já leram.


Um natal mais que perfeito

00:44 Sydney, Australia 9 de dezembro de 2010
Seis bilhões de pessoas no mundo e eu achei você. Tão claramente minha alma gêmea, tão obviamente feito pra mim. Você entende meus problemas, me ajuda do que eu preciso, faz com que eu me sinta viva e amada como uma mulher deve se sentir.
Ninguém entende como eu consigo me sentir assim. Eu contei à algumas amigas sobre isso e elas só me chamam de maluca. E aí resolvem que eu preciso ir à uma boate. Eu não estou maluca, estou? A gente é mesmo real? Quero dizer, eu sinto isso, parece real, mas é tão... Estranho.
Eu gosto de verdade de você, mas eu tenho tanto medo de estar sozinha nessa. Por que você tem que estar do outro lado do mundo?
Desculpe, eu precisava mandar esse email. A Anne me assustou hoje falando que você está me enganando e me usando e todas essas coisas que eu normalmente não acredito, mas... Hoje eu estou meio... Você sabe.
Beijos.

13:55 Londres, United Kingdom, 8 de dezembro de 2010
Me desculpe. Eu sinto muito por ter nascido na Inglaterra. Eu queria muito ter nascido por aí, estar com você agora, te ajudando a dormir. Sei que você não deve estar conseguindo dormir por causa do que sua amiga disse, não é? Você quer que eu te ligue? Não é como se eu quisesse trabalhar hoje.
E é real, linda. É mais que real, mesmo que só a gente entenda. Eu quero você de presente nesse natal. Eu fiz até minha cartinha pro papai, okay? Depois eu tiro uma foto e te mando. Tinha especificações sobre vestimenta (ou falta dela) e algo sobre a minha cama.
Pensando bem, acho que não vou te mandar não.
Mas... Será que meu presente de natal acontece?

01:00 Sydney, Australia 9 de dezembro de 2010
Eu com falta de roupa na sua cama? Você quer que eu morra de pneumonia? Não sei se posso, amor. A passagem não é barata e eu não estava preparada pra isso.

Assim que ela mandou o email, no susto, apenas para não escrever mais coisas tão idiotas quanto o sorriso que ostentava em seu rosto, seu celular apitou.
Eu tenho um ótimo aquecedor. Ela leu. Riu baixinho, preparando-se para responder quando sua caixa de email apitou, mostrando que um novo email de havia chegado.
Ela suspirou abobalhadamente antes de abri-lo. Nem se lembrava mais do quão insegura estava há minutos atrás.

14:03 Londres, United Kingdom, 8 de dezembro de 2010
Por favor. Já tem um ano que eu mal consigo dormir porque eu fico imaginando como seria se você estivesse do meu lado. Eu quero você de natal.
Por favor, a gente divide isso. Eu pago uma, você a outra. Por favor.

Quinze dias. Como ela iria para a Inglaterra em quinze dias? E como ela iria comprar a passagem para viajar no Natal com os preços absurdos que ela nunca conseguiria pagar?
Seu telefone tocou o toque que ela havia escolhido para . Aquela canção, normalmente, a fazia sorrir idiotamente. Era uma mistura tão perigosa quanto álcool e direção.
‘Hey’ Ela o ouvir dizer com aquele sotaque bonito assim que ela conseguiu atender.
- Olá. – Ela disse. – Você devia trabalhar mais e ir menos ao banheiro pra me ligar.
Ele gargalhou e ela acabou rindo junto. Não tinha como não acompanhá-lo. Não tinha como não amá-lo.
‘Essa pode ser minha meta de ano novo’ Ele disse ‘Mas só se eu ganhar o que eu quero nesse natal.’
Ela suspirou, sentindo o frio percorrer sua espinha, só de imaginar o que a voz dele estava claramente sugerindo. Ela também desejava, mas tinha medo. Ela nunca tinha saído da Austrália e ela estaria fazendo isso pra encontrar um cara.
Ok, não era um cara qualquer. Era .
- Eu não sei... Está muito em cima – Murmurou. – E eu acho que tenho medo de avião.
Ela ouviu a risada incredula dele do outro lado da linha e acabou sorrindo, meio sem querer, como sempre acabava acontecendo quando ele ria.
‘Se eu pudesse ir até você, eu iria’ Ele murmurou, soando encantador. ‘Mas vou precisar trabalhar no dia vinte e quatro e você está de férias! Podia vir me ver e ficar aqui por uns tempos. Eu adoraria te dar casa’.
Ela riu baixinho, meio divertida, meio encantada com a idéia. Sair daquela fase da imaginação e do “se” e do que poderia acontecer quando estivessem juntos.
- Só casa, né? – Ela brincou, tentando parecer descontraida – Comida e roupa lavada é comigo.
Ele bufou, parecendo zanado que ela pudesse pensar uma coisa desse tipo sobre ele.
‘Você vai ser minha convidada, não precisa nem se preocupar com essas coisas’
Ela mordeu o lábio, rindo.
- To brincando, meu amor – Ela falou, por fim – Mas seria bom já ir treinando, huh?
‘Concordo’ Ele soou sério ‘Porque esse será meu presente de natal no próximo ano. Mas eu irei te buscar... Ir na sua formatura e todas essas coisas bregas.’
Ela não gostou muito de ter ouvido a palavra “brega” pra definir sua formatura.
- Minha formatura não será brega.
‘Eu sei. Desculpe’ Ele, trancado em um particular no banheiro de seu trabalho, sentiu o coração pular por ela não ter negado seu discreto pedido para que ela fosse morar junto com ele. ‘Vou comprar sua passagem de vinda, ok? E você vai dormir.’
- ... – Ela estava pronta para retrucar, ele sabia disso.
‘Durma bem’ E desligou.
ficou com raiva por três segundos, o que foi apenas suficiente para chutar o estabilizador e desligar seu computador. Convencida pela preguiça de religá-lo, ela foi deitar, sonhando com um dia especial que parecia que aconteceria em uma quinzena.
E essa quinzena voou, mal deixando tempo para que pudessem se fazer malas como deveriam ser devidamente feitas ou comprar-se presentes que deveriam ser devidamente comprados. Mas, acabou-se sendo feito... E o dia havia chego.
Manhã de natal, o aeroporto de Londres não estava nem um pouco perto do cheio de um dia normal. Poucas pessoas transitavam pelo aeroporto ou aguardavam impacientemente os que estavam para chegar nos poucos aviões que aterrissavam.
Uma dessas pessoas, e podia-se dizer que era a mais impaciente delas, era . Ele havia posto as mãos nos bolsos para que ninguem visse o quanto ele tremia e suava. Encarando os aviões na pista de pouso, ele mal podia acreditar que estava acontecendo: Ele veria !
Em um dos poucos aviões que pousavam naquele aeroporto àquela manhã, justamente o que encarava naquele exato momento, estava , devidamente agasalhada para o frio londrino. Ela achava as luvas as mais úteis; Escondiam suas mãos tremulas assim como o frio cortante disfarçaria as grandes manchas rosadas em suas bochechas. Encarando Londres crescer diante de seus olhos enquanto o avião pousava, ela não podia acreditar que estava acontecendo: Ela veria !
E ela, certamente, não esperava a reação que tivera assim que desembarcara.
Ao avistar , seu coração disparou de uma forma absurda e ainda duplicou a força e a velocidade quando ela pôde ver o sorriso que se abriu no rosto dele, logo refletido em seu próprio.
De qualquer jeito, ela jogou o carrinho com suas malas para um canto e correu em direção à ele, que apenas abriu os braços para recebê-la, os dois alargando cada vez mais seus próprios sorrisos ao ver a distância entre eles diminuir: De quilometros, só haviam poucos centimetros agora.
Ela jogou-se sobre ele com toda a força que podia, tentando ocmpensar todos os meses que queriam poder fazer aquilo, mas a distância não permitia. Ambos afundaram os rostos nos pescoços um do outro, tentando memorizar seus cheiros. Quando finalmente se deram por satisfeitos, puseram a se encarar, acariciando os rostos do outro, como se isso fosse capaz de fazer com que o toque ficasse gravado na ponta de seus dedos.
Ela não podia esperar mais. Ela estava aguardando que ele tomasse a iniciativa, mas ele parecia quase abobalhado quando a abraçou de novo, esmagando-a contra si. sorriu, tentando se afastar um pouco para capturar seus lábios, ficando na ponta dos pés.
- Caham – Alguém, na opinião de , muito mal-comido fez um barulho estranho. não se importou e continuou a abraçá-la enquanto ela continuava tentando alcançar seus lábios – Senhorita? Essas malas são suas?
O encantamento se quebrou. sorriu de lado pra ela, deixando apenas uma mão sobre sua cintura, agradecendo ao segurança, tomando-lhe o carrinho com as malas. ainda tentou tirar as malas dele e empurrá-las por si própria, mas ela apenas conseguiu arrancar risadas do segurança, que ninguém sabia o que ainda estava fazendo ali, ao invés de... Dar segurança ao aeroporto.
- Se ele é inglês, senhorita, ele não vai permitir que a senhoria nem ao menos chegue perto das suas malas. – O segurança ainda disse, antes de sumir para sabe-se lá onde.
sorriu docemente para a cara de indignação que ela fazia.
- Ele tem razão, sabe?
Ao ouvir a voz dele, ela se esqueceu que queria carregar suas malas e voltou a ficar na ponta dos pés, mas ela apenas sentiu a mão dele sobre a dela, puxando-a para fora do aeroporto.
O medo a assolou, deixando-a meio aerea. Ela não estava acompanhando o quão fofo ele estava sendo com ela, guardando sua mala e abrindo a porta do carona para que ela se sentasse porque ela estava tão perdida em pensamentos que não conseguia ver.
Ela pensava que ele não queria beijá-la. Que ela não era tão bonita quanto ele esperava que ela fosse. Ele só a trataria bem enquanto ela estivesse ali e quando ela voltasse à Austrália, nunca mais saberia dele. Ela desejava voltar pra casa agora.
Mesmo assim, quando ela se viu sentada no banco do carona e ele sorrindo-lhe da porta que estava fechando pra ele, ela piscou, meio entorpecida, tentando entender o que se passava na cabeça dele. Ele estava tratando-a bem demais pra... Não querer beijá-la.
- Tem algo errado? – Ele perguntou, assim que ligou o carro. Ele havia percebido que ela estava aerea.
estava com medo. A garota não havia dito uma palavra desde que chegara. Será que ela havia se arrependido? Devia ter algo realmente errado com ele, mas não eram os dentes; Ele havia escovado tantas vezes que deviam estar reluzindo e ainda havia chupado tantas balas de morango que seu estomago queria se jogar de um precipício. Não, definitivamente, não tinha nada errado com a boca dele.
Ela mordeu o lábio com a pergunta e o tom realmente preocupado da voz dele e sorriu, negando com a cabeça, fazendo-o suspirar aliviado. Talvez não tivesse nada errado com nenhum dos dois, afinal, talvez apenas estivessem igualmente nervosos com o encontro mais que planejado.
- Talvez seja o frio – Ele pensou, em voz alta, parando em um sinal vermelho. – Hum, você está com frio? – Corrigiu-se, corando.
Ela percebeu o nervosismo dele e sorriu mais ainda, quase jogando fora a teoria não-ser-bonita-o-suficiente e sentindo-se mais segura.
- Um pouco – Respondeu.
Ele pareceu feliz em conseguir algo pra ela, se contorcendo sem tirar os olhos da rua, tirou uma sacola de papel de trás do banco e entregou a ela.
- Trouxe um casaco da minha irmã pra você – Ele disse – Fiquei pensando que você não conseguiria um realmente bom na Austrália e tudo mais.
Ela corou e sorriu com a preocupação óbvia dele. Pegou o casaco, abraçando-se a ele para vestir assim que descessem.
- Obrigada – Ela soprou. E em um impulso de coragem, beijou-lhe a bochecha.
Ele sorriu tão lindamente após isso que o coração dela se derreteu, fazendo com que o medo dela sumisse... Mas ele voltou poucos segundos depois quando precisou fazer uma freada mais brusca por um segundo de falta de atenção. Culpa dela, ela sabia, mas isso apenas a fez sorrir (depois que o medo passou).
- Desculpe – Ele disse, voltando a se concentrar. Mas, segundos depois, ela sentiu a mão dele deslizar da marcha para a coxa dela e ela teve que se segurar muito pra não soltar qualquer exclamação que fosse.
- Tu...Tudo bem – Ela gaguejou. Ele sorriu e arriscou subir um pouco mais a mão pela coxa, contentando-se com o suspiro que ela deu logo em seguida.
Alguns minutos depois disso, ele estacionou.
- Espero que você não esteja muito cansada da viagem – Ele disse. – Porque eu quero mesmo te levar em um lugar antes de irmos pra casa.
Ela olhou pela janela, atrás dele, avistando o tâmisa. Certo, ele queria que ela bancasse a turista antes de ir pra casa dormir. Ela podia fazer isso, mesmo estando realmente frio.
- Bom, então vamos à esse tal lugar aí que você quer me levar – Ela disse.
sorriu, apenas sorriu, antes de sair do carro e dar a volta nele para ajudá-la a sair. Ele também insistiu que ela vestisse o casaco da irmã dele – E ela teve que confessar que ele era infinitamente mais quentinho – e acabou ajudando-a a passá-lo pelos braços antes de enlaçar a mão na dela e sorrir bobamente, arrastando-a para um de seus pontos turísticos favoritos na cidade: O London Eye.
Até então ela não tinha percebido pra onde eles estavam indo, apenas havia visto que estavam à margem do Tâmisa. ficou infinitamente mais empolgada ao ver a tal da roda gigante de Londres. E talvez devamos dizer que ela também ficou muito empolgada quando a abraçou por tras, pra esperar a vez deles na fila.
Ela sentia as mãos dele em sua barriga, alisando-a levemente e seu hálito deliciosamente quente em sua orelha. Céus, ela não se arrependeria de nenhum dólar gasto naquela viagem se ela tivesse um pouco mais disso, só um pouco mais.
- Vem? – Ele chamou-a a entrar na grande bolha da roda gigante com um sorriso. Ela concordou com a cabeça e ele logo posicionou-se a uma janela, olhando a vista.
Sorrindo, enquanto começava a surgir, ela encarou o vidro oposto ao dele, admirando a cidade que havia visto do alto quando chegou de avião, totalmente encantada. Se as coisas dessem certo, em um ano, talvez fosse sua cidade.
- Londres é linda – Ela sussurrou, apenas um fato que talvez não precisasse ser dito.
, atrás dela, riu. Ela olhou pra ele, com uma resposta pronta pro caso dele retrucar, mas ele apenas sorria pra ela, dando um passo à frente.
- Não. – Ele disse – Você é linda.
E com mais um passo, ele cruzou a cabine. Ele abraçou-a pela cintura e encostou os lábios docemente nos dela, que soltou um grunhido, envolvendo seu pescoço, ficando na ponta dos pés. Era pra ser mais voraz que foi, mas foi apenas doce. Doce pela espera, doce pelo sentimento.
Mais tarde, naquele mesmo dia, ela perguntou à ele o porquê ele havia rido. Ele apenas respondeu que traçara exatamente aquela cena na sua cabeça durante o último ano.
Ele sabia que seria a única maneira do natal dos dois ser perfeito.


N/A: Tae, eu não ia escrever nada esse ano, mas a história simplesmente saiu linda e eu adorei :)







+3 comentários
Kariny
177.139.71.161
Enviado em 24/12/2014 as 7:40 pm
ai que lindo <3

Selecionar comentário Mandy
amcapide@hotmail.com
177.138.168.168
Enviado em 30/10/2014 as 2:02 am
Gente que coisa mais linda :'''
Super apoio uma continuação <3

Selecionar comentário nathy_abreu
nathy.abreu@hotmail.com
201.43.255.218
Enviado em 03/05/2014 as 12:43 am
ai, que fofura, e eu sou a primeira a comentar, mas aiiiiiiiiii que coisa mais lindinha, queria continuação, dela voltando e casando com ele ?