já leram.


Foolish


Eu fiz a maior merda da minha vida. Tolo. Tolo. Uma burrada atrás da outra porque só eu posso fazer isso.
Idiota. Tolo. Tolo.
Eu estava bem. Nós estávamos bem. Felizes. Mas, como sempre, eu tenho que estragar tudo.
Era um dia normal, eu acho. Estava realmente muito bem e eu estava conversando com meus amigos na sala enquanto estava preparando algo para comermos. E aí começou aquele papo idiota que caras costumam ter quando garotas não estão por perto. Em suma, falamos de garotas.
Eu estava distraido, batendo minhas mãos nas pernas e pensando que eu realmente deveria ir até a cozinha e ajudá-la. Ou atrapalhá-la. Entendam como quiserem. Mas eles não estavam nem aí. Eles perceberam que eu estava avoado e começaram a me zoar, dizendo que eu não prestava mais pra ir às boates com eles.
'Tá fisgado, esse idiota!' Um deles gargalhou.
Eu fechei a cara, eu sempre quis me provar o melhor. Esse sempre foi um dos meus piores defeitos.
'Eu não to fisgado, ela que é grudenta!' Resmunguei, sem pensar. E pra piorar a situação, continuei. 'Ela está me sufocando, eu tô precisando de espaço'.
E, justamente nesse momento, entrou na sala com os olhos fixados em mim, quase brilhando de lágrimas que ela se segurava pra não deixar correr.
'' Eu murmurei.
Ela balançou a cabeça, negando, uma lágrima escapulindo e voando para longe dela.
'Você só precisava ter me falado' Ela disse.
E levantando o nariz pro ar, ela virou-se e subiu as escadas. Para o quarto, eu conclui. Não achava que ela sairia de lá tão cedo.
Percebendo que o clima estava estranho, porque eu não tirava o olhar da escada e estava com a boca entreaberta, meus amigos me deram tapinhas nas costas e se despediram, sem nem fazer a mesma algazarra de sempre.
Então, idiota, eu pensar em como consertar a merda.
Subi as escadas pensando em chamá-la pra jantar ou algo assim, pedir desculpas e dizer o quanto eu era babaca quando eles me provocavam e que, normalmente, as coisas que eu dizia nem eram verdades.
Eu parei a porta, meio chocado com a mala que se encontrava em cima da nossa cama. O que diabos ela estava fazendo andando de um lado para o outro e jogando coisas dentro da mala?
'?' Eu chamei-a, arregalando os olhos. Ela parou e olhou-me, nem ao menos parecendo que havia chorado, tão decidida que ela me assustou 'O que você está fazendo?'
Ela arqueou as sobrancelhas e eu vi que isso parecia óbvio pra ela.
'Te dando espaço, não era o que você queria?' Ela me respondeu, prontamente. 'Eu estava sempre com você porque eu realmente achei que você gostava disso. Você só devia ter me falado.'
Ela sempre via as coisas de um ponto de vista tão prático que sempre me supreendia. Era uma das coisas que eu mais amava nela, mas, agora, isso parecia me fazer querer rasgá-la ao meio.
'Eu não quis dizer aquilo!'
'Você quis' Ela confirmou. 'Só não queria que eu ouvisse'.
Ela recolheu um par de meias dela e jogou dentro da mala, suspirando. Ela fechou-a e parou, frente a mim, com a mão na cintura.
'Escuta, eu vou passar a semana na casa daquela minha amiga da França. Já liguei pra ela e está tudo confirmado. Eu queria mesmo visitá-la e, eu ia em dezembro, mas, bom, arrumei uma desculpa pra ir antes. Isso deve ser suficiente pra você respirar'.
Ela começou a puxar a mala para fora da cama e eu andei até ela, empurrando-a de volta. Segurei seus braços rentes em seu corpo a fiz olhar pra mim.
'Eu realmente não queria dizer aquilo. Me desculpa' Eu disse a ela.
Ela sorriu docemente, mas negou com a cabeça.
'Tudo bem, . Mas eu ainda quero ir a França. E eu vou, você querendo a merda do espaço ou não. Melhor: Agora quem quer espaço sou eu. Então você pode ser um bom namorado e carregar minha mala até o carro ou simplesmente sair da minha frente.'
'Eu não quero que você vá' Eu rosnei pra ela, segurando-a com mais força.
Ela, simplesmente, de alguma maneira, saiu dos meus braços e agarrou a mala.
'E eu vou mesmo assim'.
E ela foi. Teimosa que só ela.
E eu fiquei. Na merda. E eu fiz a maior merda de todas, tolo que eu era.
Eu sai pra beber na quarta noite sem ela. Eu não estava aguentando mais. Ela não me sufocava, eu que sufocava sem ela. E eu bebi demais. E levei uma garota para casa.
Por mais bêbado que eu estivesse, eu não levei a garota para o quarto. Eu fiquei com ela no sofá e eu não sei quantas vezes eu chamei-a por nome de , mas acho que ela estava bêbada também ou apenas não se importou.
E eu só percebi a merda que eu estava fazendo quando ouvi a porta da casa se abrindo e eu encontrei o olhar de se enchendo de lágrimas.
'Era pra isso que você precisava de tempo?' Ela perguntou-me.
E enquanto eu tentava empurrar a garota de cima de mim, ela correu escada acima como sempre. Eu segui-a, vendo-a tropeçar no último degrau e segurar o tornozelo, chorando.
Ignorei minha dor de cabeça e abaixei-me ao seu lado.
'Tudo bem?' Perguntei.
'NÃO ENCOSTA EM MIM, SEU... PORCO!'
Eu cheguei a capotar pra trás, no susto. Ela nunca gritava, aquilo realmente me assustou.
E eu entendi que eu tinha perdido-a.
Pulando, ela se afastou de mim e trancou-se dentro do quarto. E agora lá estava eu do lado de fora da quarto, encostando a testa na porta e ignorando os resmungos da garota da sala.
Ouvi a porta da casa bater e respirei aliviado que ela tivesse ido embora sem eu ter que falar com ela porque eu simplesmente não lembrava seu nome.
- ? - Eu murmurei.
Eu ouvi-a fungar. Eu podia esperar. Ela ficaria com fome alguma hora, certo?
Assustado, ouvi meu telefone tocar e meu coração disparou ao ler '' no visor.
- Amor! - Eu atendi - Por favor, eu... eu sou um tolo! Eu...
O silêncio dela, nenhum grito ou qualquer outra coisa, me assustou. Eu ouvia sua respiração fraca e eu estremeci quando ela disse a única palavra que eu não queria ouvir.
'Adeus'
Sua voz era um pouco acima do sussurro. E, eu entendi o que ela havia feito.
Antes de nos conhecermos, ela havia tentado se matar duas vezes. Seu pai se drogava e sua mãe vivia espancando-a para jogar a frustração nela. Dois meses de namoro e eu aluguei nosso apartamento para livrá-la disso. Mas ela nunca se curou.
- Não - Eu disse, um pouco baixo demais - NÃO! - Eu berrei.
Com um estrondo, eu chutei a porta e a derrubei, sem me importar no rombo que pagar por uma nova faria no meu orçamento. Era a minha e ela estava morrendo. Do canto do quarto, ela me olhou, os olhos vazios.
- Não - Ela murmurou - Me deixa ir. Doi.
Eu agarrei-a contra meu corpo e a segurei firme, levantando-a.
- Eu nunca vou dizer adeus à você - Eu disse, convicto.
Chorando, eu desci as escadas com ela em meus braços. O pote vazio de calmantes na mão dela me fazia ter uma séria noção da quantidade que ela havia tomado. No fundo, eu sabia que não adiantava, mas, mesmo assim, arrumei-a contra o banco traseiro do carro e acelerei em direção ao hospital mais perto.
Eu vi quando ela parou de respirar. Eu soube.
- Eu não vou dizer adeus - Eu repeti.
E com um último suspiro desesperado, eu joguei meu carro à cem por hora contra o primeiro poste que encontrei.
- Estou indo - Sussurrei, antes de desfalecer.








+10 comentários

Bia Fletcherwww
noemail@intensedebate.com
189.41.173.240
Enviado em 30/11/-0001 as 12:00 am
Meu Deus to chorando aqui!! Muiito perfeita a fic amoor !!

Selecionar comentário Giny
noemail@intensedebate.com
189.41.173.240
Enviado em 30/11/-0001 as 12:00 am
" Meu Deus! quase morri quando li ""Estou indo"" o que foi isso mas ? claro ficou bom como todas as ficas da Leka : "

Selecionar comentário Nate
noemail@intensedebate.com
189.41.173.240
Enviado em 30/11/-0001 as 12:00 am
eu chorei muitos litros agora! adorei

Selecionar comentário @_Miillaawww
noemail@intensedebate.com
189.41.173.240
Enviado em 30/11/-0001 as 12:00 am
meu deus t? arrepiada aqui ?? morri com essa short fic

Selecionar comentário Catlin
noemail@intensedebate.com
189.41.173.240
Enviado em 30/11/-0001 as 12:00 am
Caramba! Estou me debulhando em l?grimas… Nossa… Acho que minha express?o ?: ?.? Que profundo isso! Parab?ns!

Selecionar comentário Juliana
noemail@intensedebate.com
189.41.173.240
Enviado em 30/11/-0001 as 12:00 am
Ahcaraeu chorei.Juro.Uma shortfic nunca me fez chorar antesmas p?rabensvoc? conseguiu. Adoreiadorei!

Selecionar comentário anne
noemail@intensedebate.com
189.41.173.240
Enviado em 30/11/-0001 as 12:00 am
ele n?o podia chegar a tempo no hospital? *chorando*

Selecionar comentário Camila
noemail@intensedebate.com
189.41.173.240
Enviado em 30/11/-0001 as 12:00 am
nossa essa foi intensa parab?ns.

Selecionar comentário Rais
noemail@intensedebate.com
189.41.173.240
Enviado em 30/11/-0001 as 12:00 am
fiquei arrepiada juro. e chorei.

Selecionar comentário La Poynter
noemail@intensedebate.com
189.41.173.240
Enviado em 30/11/-0001 as 12:00 am
nossa eu sempre choro nessas fics essa me deixou mal s?rio mesmo t?o curtinha e t?o intensa : amei .