia, Danielle e Marcela. Essa música é, de todo nosso coração, para vocês.
Os acordes de Down Goes Another One fizeram minhas pernas tremerem e eu tive que apoiar na garota ao meu lado para continuar de pé. Todas as meninas que eu vira passar correndo debulharam-se em lágrimas ao ouvirem o nome das meninas que se suicidaram com o fim da banda. E mais lágrimas se perderam com a música escolhida, uma das mais emotivas e mais significativas para aquele momento.
Não havia uma alma sem estar com o nariz inchado, a respiração ofegante de tentar chorar e cantar com todas as suas forças quando a música acabou.
Eles estavam chorando tanto quanto nós.
- Eu queria fazer uma pergunta para vocês... – disse, a voz meio falhada pela canção e pela suas lágrimas. – Vocês querem que esse seja a última apresentação do McFLY? – Um coro de “Não”, “Por favor, não” e “Que bosta de pergunta é essa? Claro que não” foi se ouvido. riu e olhou para os outros três, que concordaram com a cabeça. – Bom... Então não vai ser.
Com um sorriso esperto no rosto, procurou-me com os olhos e me deu uma leve piscadela cúmplice.
Espero que tenham gostado ^^ Sofri muito meu coração Galaxy Defender escrevendo isso hahahahaha